Os melhores shows de 2011

0

Mais um ano acabou e mais uma lista polêmica está no ar aqui no DELFOS!

2011, assim como 2010, também foi um ano bastante prolífico em termos de shows no Brasil. Fazendo um exercício mental rápido, tivemos Dark Funeral, MaYan, Symphony X, Helloween e Stratovarius, Children Of Bodom, Cannibal Corpse, festival SWU (com Megadeth, Alice In Chains, Stone Temple Pilots, Faith No More, entre outros), Testament, Machine Head, Sepultura, Sirenia, Paramore, D.R.I, Judas Priest e Whitesnake, Roxette, Virgin Steele, UDO, Tyr, Tarja Turunen, Rock In Rio 4 (com Metallica, Red Hot Chili Peppers, Slipknot, Motörhead, System Of a Down e outros), Slayer, Nuclear Assault, Saxon, Mötley Crüe, Satyricon, Ringo Starr, Poisonblack, Pearl Jam, Pain Of Salvation, Ozzy Osbourne, Misfits, Jethro Tull, Immortal… ufa, ok, eu assumo, não lembrei de todos esses nomes de cabeça e dei uma pesquisada, mas o que importa é que foi um belo ano para os apreciadores do bom e velho Rock’n’Roll, em todas as suas vertentes.

Então é isso, amiguinho, relaxe aí na cadeira e boa leitura! E se você não concordar com a minha lista, não tem problema, o espaço dos comentários lá embaixo é todo seu!

5º – PEARL JAM

Quando e onde: São Paulo em três e quatro de novembro

Eu não sou um grande conhecedor do Pearl Jam! Gosto bastante do álbum Ten e de uma ou outra música dos demais discos. (I Am Mine e Rearview Mirror são as que me vêm na cabeça agora, mas devo gostar de outras.

Mas quando uma banda realmente pensa nos seus fãs e trabalha para eles – como o bom e velho Kiss ensinou – ela deve ser valorizada e, por isso, os maiores representantes do grunge em atividade ininterrupta figuram aqui como um show obrigatório de se ver e uma das minhas grandes experiências em 2011.

O segredo do Pearl Jam é nunca repetir um setlist e isso significa NUNCA MESMO. Cada apresentação é uma experiência única, com seu repertório de músicas próprias e covers de nomes que eles admiram, como Neil Young e Ramones, sempre dentro da competência e entusiasmo geral dos caras em cima do palco. Essa sensação de “o que será que eles vão tocar agora?” é rara por aí e muito, muito legal.

Eddie Vedder e seus companheiros, apesar da aparência sisuda, sabem mesmo como se divertir lá em cima e, por tabela, fazem a alegria de milhares de fãs todas as noites. Claro que uma Jeremy da vida acaba presente em 90% dos setlists, mas a banda dosa bem as coisas em apresentações longas (na medida para agradar todo mundo, sem ser cansativo), combinando clássicos com músicas antigas mais obscuras e uma ou outra coisa nova, para agradar tanto o expectador casual quanto o fanático.

Um grande exemplo para os novatos e também para veteranos.

4º – SLIPKNOT

Quando e onde: Rock In Rio em 25 de setembro

Uma das coisas mais legais de se ir a um festival é que você pode acabar sendo surpreendido por uma banda que mal conhece. Esse foi mais ou menos o meu caso com o Slipknot no Rock In Rio.

Estive presente na noite do dia 25 de setembro para assistir exclusivamente ao Metallica, mas de quebra – e já que estava por ali mesmo – também me dispus a ver outras coisas que curto: Sepultura, Angra e Motörhead, aproveitando as brechas entre os shows para comer alguma coisa, bater papo, passear nas barraquinhas de merchandising, talvez saltar na tirolesa e por aí afora.

Qual não foi minha surpresa ao me deparar com um show absolutamente hipnotizante dos estadunidenses? Ainda não me decidi se eles tocam Nu-Metal ou Thrash, mas, cara, como aquilo é pesado e tremendão!

Era impossível ficar parado durante as músicas! Uma porrada atrás da outra além de um show à parte dos integrantes, que pulavam no público de alturas absurdas, com um monte de pirotecnia e efeitos com luzes. Uau! Esses caras sabem mesmo controlar um público com muito carisma e presença de palco. Novamente – e assim como o Rammstein ano passado – temos mais um exemplo de bom trabalho de marketing em prol da experiência única. Titio Gene Simmons deve estar orgulhoso de suas crias!

Não que eu tenha me tornado um fã do trabalho da banda de uma hora para outra. Para falar a verdade, continuo achando que eles funcionam muito bem apenas em cima dos palcos e não ouvindo CDs no carro (ei, é a minha opinião, ok?). Mas ali, naquele dia, eles realmente superaram as minhas expectativas e carimbaram o ingresso para o Top 5.

3º – JUDAS PRIEST

Quando e onde: São Paulo em 10 de setembro

Os últimos shows do Judas Priest no Brasil: em 2005, na turnê do álbum Angel Of Retribution e 2008, com o Nostradamus, não foram exatamente exemplos de boa performance por parte de Rob Halford. Sou muito fã do Metal God, sem dúvida uma das vozes mais importantes e características do Rock há quase 40 anos, mas naquelas apresentações ele dividiu a opinião dos fãs com presença de palco tímida e falta de alcance em muitas notas.

Rob parecia realmente cansado (alguns diziam até doente) e, na altura dos seus quase 60 anos, poucos acreditavam que ainda teria tempo e fôlego de dar a volta por cima.

O lançamento do ótimo Made In Metal e os shows de sua banda solo ano passado, no entanto, mostraram que Halford ainda tem muita lenha para queimar e acabou entrando no meu Top 5, mas faltava o retorno triunfal em frente à sua banda principal.

Bom, agora não falta mais! Após um período conturbado na carreira do Judas, onde o guitarrista e fundador, K.K. Downing puxou o carro por diferenças profissionais (ele queria uma única turnê de despedida. O resto da banda decidiu seguir em frente) e foi substituído por Richie Faulkner, ex-integrante do fraco grupo de Lauren Harris, filha de você-sabe-quem.

Mas naquela noite em São Paulo, todos os problemas foram deixados para trás. O que se viu foi uma banda madura, coesa, fazendo jus aos seus maravilhosos anos de carreira, e principalmente, Rob Halford. Ah, amigão, como ele cantou! Parecia um jovem de 25 anos com a platéia nas mãos, clássico após clássico (optaram por um setlist apenas de hinos como Starbreaker). O negócio virou até uma covardia com David Coverdale e seu Whitesnake, que abriram os shows e também mandaram muito bem.

Claro que K.K fez falta, especialmente por ser também símbolo da filosofia “hell bent for leather”, mas Riche correspondeu às expectativas fazendo uma boa dupla com o mago Glenn Tipton, em minha opinião um dos maiores guitarristas e compositores da história do Heavy Metal (ouça o seu primeiro álbum solo, Baptizm Of Fire que vale muito a pena!).

Que os Deuses do Metal deixem definitivamente os problemas de lado e sigam sempre pelo caminho da competência e profissionalismo! Os fãs agradecem!

2º – MÖTLEY CRÜE

Quando e onde: São Paulo em 17 de maio

Tá aí, esse era um show que eu estava com uma baita expectativa na véspera, e isso nunca é um bom sinal. A chance de você se decepcionar é imensa, especialmente com todo o histórico de polêmicas que cerca a banda. Mas pô, era a primeira vez no Brasil! Não tinha como não ficar ansioso.

Para piorar a situação, no ano passado quando Vince Neil fez uma apresentação solo por aqui, além de cantar poucas músicas (o show inteiro, contando com o bis, teve uns 40 minutos), ele subiu completamente bêbado no palco e mal conseguia cantar as próprias letras que compôs ao longo da carreira!

Se um Vince sozinho já poderia acabar com toda expectativa, o que dirá do resto da banda, formada pelo bêbado já mencionado, dois drogados (Tommy e Nikki) e o último músico (Mick), portador de uma doença óssea degenerativa que faz com que ele mal consiga se mexer. A chance de um desastre total era iminente, mas mesmo assim, lá no fundo, eu tinha esperança de que aquela seria uma noite especial!

E, meu amigo, como foi especial ver o Mötley Crüe tocando com muita garra e energia para um público simplesmente épico! A sintonia entre banda e platéia se deu logo na abertura com Wild Side, e foi assim até o final com todos (incluindo este que vos escreve) cantando as letras a plenos pulmões.

Lembro de virar para o Corrales (sim, ele também estava lá!) em determinado momento e reafirmar como aquele show estava sendo legal! Para melhorar a experiência, a banda estava em turnê apenas comemorando os 30 anos de existência, então nada de músicas duvidosas, apenas um clássico atrás do outro, 15 no total, arrancando sorrisos de todo mundo ali presente! Aliás, afirmo mais, a inevitável Home Sweet Home foi o momento “balada” mais bonito que já presenciei em todos os shows na minha vida!

Sei lá se os integrantes do Mötley estavam bêbados, drogados, brigados entre si ou quase morrendo naquela noite, mas eles não pararam de agitar um minuto e levaram todas as músicas na perfeição que gostaríamos de ouvir. Talvez já tenham se acostumado à vida de excessos e sabem separar as coisas em cima dos palcos! Vai saber!

Sobre Mick Mars, apenas uma última consideração: antes do show eu comentei com o Corrales que ele era o único que segurava o lado musical dos caras, mas estava preocupado com seu estado de saúde e a real capacidade de ainda tocar alguma coisa! Temia até um playback cara de pau. Bom, posso dizer sem medo que ele calou a minha boca da melhor maneira possível!

1º – METALLICA

Quando e onde: Rock in Rio em 25 de setembro

Sim, aqui estão eles novamente, como bicampeões das temporadas 2010 e 2011.

Quando o Rock In Rio anunciou no final de 2010 o Metallica como sua atração principal na noite Metal, torci o nariz porque isso me faria, obrigatoriamente, sair do conforto de minha cidade para assistir à apresentação em um festival que – até aquele momento – não interessava nem um pouco.

Infelizmente, desta vez não fui sorteado para o Meet & Greet pelo Metclub, fã-clube oficial da banda e, sem a pista vip, eu não faria grandes esforços para chegar à grade. Preferi adotar a postura de assistir ao show lá de trás mesmo, no sossego, curtindo cada música de um setlist misterioso, como sempre. Até porque viraria aquela madrugada de domingo pra segunda pegando o vôo cedinho de volta a São Paulo e emendando direto com meu trabalho, sem as horinhas preciosas de sono.

Pensei comigo mesmo que aquele show não poderia ser melhor que a maravilha que pude assistir em 2010. Mas, cara, como eu estava errado!

Na verdade, acho difícil dizer que o show foi melhor ou pior que os de 2010. Ele foi apenas diferente e mesmo o erro de James na execução da parte rápida de Fade To Black (a distorção da guitarra falhou) acabou se tornando mais um momento descontraído e histórico na carreira de quem não precisa provar mais nada para ninguém.

A banda mais uma vez deu um show de profissionalismo, competência e carinho com os fãs. James já não fala palavrões. Prefere disparar mensagens positivas ao público: “Como vocês se sentem estando vivos?” virou um novo lema no lugar do “Metal na sua bunda” de 30 anos atrás. Aqueles caras cresceram, amadureceram, passaram por dificuldades, superaram perdas, mas continuam mostrando porque o Heavy Metal é um estilo verdadeiramente apaixonante.

Impossível não olhar para os lados e perceber a cara de alegria de todos que estavam ali. Desde crianças com 10 anos até cinqüentões e, sério, quando sua esposa te passa um torpedo às três da manhã de domingo para vibrar pela banda estar tocando Orion pela primeira vez no Brasil, você sente que se casou com a pessoa certa e que aquele é mais um momento especial para levar pra vida! 😉

MENÇÃO HORROROSA – O PIOR DO ANO: ANGRA

Quando e onde: Rock in Rio em 25 de setembro

Tá bom, eu sei que parece mania de perseguição e confesso que minha primeira opção para este campo seria o decepcionante show do Ozzy no começo do ano, mas depois dos últimos acontecimentos na novela que virou um dos nomes mais conhecidos e importantes do Heavy nacional, não deu para ficar quieto e até escrevi um texto sobre o assunto.

Não vou me estender tanto de novo, até porque você também deve ter acompanhado bem todos os acontecimentos, mas vamos resumir: eu gosto bastante do Angra. Juro! O problema é que parece que alguns dos próprios integrantes da banda não se gostam e o que eles fizeram no Rock In Rio e meses subseqüentes foi muito, mas muito feio mesmo!

Ok, eles podem mesmo ter enfrentando problemas técnicos com a mesa de som, como o guitarrista Kiko Loureiro declarou recentemente. Isso justificaria uma equalização ruim dos instrumentos, mas o que foi aquele Edu Falaschi cantando praticamente o show inteiro desafinado? Mas não era aquela desafinação que o fã nem percebe, era uma coisa feia, ridícula. Chegou ao ponto de ficarmos com cara de vergonha alheia e o público ensaiar uma vaia!

Olha, isso tudo me lembra um show do Stratovarius que presenciei no final dos anos 90, na turnê do álbum Destiny. Não lembro nem o nome da casa onde foi realizado, mas era daqueles bares de pagode longe pra caramba que viram reduto do Metal por uma única noite. A questão é que em determinado momento acabou a luz no local. Se a minha memória não falha, foi justamente na noite do famoso apagão que pegou 70% do país em 1999, mas não posso afirmar isso e a internet também não ajudou a relembrar a coincidência.

Mas enfim, o que importa é que acabou a luz no meio da apresentação dos caras e a casa não tinha geradores. Para não deixar o público na mão, colocaram velas e banquinhos no palco, Timo Tolkki pegou um violão e guitarrista e vocalista improvisaram um set acústico. Foi uma das coisas mais bonitas que vivenciei em toda minha vida e o Kotipelto deu uma aula de técnica vocal com sua voz ressonando por todo ambiente, sem microfone, retorno, computador, nem nada. Apenas os dois Timos e seus fãs! Um exemplo de profissionalismo quando tudo dá errado.

Voltando ao Angra e aqueles xingamentos no Twitter dias depois? E a carta do vocalista assumindo que mandou mal mesmo, mas na seqüência ofendendo os fãs brasileiros em um vídeo porque não foram na apresentação da outra banda dele? Cara, foram tantas coisas ruins e negativas para a carreira em um mesmo ano que não deu, os caras ganharam meu prêmio de piores do ano pelo conjunto da obra e apenas lamento por tudo que eles representam à música brasileira.

Já tive o prazer de testemunhar apresentações históricas deles e torço MUITO para que eles deixem o blá-blá-blá de lado e voltem ao lugar de onde nunca deveriam ter saído! Ah sim, e arrumem uma boa assessoria de imprensa, porque a situação está difícil na comunicação com os veículos.

D&D – DECEPÇÃO DELFIANA: ROCK IN RIO 4

Quando e onde: Rio de Janeiro entre os dias 23 de setembro e dois de outubro

Verdade seja dita, todos sabem que é muito difícil organizar um festival de música, independente de onde for e de qual estilo irá seguir.

Mas poxa, se a terceira edição do Rock In Rio em 2001 já tinha sido uma piada em termos de escalação musical, essa quarta complementou a falta de bom senso do produtor Roberto Medina e sua equipe.

Eu até entendo que, desde o primeirão lá em 1985, o Rock In Rio – apesar do nome –não é um festival voltado exclusivamente para este gênero musical como as escalações anteriores bem demonstraram: Ozzy, Queen, AC/DC, Scorpions, Iron Maiden, Judas Priest, Guns ‘n’ Roses (quando ainda eram uma banda), George Benson, The B-52’s, Yes, Whitesnake, Prince, INXS, Santana, Billy Idol, Faith No More, Queensrÿche, A-HA e até George Michael, grandes nomes, desde o Pop até o Heavy Metal.

Eu estive no Rio e, legal, a estrutura do lugar era muito boa, a qualidade do som estava ótima, o espaço foi bem organizado, a venda de ingressos ocorreu sem problemas, mas o que “faz” um bom festival são os nomes de peso que carrega, FATO.

Aí estamos em 2011, justo no retorno do dito cujo ao Brasil após edições bem sucedidas em Lisboa e Madri e que nomes internacionais de peso tivemos? Metallica, System Of a Down e Red Hot Chili Peppers? Nem da música Pop vi algum destaque, com exceção do Elton John que, para piorar, fez um show pra lá de burocrático. Ok, você até pode dizer que Shakira, Rihanna e Katy Perry têm lá sua importância entre as adolescentes, mas a qualidade do cast ficou muito a dever, sim, para as versões anteriores, em especial as européias. Infelizmente!

Para piorar, o festival SWU que ocorreu menos de um mês depois, trouxe Lynyrd Skynyrd, Stone Temple Pilots, Alice In Chains, Chris Cornell (uma pena que sem o Soundgarden), Megadeth, Faith No More, Black Eyed Peas (não gosto deles, mas representam melhor o Pop do que Rihanna), Snoop Dogg, Down, Sonic Youth, Primus, Zé Ramalho, Ultraje a Rigor e Peter Gabriel. Um line-up muito mais competente e variado que o próprio Rock In Rio, pô. Se não fosse pelo Metallica, eu com certeza teria escolhido viajar ao outro festival.

E a cobertura do Multishow, hein? Aqueles globais bêbados dando declarações esdrúxulas! O que foi aquilo? Não deu! Esse Rock In Rio foi um fiasco total, salvo em parte apenas pela boa noite do Deus Metal!

E semana que vem… GAMES!

Galeria