Degola – Tormenta

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Apesar de me considerar um apreciador da boa música em geral, não há nada que me deixe mais alegre do que o bom e velho Thrash Metal. Sim, o estilo marginal que você nunca vai escutar em um comercial de margarinas no intervalo do Jornal Nacional. O que as pessoas da sala de jantar convencionalmente qualificam como barulho, gritaria, etc.

Todo este papo mais para lá do que para cá só serve para explicar minha felicidade ao conferir o disco Tormenta, da banda Degola. Degola é uma banda nacional, com som autoral, letras cantadas em português e comprometida com a barulheira de alta qualidade.

Admiro a banda por abraçar o Metal Thrashing Mad em um país como o Brasil – considerando as dificuldades de empreender neste estilo quando os grandes veículos de comunicação tendem a ignorá-lo quando seu nome não é Metallica, Slayer, Megadeth ou Anthrax – e entregaram um trabalho consistente, com identidade própria e muito bem produzido.

Compartilhar as minhas impressões sobre o Tormenta aqui no DELFOS é um privilégio. O álbum cumpre os pré-requisitos de um bom trabalho de Thrash e a intensidade das oito músicas está sintetizada na tríade Mais Pesado, Mais Rápido, Mais Agressivo (nome da terceira faixa do álbum).

Se o peso, a rapidez a e agressividade constituem uma espécie de triforce da cartilha básica thrasher, o conteúdo lírico também está afinado com o estilo. Afinal de contas, não há lugar para pôneis e unicórnios aqui. O negócio é demônio, discórdia, catástrofe e destruição! Ainda há espaço para os riffs brutais e excelentes solos de guitarra ao longo do álbum. O que mais me agradou ficou por conta da faixa de nome convidativo: Vejo Você no Inferno.

O mais instigante sobre o trabalho é: apesar de seguir a cartilha do sub-gênero norte-americano, há uma brasilidade que permite a comparação imediata com grandes nomes da porradaria nacional. O som produzido pelo Degola lembra em muito o Sepultura da época Beneath The Remains, Arise e Chaos AD, e outros nomes nacionais como o Torture Squad, combinados aos vocais agressivos um pouco mais próximos do Punk/Hardcore praticado por bandas como Ratos de Porão e o Oitão.

A única crítica “negativa” relacionada ao conjunto da obra é o fato de ela ser um pouco unidimensional, o que não é algo ruim dentro da proposta da banda. Entretanto, senti que boa parte dos esforços em fazer algo “fora da caixa” estiveram majoritariamente concentrados nas faixas Eu sou a Peste e Aqui o Tempo Todo (as melhores do álbum, ao meu ver).

Em geral, trata-se de um álbum que certamente agradará aos amantes do Thrash e um disco que merece respeito dentro do cenário metálico nacional. Espero ter a oportunidade de escutar novos trabalhos em breve e desejo coisas grandes para o futuro do Degola.