O Festim dos Corvos: As Crônicas de Gelo e Fogo – Livro Quatro

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Se A Tormenta de Espadas foi o livro mais tremendão das Crônicas de Gelo e Fogo até aqui, cheio de mortes, grandes acontecimentos e reviravoltas, O Festim dos Corvos, sem dúvida, pode ser considerado o pior. É triste, especialmente depois de um romance tão bom. Seu sucessor tinha uma grande responsabilidade em mãos, manter o alto nível do terceiro volume, mas falhou. E a culpa é exclusivamente das escolhas do autor George R. R. Martin.

Isso porque depois dos vários acontecimentos do Livro Três, este aqui tem todo o jeitão de um interlúdio. Um gigantesco interlúdio de 644 páginas! Simplesmente não acontece muita coisa. A trama avança devagar, sem nada de muito relevante acontecendo.

Isso nos leva ao que é, sem dúvida, o grande erro deste volume: vários personagens principais não aparecem por aqui. Numa nota, ao final do romance, o autor explica que o livro ficou muito grande e ele optou por dividi-lo em dois, centrando este tomo no núcleo de personagens de Porto Real e arredores.

Ou seja, nada de Tyrion, Daenerys, Jon Snow ou mesmo Stannis Baratheon, por exemplo. E considerando que a maioria destes personagens foi importantíssima nos acontecimentos do exemplar anterior, aposto que todo mundo estava curioso para saber como suas histórias continuavam. Aí vem o balde de água fria. Eles só voltam no próximo livro.

Tudo bem, neste aqui tem o Jaime Lannister segurando as pontas como o melhor personagem (eu disse isso na resenha anterior, e volto a repetir: você ainda vai gostar dele!). Mas caramba, a essa altura do campeonato o autor precisa mesmo enfiar mais personagens novos numa galeria já inchada? E não somente isso, mas conceder-lhes voz narrativa ao dedicar-lhes seus próprios capítulos?

A trama andaria muito bem sem precisar desenvolver tanto a família Greyjoy, só para ficar num exemplo. Bastava citar por cima o que estava acontecendo entre eles em algum capítulo qualquer e pronto. Sinceramente, eu não me importo nem um honorável pouquinho com os costumes deles e suas disputas de poder, quero saber que raios aconteceu com o Tyrion!

Lendo a resenha até este ponto, você pode até estranhar a nota positiva conferida ao livro. Eu explico: sim, é o pior da saga até aqui e o mais desinteressante, mas ainda assim não é um livro ruim. Podem não ser os personagens que eu gostaria de ter lido, mas não foi uma leitura ruim ou arrastada. O escritor mantém o estilo prolixo, mas fluído, que a essa altura todos que já leram os livros anteriores conhecem tão bem. Analisado individualmente, é ok. É em comparação aos outros que ele perde feio.

E no mais, ainda há personagens carismáticos e interessantes aqui, ainda que estejam misturados com muitos com os quais eu, particularmente, não dou a mínima. E ao menos lá no final do livro (bem no final mesmo) há um momento hell, yeah! para nos lembrar porque essa saga é tão tremendona. Pena que é um só.

Sendo assim, O Festim dos Corvos é um romance que pisa no freio após os muitos ocorridos de seu antecessor, para dar uma desacelerada e uma respirada. Mas quase 650 páginas de respiro já é um exagero. Àqueles que não têm paciência para isso, o melhor seria pular esse romance, pegando um resumo básico com algum amigo que o leu e passar direto para o próximo. Àqueles que pretendem ler a saga inteira, no entanto, tenham paciência com este volume. Pelo que fiquei sabendo, o próximo vai ser tremendão.

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