A Dança dos Dragões: As Crônicas de Gelo e Fogo – Livro Cinco

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Na resenha de O Festim dos Corvos, além de expressar todo meu descontentamento com o volume em questão (embora tenha sido até generoso na nota), também me revelei esperançoso para com o tomo seguinte, o qual, segundo opiniões de amigos, parecia ser tremendão.

Pois bem, após finalizar A Dança dos Dragões posso dizer sem sombra de dúvida: minhas fontes estavam erradas. O quinto livro da série é tão decepcionante em termos de reviravoltas e acontecimentos quanto seu antecessor. Dois livros seguidos que não estão à altura dos três primeiros. É para ligar a luz de alerta e começar a ficar preocupado.

Tudo bem, grande parte do que prejudicou O Festim dos Corvos foi a divisão dos núcleos de personagens e o fato de que o quarto volume se centrou justamente naqueles que não são tão interessantes e/ou queridos. O quinto, por sua vez, se focaria justamente em muitos dos favoritos dos fãs (e meus também), como Tyrion Lannister e Jon Snow. Logo, a expectativa era alta. E quando terminei as mais de 800 páginas da leitura, o primeiro pensamento que me veio à cabeça foi “mas foi só isso? Encarei uma tijolada dessas para tão pouca coisa?”.

O desenvolvimento das tramas se arrasta a passos de tartaruga. Alguns personagens, então, continuam na mesa situação dos livros anteriores, sem qualquer avanço. A história só progride alguma coisa de fato lá nos três últimos capítulos, quando acontecem as únicas surpresas importantes para a trama. Mas até chegar lá, você leu umas 750 páginas de nada. Verdade, um nada que entretém e te faz querer seguir em frente, mas ainda assim um nada.

O autor mantém a qualidade de seu texto, da qual já falei bastante nas resenhas anteriores, e é praticamente só isso que garante os três Alfredos da nota. No entanto, ao se comparar com os melhores momentos das Crônicas de Gelo e Fogo é que se vê como a coisa decaiu, mesmo ainda sendo uma leitura boa no geral.

George R. R. Martin volta a repetir o expediente de focar capítulos em novos personagens ou em figuras que nunca haviam estrelado seus próprios capítulos antes. E eu realmente não consigo enxergar o propósito disso num estágio tão avançado da saga. A história, que já é gigantesca, fica ainda mais inchada, tornando-se até difícil se lembrar de tantos personagens. E, claro, a trama não anda com tanta gente metida na guerra dos tronos.

A impressão que me deu ao ler este quinto volume é de que o autor está enrolando de propósito, seja por alguma obrigação contratual em ter de escrever um número X de livros da série (parece que serão sete volumes) ou simplesmente porque ele não sabe ainda como a história irá terminar. Isso pode até parecer absurdo num primeiro momento, mas se pensarmos bem, até que faz sentido. Enquanto ele não descobre como resolver as diversas subtramas abertas, vai levando tudo em banho-maria.

A essa altura, ele já tem leitores fisgados e ansiosos para saber como esse negócio vai terminar. Afinal, eles já investiram seu tempo e dinheiro em cinco romances enormes, teriam eles coragem para largar tudo agora que falta teoricamente tão pouco para o fim? Este deve ser o pensamento caso ele realmente esteja embromando propositalmente. E, se for, é uma pena. Claro que a saga ainda pode acabar de maneira espetacular, mas graças ao volume quatro e a este A Dança dos Dragões, não será impecável e tremendona como deveria ter sido, e como foi em seu início. Agora só resta esperar para que o próximo livro volte a colocar as crônicas nos eixos.

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