As melhores séries de 2015

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Eu sei que fãs de séries detestam spoilers, mas já aqui, no primeiro parágrafo, eu te digo quem foi o grande vencedor no cenário televisivo de 2015: o Netflix. Quando eu achava que Orange Is The New Black seria o ápice dos títulos originais do serviço, neste último ano eles superaram todas as expectativas e simplesmente dominaram.

Não só a quantidade de conteúdo deles foi impressionante, como também a qualidade, que se manteve num nível surpreendentemente alto, com grandes talentos na frente e atrás das câmeras, atendendo gostos diversos, mas com carinho especial por nós, os nerds. Dava tranquilamente para ter dividido a lista desse ano em duas: uma para melhores séries, e outra só para as melhores do Netflix. Incrível, considerando que na lista do ano passado, não apareceu nada deles.

E liberando temporadas inteiras de uma vez, até quem vive em rotinas estranhas e não tem muito tempo para ver TV (como eu este ano), consegue acompanhar, sem ter de se preocupar com hiatos de fim de ano, séries que começam na mid-season, e todos esses calendários estranhos da TV. Aliás, é sempre bom lembrar: entre as temporadas eleitas aqui, pode ter alguma que começou ainda em 2014, ou alguma que ainda vai terminar no começo de 2016. Não estranhe.

E como sempre, eu termino a lista sentindo que muita coisa boa ficou de fora. Algumas porque de fato não tiveram o destaque que as escolhidas tiveram, e outras só porque é humanamente impossível assistir a tudo de interessante que apareceu este ano. Portanto, se você sentir falta de nomes como Better Call Saul, Narcos, The 100, Mr. Robot, Broad City ou iZombie, se amou o final de Hannibal ou está amando Peter Capaldi como o décimo-segundo Doutor em Doctor Who, saiba que eu também as considerei. Ou considerei colocar nesta lista, ou considerei assistir. 🙂

Infelizmente, nem tudo foram flores neste ano, e é melhor tirar logo essa parte do caminho antes de chegarmos na parte legal. Vamos lá!

D&D – Decepção Delfiana: GAME OF THRONES – 5ª TEMPORADA

Sim, delfonauta. Eu ouso. Como fã, eu tenho todo o direito. Todas as noites que eu virei lendo e relendo as gigantes edições das Crônicas de Gelo e Fogo, todas as lágrimas derramadas, toda a grana gasta, todas as vezes em que eu considerei fazer uma fuckin’ tatuagem inspirada nessa história, tudo me dá o direito de esperar o melhor. E não foi isso que eu recebi neste quinto ano. Aposto que alguns delfonautas já acenderam suas tochas, prontos para me queimar viva em sacrifício a R’hllor, mas eu explico. Vai ser um desabafo, e possivelmente com SPOILERS, mas eu explico.

Começou com a parte de Dorne, que é uma das mais legais desta fase dos livros, e foi um desastre na série. O brilhante Oberyn Martell de Pedro Pascal se reviraria no túmulo se visse no que a série transformou suas tremendonas filhas, as Serpentes de Areia. Depois foi Ser Barristan Selmy. E ainda aquela cena terrível e desnecessária de estupro que foi transferida para Sansa, sacrificando todo o progresso que ela vinha fazendo, e a retornando para o patamar de vítima, só para reforçar que o Ramsay é malvado. E pior, para nunca mais desenvolver nada a respeito. Assim como na famigerada cena com Stannis e sua amada (?) filhinha, parece que eles tomaram decisões mas não se importaram em pensar nas consequências que elas têm nos personagens.

Eu nunca me importei quando eles se afastavam dos livros justamente porque as mudanças vinham para bem: para enxugar os excessos e achar o que funciona melhor na telinha. Agora, parece que eles estão mudando tudo só em favor de mais sensacionalismo. Adicionando um monte de plot twists desnecessários que não significam muito para a história nem avançam os personagens. Só choque pelo choque.

E além disso, eles introduziram coisas que depois deixaram de lado, muitos personagens pareceram descaracterizados, teve até excesso de diálogo expositivo. Eles conseguiram ser sensacionalistas e maçantes ao mesmo tempo! E no fim, nenhum núcleo ficou com aquela sensação de conclusão que as temporadas anteriores costumavam deixar. Ter um grande cliffhanger no final é normal e até interessante, mas quando todas as storylines não dão em nada, é só frustrante mesmo, especialmente agora que acabou a base dos livros. Melhorou muito nos episódios finais, mas ainda assim, a sensação que fica é que foram vários episódios em que pouca coisa aconteceu, e aí três episódios em que espremeram tudo de importante.

Não que eu vá parar de assistir. Uma temporada fraca de Game of Thrones ainda é melhor que muitas séries em seu auge. E eu sou persistente (ainda vejo Supernatural, acredita?). Mas que é decepcionante, é. Espero a próxima temporada com partes iguais de empolgação e preocupação.

Menção Horrorosa – o pior do ano: SCREAM QUEENS – 1ª TEMPORADA

Olha, outra série do Ryan Murphy!”, você pensa. “American Horror Story é bem legal”, lembra uma vozinha em sua cabeça. “Um elenco predominantemente feminino também é interessante, e pelo trailer, parece uma paródia do tipo Mean Girls”, outro fragmento da sua imaginação te diz. “E é um slasher. Slashers costumam ser divertidos, certo?”, continua o seu animado diálogo interno.

Não, delfonauta. Não escute. Fuja. Corra para as colinas e não faça perguntas.

Surpresa Delfiana: GRAVITY FALLS – 2ª TEMPORADA

Eu sou grande fã de animações. Dos cartoons clássicos e séries animadas de super-heróis até Futurama e Avatar: A Lenda De Aang. Eu sempre fui mais atenta a esse segmento do que a maioria dos fãs de séries, e mesmo para mim, este ano foi surpreendente. Com candidatos como Bob’s Burgers, Bojack Horseman e Steven Universe, foi ridiculamente difícil escolher um só para representar a categoria.

Foi especialmente complicado escolher entre esta e Rick & Morty, que acompanha um cientista bêbado que leva seu neto (e nesta temporada, também sua neta adolescente) em viagens interdimensionais e/ou intergalácticas. Não sei se eu gosto mais desse pelo sci-fi surpreendentemente criativo e inteligente ou pelo humor nonsense histérico. E bom, tem um personagem chamado “Mr. Poopybutthole”. Genial.

Mas eu tive de ficar com Gravity Falls, pelo timing: esta temporada, que está acabando agora, será a última. A série acompanha Mabel, uma menininha fofa e otimista, e Dipper, seu irmão gêmeo nerd, que vão passar as férias na cidadezinha do título, onde seu “Tivô” Stan comanda a Cabana dos Mistérios, uma atração turística cheia de bizarrices. Lá, Dipper encontra um misterioso diário onde estão detalhados todos os monstros e criaturas sobrenaturais que se escondem na cidade, e então os dois passam a investigá-los. A trama desse simples cartoon é mais elaborada e consistente que a de muitas séries de suspense por aí, os mistérios são realmente intrigantes, e ele ainda é muito fofo e engraçado.

Eu descobri essa série mais ou menos na mesma época que comecei a ouvir o indescritível podcast Welcome To Night Vale, que rapidamente virou uma das minhas grandes obsessões. Eventos misteriosos e forças inexplicáveis foram muito presentes no meu 2015, e Gravity Falls é uma edição de bolso family-friendly de tudo isso. Uma graça.

5 – MASTER OF NONE – 1ª TEMPORADA

Ano passado eu comentei quão difícil fica para as humildes séries de comédia competirem com superproduções mais sérias pelos nossos corações. Por melhores que fossem, elas acabam ficando de lado, como algo mais leve e descompromissado, para variar das tramas mais densas em que ficamos tão investidos. Mas algumas vêm para quebrar essa regra.

Para começar, eu continuo completamente apaixonada por Brooklyn Nine-Nine. Também devorei Unbreakable Kimmy Schmidt em uma noite, e ri bastante. Mas a comédia que chegou mesmo ao meu Top 5 foi Master of None.

A série é sobre Dev, um ator de trinta e poucos anos vivendo em Nova Iorque. A premissa lembra muito uma comédia romântica, o que não está totalmente errado. Mas é muito mais sobre estar ainda aceitando a ideia de ser adulto, e decidir que tipo de adulto você quer ser. Protagonizada pelo ótimo Aziz Ansari, já familiar para fãs de Parks & Recreation, a série consegue achar humor em situações cotidianas e também em assuntos que muita gente não ousa tocar. Tudo com muita empatia e muito charme, de um jeito totalmente atual e muito fácil de se identificar. Vale a pena conferir.

4 – ASH VS. EVIL DEAD – 1ª TEMPORADA

Nos últimos anos, presenciamos uma onda inescapável de remakes, reboots, sequências tardias e todas as demais formas de faturar em cima da nossa nostalgia coletiva. Numa certa parte desses casos, dá para concordar que seria melhor se deixassem nossos filmes, séries e jogos de infância em paz. Mas em 2015, até que surgiram coisas boas dessa tendência. Mad Max: Fury Road foi de longe o filme que eu mais gostei este ano, e Star Wars: O Despertar da Força também fez o natal dos nerds feliz, só para citar os mais amados.

E outro que vingou foi o revival televisivo da franquia Evil Dead. E diferente do retorno cinematográfico, aqui foi com o time original: Sam Raimi na direção, e Bruce Campbell com seu glorioso queixo no papel principal. Só que com os recursos visuais e a maquiagem de hoje em dia, o que é ainda melhor. E deu tão certo! O tom está perfeito, equilibrando a ação, o gore e o humor tão bem quanto em Evil Dead 2, o melhor da franquia segundo muitos dos fãs (a que vos fala inclusa). E sem enrolação. Como ele mesmo diz, “the boomstick does the talking”.

Mas como tem sido nestes trinta e poucos anos de franquia, o que faz dar certo mesmo é o próprio Bruce Campbell. Há muitas piadinhas no roteiro sobre o Ash estar velho, mas a verdade é que ele está invejavelmente em forma. E eu achava que Nathan “Capitão Malcolm Reynolds” Fillion estava envelhecendo bem em Castle!

A série é em geral muito bem feita, e é visível que ele está curtindo estar de volta ao personagem. Impossível não se contagiar. Diversão garantida!

3 – SENSE 8 – 1ª TEMPORADA

E aqui, eu creio, começa a parte mais previsível da lista. Não só as melhores, mas também as mais amadas, comentadas e recomendadas séries de 2015. Você provavelmente já sabe quais são.

Para começar, Sense 8, a mais nova cria de Lana e Andy Wachowsky, que tem oito estranhos, espalhados por aí, sem nada em comum, de repente conectados por seus sentidos, emoções, e também por um mistério.

O delfonauta João Victor Garrido já fez um ótimo trabalho destrinchando os poucos pontos negativos e os muitos positivos da série na resenha, então eu só direi que fiquei muito feliz em ver uma série de ficção científica e ação com personagens tão complexos e tão diversos, e com cenas tão bonitas e com tanta… humanidade. Estou aguardando ansiosamente a próxima temporada.

2 – JESSICA JONES – 1ª TEMPORADA

Antes de Jessica Jones ser lançada, a candidata que eu tinha em mente para a lista era Agente Carter, na época a primeira série protagonizada por uma heroína, que abriu com qualidade altíssima a categoria. Mas aí Jessica Jones seguiu e foi ainda melhor. E eu nem cheguei a ver Supergirl, mas fico feliz que tivemos tantas heroínas tão diferentes no ar em 2015. Uma vitória para a representação feminina.

Mas honestamente, nesta aqui dá até para esquecer que se trata de uma super heroína. A forma com que a história é conduzida é muito diferente de tudo o que se espera de uma adaptação de quadrinhos, parece mais um noir moderno, protagonizado por uma personagem incrível e um dos piores (e portanto, melhores) vilões dos últimos anos.

Mais do que uma relação de heroína e vilão, Jessica e Kilgrave têm um relacionamento abusivo, desses que acontecem no nosso universo entre pessoas sem nenhum poder ou mutação. A luta dos dois acaba sendo uma grande alegoria para uma situação muito real, em que uma pessoa tem de achar forças para resistir à manipulação e obsessão de outra, e constantemente se convencer de que a culpa não é dela. Uma série com uma representação tão forte de uma vítima de abuso passando por Estresse Pós-Traumático, e mostrando como cada vítima reage de forma diferente, é muito raro de se ver e muito bom. É o que Stalker prometeu e falhou miseravelmente em cumprir ano passado.

Os dois têm o apoio de um elenco coadjuvante bem sólido, o plot se desenvolve bem (apesar de mais lentamente), e as conexões com o resto do Universo Marvel aparecem de forma natural e muito bem encaixada, o que só faz a gente querer ver como as coisas vão convergir com outra série, que aliás (trocadilho não intencional), é a nossa grande vencedora:

1 – DEMOLIDOR – 1ª TEMPORADA

Será que ainda resta algo a dizer? Não só pela resenha do Cyrino, adornada pelo cobiçadíssimo Selo Delfiano Supremo, mas pelo tanto que se conversou sobre essa série quando ela saiu.

Eles fizeram tudo certinho. Estabeleceram o cenário, introduziram vilões bons e um arqui-inimigo excelente, cenas de luta cruelmente gráficas e lindamente coreografadas. Mas o que valeu esta medalha de ouro para mim foram, de novo, os personagens. As caracterizações agradam até os mais chatos dos fãs de quadrinhos, o elenco inteiro impressiona e o desenvolvimento faz com que mesmo quem nunca leu uma edição do Demolidor acabe se importando e se apegando a cada um deles, especialmente ao Matt e ao Foggy.

A temporada não teve sequer um episódio ruim, e superou as mais otimistas expectativas. Só me faz sonhar em quão perfeito seria se eles resolvessem adaptar o Gavião Arqueiro do Matt Fraction também…

E assim acaba a minha lista. Deixei passar alguma coisa? Me conte nos comentários.

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