Pagan Throne – Swords of Blood

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Dizem que a gente nunca deve julgar um livro pela capa. Mas no caso de bandas de metal, muitas vezes você acaba julgando uma banda pelo seu logotipo, e acaba tendo uma ideia totalmente errada dela.

O Pagan Throne é uma banda carioca que está na ativa desde 1998, quando eles ainda se chamavam Bloodythiirsty (eles mudaram de nome em 2004). Apesar de toda a sua estrada, confesso que nunca tinha ouvido falar do grupo e quando olhei seu nome e logotipo pela primeira vez, logo imaginei que se tratasse de uma banda de folk metal e fiquei bastante cético quanto ao som deles.

Minha história com o folk metal é um tanto complicada: bandas como Turisas, Ensiferum e Týr estão entre as minhas favoritas de todos os tempos, mas bandas com uma pegada mais “floresta e flautinha”, como Heidevolk e Falkenbach eu tenho que ouvir apenas em doses extremamente homeopáticas, pois acho bastante enjoativo. E vamos combinar que um nome como “pagan throne” no meio de uma árvore remete exatamente a este tipo de música.

“Então por que raios você pegou o disco?”, pergunta o delfonauta curioso. Eu poderia falar que era porque queria “expandir meus horizontes” ou “estava em busca de desafios”, mas isto seria balela. Eu escolhi este álbum por causa da capa aí do lado mesmo. Ora vai me dizer que esta capa também não te dá vontade de sair por aí com uma espada gritando “pela Horda!” e estraçalhar os engomadinhos da Aliança? Quer motivo melhor do que este?

Mas chega de enrolação e vamos finalmente ao disco.

FOR THE HORDE!

O disco começa com a instrumental Invasion, uma épica introdução que consiste em um som de teclado crescente e sons de espada e cavalos ao fundo. É uma maneira incomum de começar um álbum de folk metal, mas ainda assim deixei passar.

Então surge a faixa-título, Swords of Blood, que começa com uns riffs macabros e um grito que parece ter sido dado por um orc. Neste momento, a ficha caiu: o Pagan Throne não é uma banda de folk metal, mas sim de “black metal épico”, mais ou menos na mesma linha do Immortal e do Emperor. E este tipo de som é a minha praia. Só que ainda na primeira música, você percebe que não é só isso.

Os caras do Pagan Throne não são nem um pouco puristas e embora o black seja o estilo predominante do álbum, eles adicionam elementos como vocais limpos em que o cara fala ritmicamente ao invés de cantar e guitarras virtuosas cheias de solos fritados e cavalgantes que podem não ser lá muito comuns no black metal, mas sem dúvida não ficariam deslocados em outras modalidades de metal, como o tradicional, o thrash e o power. Você pode ouvir a faixa apertando o play aí embaixo.

O disco segue com Rites of War, por enquanto a única faixa a ganhar um clipe, onde todos os integrantes da banda estão cobertos com o sangue de mil paladinos.

Embora eu tenha achado essas duas músicas bacanas, eu ainda não tinha me conectado ao disco. Sabe, sentir aquela empatia, aquela vontade de cantar junto e ouvir as músicas repetidamente. Mas as coisas melhoram da faixa Fallen Heroes em diante. Esta tem uma das bridges mais legais do disco, com um tecladinho harmônico, que é como bacon sonoro para mim.

Nothern Forests é um épico negro de nove minutos e uma das músicas que eu mais gostei. Ela tem aquele estilão atmosférico do Summoning, cujo teclado faz esquecer da vida e se imaginar perdido em uma floresta negra e chuvosa (tem até um barulhinho de chuva para ajudar a imersão). Provavelmente ela faz muito sucesso nas rádios de Dol Guldur.

Beast of the Sea é outra bem legal e começa com uma gaita de fole mandando ver. E não é que fim das contas, temos mesmo um pouco de folk neste disco?

Mas a faixa que eu mais curti foi Kingdom Rises. Esta apresenta todos os elementos que fazem a fórmula não muito tradicional do Pagan Throne dar certo (além de um coro lírico muito bom). Pra mim, esta é a música que mais representa o disco e a banda.

Ainda tem a instrumental Dark Temples e a agressiva Path of Shadows, que são legais, mas não tiveram o mesmo impacto das faixas acima. E para fechar, temos Pagan Heart (Acoustic Version), uma versão da faixa-título do EP de 2013, em que os caras mostram que eles também são bons em fazer música acústica.

Para mim, Swords of Blood é um álbum bastante especial. Eu pensei em dar uma nota um pouco mais baixa da primeira que o ouvi, mas ele foi me ganhando cada vez mais nas audições subsequentes. Talvez não te pegue de primeira, mas dê uma segunda chance e provavelmente você vai apreciá-lo tanto quanto eu.

CURIOSIDADES:

– O disco é produzido por Eddie Torres, o baixista da banda.

– Os caras do Pagan Throne são tão legais que disponibilizaram o disco Swords of Blood na íntegra em seu canal do Youtube. E como nós aqui do DELFOS também somos legais, colocamos ele aí embaixo.

REVER GERAL
Nota
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Lucas Fernandes Corrêa
Lucas Fernandes Corrêa teve seu senso crítico forjado por games, HQs de super-herói e bandas de metal épicas que quase ninguém conhece. Para ele, quanto mais exagerado, prepotente, pomposo e gloriosamente ridículo for algo, melhor e mais divertido.
pagan-throne-swords-of-bloodAno: 2015<br> Gênero: Black Metal<br> Duração: 48:10<br> Artista: Pagan Throne<br> Número de Faixas: 10<br> Produtor: Eddie Torres<br> Gravadora: Eternal Hatred Records<br>