Exclusiva: Queen Cover

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Quando enviei o e-mail para os organizadores do Queencontro perguntando se o Delfos poderia cobrir o evento, eu estava realmente empolgado com a possibilidade de ouvir algumas das melodias mais cativantes da história da música ao vivo. O organizador, Maurício, muito solícito, não apenas gostou da idéia de nos ter cobrindo o evento, como também nos ofereceu uma entrevista com a banda Queen Cover e eu, é claro, não poderia negar essa oportunidade. Já havia ouvido falar bastante deles, principalmente da semelhança do guitarrista Márcio com o Brian May (veja foto abaixo), mas nunca tinha presenciado um show da banda. Mal imaginava que, antes de ouvi-los tocando pela primeira vez, eu iria entrevistá-los. A entrevista foi muito legal (estavam presentes o vocalista Eddie Star, o guitarrista Márcio Sanches e o baixista André Trúlio) e o show foi ótimo. Bom, sem mais delongas, divirta-se com os melhores momentos da primeira entrevista exclusiva do Delfos: Queen Cover.

Vocês já tocaram em outra banda antes do Queen Cover?
Eddie Star: Já, mas eu era o único que levava a banda a sério.

Vocês têm músicas próprias?
Eddie: Como Queen Cover não. Eu e o Márcio temos uma outra banda. O nome da banda é Deusa. Rolou alguma coisa de composição própria e chegamos a gravar inclusive.
Márcio Sanches: Foi em 95 ou 96. Só para deixar bem claro, no Queen Cover, nós só fazemos cover do Queen porque a gente ama Queen. Ter composições próprias é meu maior sonho, mas não vamos deixar de fazer Queen Cover por causa disso. Mas a idéia principal é som próprio. Quando nós fomos gravar em 95 (com a banda Deusa), nós tínhamos umas 20 músicas, mas gravamos 4 ou 5.
Eddie: O carro chefe desse projeto é Please Forgive Me, que é linda. (Nota: Nesse ponto, Eddie começa a cantar a música e faz gestos para Márcio acompanhá-lo no violão. Márcio acompanha e eles tocam um pedaço da música, e ela é realmente linda).

Vocês têm empregos fora do setor musical?
Eddie: Acho que de todos nós, o Márcio é o único que trabalha só com música, ele é professor de guitarra. Ele tem mais de 1000 alunos no bairro do Tatuapé inteiro. (risos)
Márcio: Seria ótimo se a banda inteira pudesse parar cada um com sua profissão e mexer só com música. Seria o sonho de todo mundo. Eu dou aula faz 12 anos, já passou gente do Genocídio, do Fates Prophecy, pessoal do Rock e do Metal. Já passou por ali até o Metallica Cover e o Van Halen Cover. Eu também já tive um Van Halen Cover, gosto muito de Van Halen. Também gosto muito de Metal Melódico. E essas coisas pesadonas, gosto de Sepultura.
Eddie: Ele foi convidado pelo Andreas Kisser a participar do Brazil Rock Stars.

Tem uma resenha lá no Delfos sobre o show do Blen Blen.
Márcio: (feliz) Tem? Com meu nome lá e tudo? Que legal! Essa fama, viu… Meu Deus (risos). E vocês? (Para Eddie) Vamos entrevistar eles! (Para nós) Diga lá, que vocês curtem? (risos) Sério, que vocês curtem?

Eu gosto principalmente de Metal. Gosto muito de Queen, até pela influência que eles tiveram no Metal. A minha banda preferida é o Gamma Ray.
Márcio: Ah, é? Eu também adoro isso aí, cara!
Eddie: Eu não tenho nenhum conhecimento de Metal. Eu tenho influência de New Age.
Márcio: O nosso projeto Deusa ainda não morreu. Sem nenhuma pretensão de falar que parece Queen, mas essa é a idéia, ou seja, guitarra pesada…
Eddie: (interrompendo) Parece Queen? (risos)
Márcio: Não, parece Bon Jovi. (mais risos) Então, eu atualmente estou ainda mais pesado. Já dou risada de Gamma Ray hoje. Antes eu ficava com medo, hoje estou curtindo Slayer, Sepultura, Cannibal Corpse. A guitarra desses caras, a bateria, não dá, cara! É muito bom. Infelizmente, as letras e o visual são demoníacos e isso eu não gosto. Eu sou bem religioso e isso me incomoda. No Black Sabbath, já me incomodava, mas a música é muito boa. Já o primeiro do Helloween, o Walls Of Jericho, eu acho demais, cara! Ride The Sky é um hino do Metal e ninguém fala dela.

O Gamma Ray toca Ride The Sky até hoje.
Márcio: Nossa, cara! (para Eddie) Essa música é como se fosse a Bohemian Rhapsody do Queen, manja? É demais, cara!
Eddie: Eu não tenho conhecimentos disso. Sempre que ele fala alguma coisa de Metal, eu estou aprendendo. Ele tenta inserir isso na minha mente. (risos)

Cinthia (a minha namorada, que estava me ajudando no dia): Você tem que começar de baixo. Começar pelos mais calmos e depois mostrar os mais pesados (Nota: Eu fiz isso com ela ) (risos)
Márcio: Eu já vi vocês antes, vocês foram no show do Shaman?

Fomos em todos de São Paulo.
Márcio: Então, quando o Queen Cover tava começando, gravando no estúdio Anonimato, o Angra estava começando lá também. Sabe a música da Kate Bush? A versão que eles tocavam naquela época era com guitarra, nem tinha piano.

Eu já escutei, é a versão do Reaching Horizons, né?
Márcio: Isso, ela foi feita no Anonimato. E o dono do Anonimato era nosso produtor. Chamava Freddie, olha que coincidência. (risos).
Eddie: Meu nome também é coincidência, de Eduardo vira Eddie, olha só. Que nem o dele, de Márcio para Brian, é igualzinho. (risos)
Márcio: (brincando e simulando uma conversa minha por telefone com uma amiga nossa) Lurdinha, você tem problema? O Márcio não toca nada, ele é feio e o nariz dele incomodou. Tive que entrevistar ele do banheiro, o camarim era pequeno e não coubemos todos lá.

Como vocês formaram a banda?
Eddie: Foi um projeto em uma festa. Um amigo pediu para formarmos uma banda para tocar Queen na festa. No fim, não rolou a festa, mas começamos a fazer show com a banda. Isso foi na época do Innuendo do Queen.
Márcio: Só a história de como eu conheci o Eddie é muito legal. Super longa, não dá pra contar agora, mas é legal.

Falando em Innuendo, vocês não vão tocar essa hoje, né?
Eddie: Não, hoje talvez não role.
Márcio: A gente toca um pedacinho para você (Nota: Eles tocaram mesmo, aquela parte instrumental mais pesada)
Eddie: O nosso setlist funciona só como uma prévia, sempre rolam improvisações.

E I Want It All?
Eddie: I Want It All sempre rola, é uma das minhas preferidas. Ela não está no setlist sem querer.
Márcio: Já rolou de termos um setlist menor que esse e tocarmos 3 horas.

Com esse setlist, Innuendo e I Want It All eu já fico feliz. (Nesse momento, Eddie começa a cantar Innuendo a capella, quem sabe um dia eu não coloco esse vídeo aqui para vocês?)
Márcio: Então, não adianta ter uma banda cover e tocar só lado B. As pessoas querem ouvir os hits, não tem jeito. (Nota: Nesse momento, o baixista André Trúlio se une à entrevista).

O que o Queen representa para vocês?
Eddie: Paixão. Por influência de Queen fui fazer aulas de teclado e de inglês e hoje eu até dou aulas.

Vocês já foram em algum show do Queen?
Eddie: No Rock In Rio em 85 e em São Paulo em 81.
Márcio: Ele é o único cara da banda que viu o Queen.
Eddie: Eu sou um cara que parou no tempo. Cheguei a uma certa idade e não envelheci mais.
André Trúlio: Eu comecei a gostar de Queen depois que o Freddie Mercury morreu.
Márcio: Uma coisa que eu quero comentar é que eu conheci o Brian May. Imagina você faz cover da banda e aí você vê o cara da banda original! Ele veio para cá em 92, com a banda solo dele, eu conhecia um pessoal da EMI e fui no show do Rio. Aí quando ele me viu, ele me deu a mão e me tratou super bem. Humilde pra caramba, ou pelo menos essa é a impressão que eu peguei dele. Aí ele pegou nosso repertório e viu que tinha I Want It All e ele nunca tocou essa música com o Freddie Mercury, porque o Queen só fez show até setembro de 86. Aí depois disso só fizeram clipes. Aí quando ele viu no repertório I Want It All e The Show Must Go On, os olhos dele encheram de lágrimas, cara! (Nota: Eddie teve que sair nesse momento e continuamos a entrevista apenas com André e Márcio).

Que outras bandas além do Queen vocês ouvem?
André: Queen é o que eu mais gosto, mas eu gosto de tudo, sem preconceitos. Só não gosto quando é muito comercial. Gosto de muita coisa de Rock, Iron Maiden, Black Sabbath, Metal eu até gosto, mas não é muito a minha praia.

Como vocês fazem na parte do coral da Bohemian Rhapsody?
Márcio: A gente faz cover do Queen ao vivo, se fosse de estúdio, teria que ter 4 guitarras, 10 vocalistas. Por isso a gente faz igual o Queen, chega essa hora e solta um playback.

Você já ouviu a versão que o Savatage gravou para essa música?
Márcio: Spread Your Wings?

Não, o Blind Guardian gravou Spread Your Wings, o Savatage gravou a Bohemian Rhapsody ao vivo, e fizeram o coral eles mesmos.
Márcio: Ah, já, já ouvi sim. Ficou legal pra caramba. O Dream Theater também faz.

Vocês nunca pensaram em fazer que nem o Savatage, ao vivo mesmo?
Márcio: (rindo) Eu toparia fazer qualquer coisa, cara. (Nota: Nesse momento, Eddie está passando pelo camarim) Eddie, vem responder essa que essa é difícil.
Eddie: A idéia do Queen Cover é preservar o Queen ao vivo, então mantivemos o espírito original.
Márcio: A própria idéia do Rock é usar o artifício do estúdio para ampliar o máximo possível e ao vivo deixar a energia. Até o próprio Queen, desde que fizeram essa música, ela persegue eles e a crítica caiu matando na época. Mas também não é só aquela parte que é importante. O solo de guitarra e a letra dessa música são demais. Até a Who Wants To Live Forever é mais complicada que a Bohemian, porque ela tem orquestra e é completamente alterada ao vivo. Eles tocam um tom abaixo. Mas ao vivo, ela é demais, cara! Você vai ver hoje! (Nota: Eddie novamente precisa se retirar para se arrumar para o show).

Você acha que o Queen atual mantém o espírito do original, apesar das gravações com Five, Britney Spears, etc?
Márcio: Então, agora tem esse boato com o cara do The Darkness. Imagina a situação: morre um cara da sua banda, mas você quer manter aquilo, você quer manter o nome daquilo no que você trabalhou sua vida inteira. E se ele quer gravar com a Beyoncé… Imagina, o cara está vivo, ele não morreu, ele quer tocar.

Mas você não acha que ele está escolhendo mal? Por exemplo, se eles voltassem com o Jeff Scott Soto seria muito legal.
Márcio: Esse é um problema, a gravadora não vai querer colocar um cara que já tocou em uma banda de Metal. E como já estão falando da volta há muito tempo, eles já devem ter material pronto. É triste falar, mas tem material gravado até com a Mel C das Spice Girls. O próprio Jeff Scott Soto já divulgou que estava ensaiando com o Queen e ia ficar demais, cara! Mas eles também não querem um cara que pareça o Freddie, senão vão virar literalmente uma banda cover. Olha como é difícil a situação dos caras.

Será que o John Deacon não se afastou da banda por causa dessa más escolhas?
Márcio: Já foi divulgado que eles está fora da banda, né?
André: E eles ainda vão precisar procurar um baixista. Eu estou disponível. (risos)

Perguntas formuladas por Carlos Eduardo Corrales e Bruno Sanchez. Entrevista conduzida e digitada por Carlos Eduardo Corrales, filmada por Cinthia Mayumi Saito.

Aguarde uma nova entrevista com o Queen Cover para um futuro próximo!

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