Nêmesis

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Todo mundo conhece a história do Batman. Um bilionário que sofreu um trauma quando criança e dedicou sua vida a aperfeiçoar mente e corpo para combater criminosos, contando também com um arsenal de apetrechos e veículos de última geração, que só alguém com sua grana pode bancar.

Mas e se as coisas tivessem sido ao contrário? E se, ao invés de um herói, Batman fosse um vilão? Essa é a premissa que move Nêmesis, a mais nova HQ autoral de Mark Millar (de Kick-Ass) e do ilustrador Steve McNiven a chegar ao Brasil, repetindo a dobradinha da saga Guerra Civil.

Matthew Anderson é um ricaço entediado e supertreinado, que se diverte sendo o maior e mais perigoso vilão do mundo. Seu hobby é caçar e matar os melhores policiais do planeta. E para pegar seu alvo, ele não se importa nem um pouco em deixar uma grande trilha de destruição pelo caminho.

O alvo da vez é Blake Morrow, o chefe de polícia de Washington, e que pode ter ligações diretas com a “origem” de Anderson e sua persona mascarada conhecida como Nêmesis.

Essa HQ, para fazer um paralelo com o cinema, equivale a um blockbuster hollywoodiano de ação, mais especificamente a um filme de Michael Bay: desligue o cérebro quase até entrar em coma e encha os olhos com as explosões e a violência desmedida. Mark Millar, aqui, claramente privilegia as longas e violentas cenas de ação à própria história. E quando cuida da trama, força a barra algumas vezes e deixa buracos em certas partes.

Nesse contexto funciona, mas é bem claro que se tivesse dado igual atenção ao desenvolvimento da trama, a graphic novel renderia muito mais e poderia atingir um nível maior do que mera diversão descompromissada. Fica a impressão de que, por ser uma HQ curta (quatro edições originalmente), ele teve de optar entre a adrenalina e a narrativa. Talvez se o projeto fosse mais longo (e dava para ser), ele poderia dosar melhor esses elementos.

Os muitos exageros (o policial Blake Morrow é tão badass que deveria ter sido desenhado com as feições do Schwarzenegger), que por vezes esbarram até no mau gosto, garantem o ar de algo que não deve ser levado a sério. E a detalhada arte de Steve McNiven enche os olhos e complementa a diversão.

No final das contas, se você não tiver grandes expectativas e não ligar para o roteiro fraco, Nêmesis funciona bem como diversão leve e rápida (dá para matar a leitura em menos de meia hora). Não espere algo do nível dos trabalhos passados de Mark Millar, no entanto.