Helloween – My God-Given Right

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Diferente da maioria dos fãs de Helloween, eu sou muito mais fã da Era Deris do que da Era Kiske. Ainda que eu goste bastante das músicas clássicas e reconheça que o Helloween com Andi Deris tem uma produção musical irregular (o que é normal, já que ele está na banda há mais de 20 anos), o timbre da voz do vocalista e seu carisma me fazem gostar muito mais de discos como The Time of The Oath do que da dupla Keeper of the Seven Keys.

Para ser bem sincero, eu prefiro até ouvir os clássicos na voz do vocalista, e eu destaquei todas essas curiosidades por um motivo importante: My God-Given Right é um disco que passeia por todas as fases da banda, desde a era clássica dos Keepers até o Metal mais soturno e pesado de discos como The Dark Ride e 7 Sinners. E isso me agradou deveras, delfonauta.

BETTER TO DIE TRYING THAN TO ROT AWAY IN VAIN

O disco começa com Heroes, que por ser pesada e animada, mas facilmente esquecível, parece saída do disco Rabbits Don’t Come Easy. A segunda música é Battle’s Won, e ela me lembrou bastante a música World of War, do Straight Out of Hell. Digo isso porque ambas tentam resgatar os tempos áureos de power metal da banda, com pedais duplos e coros, mas não possuem a mesma qualidade de outrora. Mas nada tema, delfonauta, pois há uma melhora considerável depois desse início desastroso.

Você se lembra do disco The Time of the Oath? Lembra como ele era recheado de linhas de guitarra e de voz marcantes? Pois é exatamente isso que temos na faixa-título, inteligentemente escolhida para receber o clipe que você confere aí embaixo. É uma das minhas preferidas do disco, sem dúvida.

Stay Crazy faz uma mescla bastante interessante entre as fases mais alegre e mais pesada da banda, sendo bastante pesada, mas trazendo uma mensagem positiva e coros engraçadinhos. Lost in America parece saída do disco 7 Sinners, e eu gosto tanto desse disco que acabei gostando dessa música também. Russian Roulé segue a mesma linha de Stay Crazy, sendo tão animada e ao mesmo tempo tão pesada que você não vai saber se bate cabeça ou canta como uma menininha – e não é essa a essência do Helloween?

Swing of a Fallen World é um caso à parte. Sabe aquele breakdown no meio de The King For a 1000 Years, que começa com “No believers/All deceivers/ No illusion/Executions”? Então, imagine uma música que começa exatamente ali, sem riff de introdução nem nada, e você entenderá porque eu não gostei de Swing of a Fallen World – a sensação é a de estar ouvindo um trecho de uma música maior, não uma faixa com inicio, meio e fim. Isso é uma pena, porque sinto que poderia existir uma nova The King For a 1000 Years se eles trabalhassem nesse trecho por mais tempo e não resolvessem lançar como uma música.

EVERYONE CAN BE A HERO – WE ARE!

Like Everybody Else é uma balada que, apesar de ter uma bela melodia vocal, não mostra a banda em sua melhor forma. É verdade que a banda não possui um número muito grande de baladas épicas, diferente de bandas como o Whitesnake, e Like Everybody Else aumenta ainda mais esse grupo de músicas esquecíveis. Porém, ouvi-la não é algo torturante e a quebra no ritmo é boa para dar uma respirada.

Creatures In Heaven é uma faixa que passeia por todas as fases da banda, desde o riff (que parece saído do Master of The Rings) até passagens tão rápidas e pesadas que lembram os discos Gambling With the Devile Walls of Jericho, culminando em um refrão com os coros felizes e característicos da fase Keepers. Ela merece destaque não por ser a melhor do disco, mas por casar elementos tão distintos de forma tão natural.

If God Loves Rock N’ Roll, ainda que tenha uma melodia vocal bastante diferente, consegue manter a identidade da banda intacta, diferente de Living on the Edge, uma faixa que soa bastante genérica mesmo sendo bem construída. Digo isso porque toda a construção melódica da música, desde o riff até o refrão, lembra bastante o disco In Paradisum, do Symfonia, que por sua vez lembra bastante qualquer coisa de power metal já feita no mundo.

Claws é uma faixa um tanto incomum, por ser bem mais pesada do que o normal. Muito disso se deve às linhas de guitarra, que têm uma influência clara de Slayer. Eu a descreveria como algo na linha de Kill It, do Gambling With the Devil, só que com anabolizantes. Já You, Still of War chama a atenção por ser bastante progressiva, com mudanças de andamento e versos construídos de maneira diferente do usual em termos de Helloween. É uma música que parece bastante inspirada em clássicos como Halloween e The King For a 1000 Years, mas que não tem tanta força quanto elas.

IF CREATURES ROAMED THE SPACE IN HEAVEN, THEY’RE ANGELS, BEASTS OR SUPERMEN

Ainda que My God-Given Right seja levemente irregular e não possua as melhores músicas dos últimos tempos do Helloween (qualidade que eu dou ao Keeper of The Seven Keys – The Legacy), é um disco que cumpre bem a sua proposta e agrada durante a audição.

Algumas músicas em especial têm apelo para compor o setlist das próximas turnês da banda de forma definitiva, como aconteceu com Are You Metal? e Hell Was Made In Heaven, mas isso é algo que só o tempo pode garantir. Por enquanto, basta esperar que a turnê do disco venha ao Brasil – e já que falamos de turnê do Helloween no Brasil, você lembra da nossa resenha do DVD da banda gravado em São Paulo?

REVER GERAL
Nota
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Luiz Felipe Lima
Luiz Felipe Lima é carioca, e sua paixão por música e games começou aos 13 anos de idade, quando ganhou seu primeiro DVD de Heavy Metal e resolveu aprender a tocar guitarra. É fã inveterado de Uncharted e de Metal Gear Solid.
helloween-my-god-given-rightAno: 2015<br> Gênero: Heavy Metal<br> Duração: 61 minutos.<br> Artista: Helloween<br> Número de Faixas: 13<br> Produtor: Charlie Bauerfeind<br> Gravadora: Nuclear Blast<br>