O melhor do metal em 2013

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Mais um ano passou, e assim como a Globo sempre faz o Especial do Roberto Carlos, nós aqui do DELFOS fazemos os nossos próprios especiais.

E ao contrário da empresa do plim-plim, que faz os especiais sempre da mesma forma, eu resolvi mudar um pouco a fórmula do nosso especial de Melhores Discos de Metal do Ano.

Diferente dos anos anteriores, em que o redator escolhia apenas cinco álbuns e os classificava, eu resolvi escolher o melhor álbum de cada estilo. Desta forma, pude abranger as mais variadas vertentes sem ter a sensação de injustiça com as outras.

Também omiti os clássicos “melhor do ano” e “pior do ano”. O primeiro porque realmente não teve nenhum álbum que se superou acima dos outros, cada um deles se saiu muito bem à sua maneira. Já o segundo eu omiti porque, graças a Odin, não ouvi nada este ano que fosse uma porcaria completa.

Mas chega de enrolação e vamos à lista:

D&D – Decepção Delfiana: GHOST B.C. E O PÚBLICO DO ROCK IN RIO

Eu realmente não gosto do Ghost B. C.. Sei que eles têm uma grande base de fãs ao redor do mundo e que chocam as pessoas aonde quer que passem, mas isto não influência em nada o meu gosto. Acho o som deles extremamente chato, arrastado e sem vida. Eles têm alguns pontos positivos, mas para mim não fazem nada que o Blue Öyster Cult já não tenha feito antes, com uma qualidade bem superior. Porém, mesmo que eu não goste de uma banda, eu tenho um mínimo de respeito pelos caras e pelos seus fãs, da mesma forma que eu tenho por qualquer outra banda, principalmente se ela for iniciante.

Mas como já debatemos antes, o público brasileiro não tem a mínima noção de respeito e isso ficou novamente claro durante a apresentação do Ghost B.C. no Rock in Rio 2013. Desinteressados pelo show, grande parte da plateia praticamente ignorou os suecos no palco e, sempre que podiam, começavam a chamar pelo Metallica e outras bandas e até vaiaram.

Poxa, um festival é composto de várias bandas, de vários estilos, para todos os gostos. É óbvio que nem todas as bandas vão agradar a todos. Eu mesmo já presenciei alguns festivais e sempre que entrava alguma banda que não me agradava, eu simplesmente ia para o bar, para o banheiro ou me encontrava com alguns amigos em um local mais afastado do palco, deixando o local livre para os fãs da banda curtirem o show em paz.

Agora, eu sei que deixar um local privilegiado em um lugar como o Rock In Rio é muito complicado e inconveniente, então o mínimo que se deve fazer nessa situação é fechar a boca e respeitar os músicos e quem está curtindo o show.

E tudo bem que a sonoridade do Ghost é de dar tédio em muita gente, mas eles usaram elementos teatrais no mínimo interessantes, não desafinaram, não tiveram falhas técnicas e, principalmente, não faltaram com respeito ao público. Aliás, eles até tentaram interagir bastante. Ou seja, eles não fizeram nada que merecesse vaias e mesmo assim isso aconteceu. E nada, absolutamente nada, justifica gritar o nome de uma banda durante a apresentação de outra.

Eu realmente cheguei a sentir pena da banda, de seus fãs e até mesmo da falta de noção da maioria dos brasileiros. São atitudes assim que afastam, cada vez mais, as bandas iniciantes e de médio porte do nosso país.

MENÇÃO HONROSA: WOLFCHANT – EMBRACED BY FIRE

Eu amo vocais limpos e potentes. Eu também amo vocais rasgados e harmoniosos. Então por que não juntar os dois estilos? Foi o que o Wolfchant fez, o que resultou em um prato cheio para os amantes de vocais.

Os vocalistas Mario Möginger e Michael Seifert (do Rebellion) mostraram que sabem trabalhar em equipe e fazem alternações sensacionais. Não raro, é possível ouvir os dois cantando ao mesmo tempo e embora isso possa parecer confuso, acaba gerando uma belíssima cacofonia. Quem disse que não há maravilhas em meio ao caos?

O instrumental também não faz feio, e apresenta um power metal límpido e cristalino, com poucos vestígios dos elementos de folk metal do disco anterior.

MELHOR ÁBUM DE FOLK METAL: TÝR – VALKYRJA

Após o esquisito The Lay of Thrym, de 2011, o Týr volta com força total e presenteia o mundo com um dos álbuns mais tremendões de toda a sua carreira.

Valkjrya é empolgante e divertido. Apesar de ser uma banda de folk metal, o Týr sempre flertou com o prog metal, mas aqui isto foi deixado em segundo plano, tornando as músicas menos enroladas. O típico disco para se ouvir com a galera em uma reunião, com todos cantando ao mesmo tempo enquanto batem suas canecas de bebida na mesa, acompanhando a bateria e se banqueteiam de carne mal passada.

Mas a coisa mais legal do disco para mim foi a canção The Lay of Our Love, um belíssimo dueto feito entre o frontman Heri Joensen e a vocalista do Leaves’ Eyes, Liv Kristine. Em minha opinião, esta foi a música mais bonita do ano.

MELHOR ÁLBUM DE DEATH METAL: AMON AMARTH – DECEIVER OF THE GODS

Os outros deuses até tentaram, mas 2013 sem dúvidas foi o ano de Loki, que roubou a cena nas telonas e conquistou fãs ao redor do mundo todo. Mas não foi só no cinema que o deus da trapaça se deu bem, pois este ano os suecos do Amon Amarth lançaram um álbum dedicado ao príncipe das mentiras.

Sólido e consistente, Deceiver of the Gods é um disco bastante prazeroso, com sua musicalidade que transpira poder e macheza e seus refrãos grudentos perfeitos para serem cantados em shows.

Há quem diga que este disco não teve nenhuma evolução se comparado ao Surtur Rising e, embora haja alguma verdade nisso, o Amon Amarth prova que ainda consegue manter a filosofia do “em time que está ganhando não se mexe” sem perder a qualidade e a pintudice.

MELHOR ÁLBUM DE BLACK METAL: CALADAN BROOD – ECHOES OF BATTLE

Eu costumo brincar dizendo que os estadunidenses não sabem fazer metal extremo. De fato, pouquíssimas bandas do país do tio Sam se arriscam a navegar nestes mares, mas eis que surge o Caladan Brood, adentrando as traiçoeiras águas do black metal atmosférico.

Usando de teclados, letras bastante introspectivas, vocais crus e alguns corais, esta banda formada por apenas dois integrantes consegue criar belíssimas harmonias sombrias que te embalam e te fazem sonhar com a dor e o fedor de morte em um campo de batalha medieval.

Em suma, Echoes of Battle é um disco bastante reflexivo e dotado de uma beleza negra envolvente, exatamente como um álbum de metal atmosférico deve ser.

MELHOR ÁLBUM DE POWER METAL: EVERTALE – OF DRAGONS AND ELVES

Imagino que, ao ler o título acima, o delfonauta amante de metal épico tenha pensado, “peraí, cadê o álbum de estreia do Gloryhammer?”

Pois é, amigo delfonauta, eu também achava que o projeto paralelo de Cristopher Bowes ia levar o título de álbum mais épico de 2013. E quando eu estava prestes a entregar aos metaleiros cosplayers o troféu, eis que surge, literalmente aos 45 do segundo tempo, um concorrente de peso para os fanfarrões: Of Dragons and Elves, o álbum de estreia da banda alemã Evertale, lançado no dia 21 de dezembro de 2013.

“Bombástico” é a palavra que define este disco. Com uma sonoridade que lembra muito os grandes nomes do metal alemão, como Gamma Ray, Iron Savior, e, principalmente, Blind Guardian (além de um pouquinho de Rhapsody), o disco é empolgação pura do começo ao fim. Todas as 14 faixas aqui transbordam energia e carisma, fazendo você berrar os refrãos a plenos pulmões com os punhos erguidos para o alto, em especial a abertura In the Sign of the Valiant Warrior e Brothers in War (Forever Damned) que conta com a participação de ninguém menos que Ralf Shceepers, do Primal Fear.

Ouso dizer que este é o disco mais épico que eu ouvi desde o Nightfall In Middle-Earth, do Blind Guardian.

Isso não quer dizer que o álbum do Gloryhammer seja pior. Aliás, a meu ver. eles são experiências bem diferentes: ouvir o Tales from the Kingdom of Fife é como juntar seus melhores amigos, de preferência bêbados, para criar o RPG mais fanfarrão do mundo sem medo de ser ridículo. Já escutar o Of Dragons and Elves é como entrar nas páginas de um livro de fantasia como O Silmarillion. As duas coisas são muito legais e as duas devem ser feitas, mas como no momento eu tenho que escolher só uma, fico com o Evertale.

MELHOR ÁLBUM DE METAL NACIONAL: VANDROYA – ONE

2013 foi realmente um ano muito bom para o metal brasileiro. Aqui mesmo na redação, nós recebemos muito material de bandas tupiniquins, a maioria delas de excelente qualidade.

Porém, nenhum deles conseguiu superar One, o álbum de estreia do Vandroya, banda liderada pela excelente vocalista Daísa Munhoz, que tem uma voz realmente hipnotizante.

Tudo o que eu tinha a dizer sobre este disco foi dito na minha resenha, mas eu gostaria de acrescentar que eu mal posso esperar para vê-los ao vivo.

MÚSICA MAIS CHICLETE: CHARLIE PARRA DEL RIEGO & PELLEK – GET LUCKY – A POWER METAL REMIX (DAFT PUNK COVER)

Um belo dia, entrei no Facebook e vi que um amigo meu havia me enviado um vídeo, dizendo que era a minha cara.

O vídeo em questão era uma versão em power metal de Get Lucky (aquela música do Daft Punk que bombou nas rádios em 2013), feita pelo guitarrista peruano Charlie Parra del Riego e Pellek, um jovem vocalista norueguês que eu não conhecia até então, mas que mais tarde soube que está se tornando uma estrela no mundo do metal.

Embora eu não goste de Daft Punk, resolvi confiar em meu colega e apertar o play de qualquer forma. E o que eu descobri, amigo delfonauta, foi sem dúvida o cover mais chiclete que eu já ouvi na vida.

Eu realmente não sei se foi esta versão que ficou muito boa ou se a música original em si é boa e eu não consigo apreciá-la por ela não ter solos fritados e bumbo duplo, mas a questão é que ela não saiu mais da minha cabeça. Sem exageros, eu já devo tê-la ouvido mais de 60 vezes e ainda não consegui parar. Falando assim, parece ser algo ruim, mas é exatamente o contrário, já que eu adoro uma música grudenta.

E se você também adora esse tipo de coisa, dê uma passada no canal oficial do PelleK no Youtube, onde você encontrará o rapaz fazendo covers de vários hinos do metal, clássicos da música pop, aberturas de desenhos e até versões metal de hits da internet.

MELHOR SHOW: TURISAS EM SÃO PAULO – 16 de março de 2013

De todas as bandas que já passaram pela minha vida, o Turisas sem dúvida foi uma das mais importantes. Quando conheci os caras, eu não curtia muito canções com vocais rasgados, mas havia algo viciante no som deles que me fazia ouvi-los sem parar. Com o tempo, comecei a me habituar com este tipo do vocal e finalmente vi a beleza feroz deles, o que me abriu as portas para conhecer a fundo novas vertentes. Portanto, é claro que eu estava muito empolgado para este show, que seria a primeira visita dos finlandeses no Brasil.

E devo dizer, amigo delfonauta, que a apresentação superou todas as minhas expectativas, tornando-se um dos melhores shows que já vi na vida. A execução das músicas foi perfeita e o setlist foi muito bem escolhido. Eu mesmo não senti falta de nenhuma canção. Outra coisa que eu achei muito legal é que cada músico tinha um microfone próprio, para fazer backing vocals.

Mas o que mais marcou foi a presença de palco deles, que deixa muita banda grande por aí se mordendo de inveja. Todos os membros da banda possuem um carisma e uma energia contagiante, em especial o vocalista Mathias “Warlord” Nygård, que batia papo com a plateia durante os intervalos de todas as músicas. Houve até uma hora em que ele experimentou e classificou algumas cervejas brasileiras!

Talvez exista algum delfonauta que possa estranhar esta ênfase na presença de palco, ao invés de focar em coisas mais técnicas, mas para mim, a melhor parte de um show é exatamente a energia que os músicos transmitem enquanto tocam. Se eles se divertem em cima do palco, consequentemente a plateia se divertirá lá embaixo. Claro, não adianta nada a banda ser divertida e não tocar bem, mas também não adianta nada o cara ser um mestre da guitarra e não falar nem boa noite para a plateia.

E como o Turisas executou estes dois requisitos de forma magistral, a banda leva o título delfiano de melhor show de 2013.

E este praticamente foi um belo resumo do que rolou de mais legal no mundo do metal em 2013. Não se esqueça de deixar a sua lista de melhores álbuns do ano aí embaixo.

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