Mar Adentro

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Este filme tinha tudo para eu não gostar. Para começar era um filme fora do circuito “blockbuster hollywoodiano” que tanto gosto. Depois era um drama, gênero que nunca me agradou, afinal, não preciso de um filme para me deixar triste. Para terminar, ainda faturou vários prêmios.

Mas também tinha alguns fatores que ajudavam a balancear essa equação. A direção de Alejandro Amenábar é um ótimo exemplo disso. Para quem não sabe, Amenábar é o cineasta por trás de um dos meus filmes de terror preferido – Os Outros. Também não dá para negar que o filme parte de uma premissa interessante. Principalmente para aqueles entre nós que adoram uma polêmica.

Mar Adentro narra a história de Ramón Sampedro (Javier Bardem), tetraplégico há quase três décadas, que quer ter o direito legal de encerrar sua vida. Obviamente, isso gera muita polêmica entre seus entes queridos e, como não poderia deixar de ser, com a igreja que diz que a vida não é nossa para que possamos dispô-la como bem entendermos.

Essa é toda a história do filme. E, ao contrário do que imaginava, a forma de condução é completamente hollywoodiana. Qualquer pessoa que já tenha assistido há muitos filmes, vai adivinhar tudo que vai acontecer nas próximas cenas. Até mesmo a tradicional reviravolta final é previsível como só Hollywood sabe fazer. De acordo com a frase que encerra os créditos, Mar Adentro é baseado em uma história real, com alguns fatores alterados. Possivelmente esses fatores são os que “clicherizaram” o filme (eu adoro inventar palavras) tornando-o mais acessível às massas e suscetível a prêmios.

Obviamente, Ramón é um cara carismático e alegre (o que pode até ter sido verdade, mas caso não fosse, nunca deixariam o personagem principal de um filme ser um chato, por exemplo), rodeado de mulheres (e xaveca a maior parte delas), com muitos entes queridos, enfim, nada de diferente. E, apesar das muitas piadinhas que ocorrem durante o filme, Mar Adentro é um dos longas mais tristes que assisti em muito tempo.

Realmente nos leva a pensar o que faríamos no lugar de Ramón ou de seus familiares? Até que ponto a máxima “quem ama faz o que é melhor para seu amado” é verdadeira? Independente da sua opinião sobre a eutanásia, será que você não mudaria de idéia caso estivesse no lugar do doente ou de seus entes queridos?

Dessa vez não vou dar minha opinião sobre o assunto. Talvez no futuro volte a abordar isso na minha coluna Pensamentos Delfianos. Por enquanto vou deixá-lo refletir sobre isso. Assista o filme. Vale a pena. E pense sobre a vida também, nosso bem mais precioso e, ao mesmo tempo, o mais frágil.

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