Ainda outro dia estava comentando com um amigo como o Rambo, o personagem dos filmes, é distante do Rambo, o ícone da cultura pop. Quando alguém fala que vai agir como o Rambo, provavelmente significa que vai sair em modo berserk. Popularmente, Rambo é o herói de ação quintessencial. E ele na maioria dos filmes está muito distante disso. Ele não é um herói, é um ex-soldado com PTSD. Um bom filme do Rambo não é um testosterona total, mas um drama com desenvolvimento de personagens. Bora ler nossa crítica Rambo Até o Fim?

CRÍTICA RAMBO ATÉ O FIM

No início de Rambo: Até o Fim, John está vivendo uma vida tranquila, morando com uma senhora e uma adolescente hispânicas. A menina, Gabriela, foi abandonada pelo pai após a morte da mãe e desde então foi criada por John e pela tia. Mas por que o papai abandonou ela? Com certeza ele teve algum motivo, não? Pois para tentar descobrir, Gabi vai visitar o pai no México, indo contra os conselhos da tia e do seu Silvestre.

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O seu Silvestre gosta de chapéus.

Preciso dizer o que acontece? É óbvio que a garota vai se meter em altas confusões, sendo raptada por um círculo de prostituição. É hora de John ir até o México para resolver o problema. Civilizadamente, claro.

Crítica Rambo Até o Fim, Rambo Até o Fim, Delfos, Sylvester StalloneE aqui eu reitero o que falei no início da resenha: Rambo: Até o Fim não é um filme de ação, mas um drama. Assim, embora ele tenha uma sinopse praticamente igual à de Busca Implacável, e também seja protagonizado por um sujeito com habilidades muito específicas, não espere explosões a rodo.

Há cenas de porradaria e tiros – e vou elaborar mais sobre elas em breve – no entanto o foco é mais na investigação e no desenvolvimento de personagens. Inclusive, a história dá uma virada bem dark em determinado momento que muito me surpreendeu. É algo que faz todo o sentido em um drama, mas ficaria fora de lugar em um testosterona total descompromissado, como Busca Implacável.

EU SEI QUÃO PRETO O CORAÇÃO DE UM HOMEM PODE SER

O que achei bem curioso é quão genérica a história é. Como já falei, ela parte da mesma exata premissa de Busca Implacável, e poderia muito bem ser protagonizada por qualquer personagem. É um filme totalmente independente dos Rambos anteriores, a ponto de eu não duvidar que o roteiro tenha sido escrito por Matthew Cirulnick e, ao ser adquirido pelo Stallone, este fez as adaptações necessárias para que fosse um filme do Rambo. Mas isso é especulação minha, claro.

Inclusive, como um filme que tem como objetivo encerrar uma das franquias mais antigas do cinema ainda em atividade, Até o Fim é incrivelmente despretensioso. Trata-se de um filme bacana, independente e que sequer chega aos 90 minutos de duração. Não fosse por uma montagem durante os créditos com cenas dos filmes anteriores, a única relação seria o nome do protagonista.

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Mas ele tem claramente uma preferência de modelo para seus chapéus.

O principal ponto, no entanto, é que ele funciona muito bem. Apesar de ser bastante curto, o tempo voa. Durante a sessão, eu cheguei a olhar o relógio, e me surpreendi quando vi que o filme já estava acabando. E tudo culmina em um clímax cuja melhor forma de descrever é com a palavra “sensacional”.

UM CLÍMAX SENSACIONAL

A cena final de Rambo: Até o Fim é provavelmente a conclusão mais empolgante que eu vi este ano. Você pode descrevê-la como uma cena de ação, mas isso não seria apropriado. Talvez uma forma melhor seria “ação com cérebro”.

Isso porque não é uma daquelas cenas dignas do Rambo da cultura pop, em que o Stallone fica atirando com uma metralhadora matando dúzias de vilões enquanto grita. É, sim, uma que desenvolve muito bem o personagem como um ex-soldado, habilidoso e inteligente.

Não é uma luta, é um massacre. Praticamente um tower defense, em que ele prepara completamente cada centímetro do espaço e depois executa seu plano perfeitamente. É lindo de ver. É quase como se John Rambo fosse um daqueles tradicionais monstros de filmes slasher, mas ao invés de ele matar adolescentes bonitos, está exterminando bandidos cruéis.

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Ele só não usa chapéus dentro de casa. Afinal, ele é um soldado com PTSD, não um selvagem.

Outra comparação que faz sentido é com o clímax de Esqueceram de Mim. Substitua um moleque sapeca por um soldado pintudo, mas a ideia é basicamente a mesma. E ainda mais legal.

No final das contas, quando Rambo: Até o Fim terminou, eu queria mais. Podia ser um filme mais longo ou mesmo mais filmes do personagem. Admito que eu não sou exatamente um grande fã da série, mas Até o Fim me conquistou. E fez isso sendo uma obra digna do Rambo personagem dos filmes, não do Rambo herói de ação da cultura pop.