Acho que todo mundo tem um ator com o qual não vai com a cara. Que acha que todos os filmes que o sujeito faz são ruins e só de vê-lo estampando um cartaz já torce o nariz. Também acho que muita gente colocaria o onipresente Nicolas Cage nessa categoria, mas no meu caso, minha birra é com o Richard Gere.

Eu nunca vi nenhum filme bom com este sujeito. Até quando ele fez um longa de ação (O Chacal, 1997), o troço era chato pra caramba. Logo, quando vi seu rosto no pôster de O Jantar, já imaginava que não viria coisa boa. E veja só você, não deu outra!

Como o próprio título entrega, grande parte da história se passa em torno de um jantar num daqueles restaurantes metidos a besta, que servem grama dizendo que é uma iguaria, manja? Lá, um político (Gere) e sua esposa se encontram com o irmão dele e respectiva patroa para discutir um assunto sério envolvendo os filhos deles.

No geral a coisa é um drama com pequenos toques de suspense. Não daquele tipo que te deixa grudado na poltrona. Mais do tipo “o que será que eles fizeram?”, no que diz respeito à trama dos pimpolhos dos dois irmãos.

Se focasse apenas no núcleo do jantar, com pequenas inserções da trama dos filhos, até poderia render um bom filme. Afinal, ele poderia se passar quase inteiramente na mesa do restaurante, e em geral eu gosto de histórias restritas a um ou poucos ambientes. Acho um bom exercício narrativo.

Delfos, O Jantar, Cartaz

Ao invés disso, ele abre um monte de flashbacks sobre o irmão do político, um ex-professor de história com problemas mentais (Steve Coogan) que muito pouco ou nada acrescentam à trama principal. É uma total perda de foco numa história completamente supérflua que apenas ajuda a inchar a duração do filme, que poderia facilmente ter uma meia hora a menos se ela se ativesse somente ao essencial.

O longa é baseado num livro best seller (e até já ganhou outras adaptações para o cinema antes) e imagino que todas essas subtramas estejam no romance, mas é aí que o trabalho de adaptação é importante. Afinal, nem tudo que funciona num livro funciona igualmente na tela de cinema.

Parece que o roteirista e diretor Oren Moverman não entendeu essa lição e tentou fazer algo mais literário, dando uma grande explorada na psique problemática do irmão historiador. O problema é que isso não é a história principal. E ironicamente, ao dar tanto tempo de tela para uma trama secundária, a que mais importa acaba até um tanto subdesenvolvida, veja só.

Seja como for, O Jantar resultou num longa chato, arrastado, com o foco no lugar errado e sem nenhum atrativo. Não sai do lugar comum como drama, e não utiliza bem a pequena parte do suspense que poderia dar algum sal à coisa toda. Assim, não há como recomendar isso para alguém.