Em Busca da Terra do Nunca

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Se tem um conto de fadas que realmente marcou a minha vida, esse conto é Peter Pan. Desde a mais tenra idade sou deslumbrado pela idéia deste garoto que não envelhece, provavelmente porque eu mesmo gostaria de ter essa mesma característica. Parece que a sétima arte também anda deslumbrada por essa história. Já havíamos assistido ao clássico desenho da Disney e à “continuação” filmada chamada Hook, mas nos últimos anos, a história realmente voltou com tudo. Nesse período, essa já é a terceira vez que algo relacionado à história chega às telas. Tivemos a continuação animada da Disney, a versão live-action da história clássica e agora esse Em Busca da Terra do Nunca, que se diferencia dos outros pelo simples fato de que não é a história de Peter Pan e seus amigos, mas a de seu criador.

Baseado na peça The Man Who Was Peter Pan (O Homem que era Peter Pan), este filme nos leva a acompanhar J. M. Barrie, muito bem interpretado por Johnny Depp, em suas tentativas de escrever uma peça bem sucedida. Um dia, enquanto rabiscava notas no parque, conhece a viúva Davies e seus quatro filhos, por quem se afeiçoa e passa a visitá-los diariamente para brincar com as crianças e com a mãe. Suas brincadeiras, apesar das denúncias do menino Peter (sacou a semelhança de nome?), sempre envolvem muita imaginação. Brincam de índios, de piratas e de tudo que a criatividade lhes permite. E enquanto brincam, o filme nos leva para dentro de suas mentes e podemos acompanhar visualmente suas brincadeiras a bordo de um navio, durante uma tempestade, rodeados por tubarões que latem (!), apenas para citar uma das cenas mais legais. Influenciado pelas brincadeiras e pela família, Barrie vai escrevendo a que seria sua mais famosa peça: Peter Pan. Obviamente, o fato de Barrie passar quase todo seu tempo livre brincando com os garotos começa a gerar boatos semelhantes aos que afligem um dos maiores nomes da música Pop, prejudicando não só sua carreira, como também a família envolvida (naquela época ainda não deviam existir processos milionários).

É realmente impossível não se afeiçoar aos personagens, sobretudo a J. M. Barrie. Muitas vezes suas brincadeiras são tão inusitadas que fazem todos os adultos presentes se sentirem constrangidos, enquanto as crianças, é claro, se divertem. Também não posso deixar de citar o casal Snow, dois velhinhos que parecem ser os únicos que gostam das peças de Barrie anteriores a Peter Pan. O motivo para isso, você só vai entender no final do filme, mas é tão bonitinho que meus olhos se enchem de lágrimas só de lembrar.

Falando nisso, é melhor você ir assistir preparado. Em Busca da Terra do Nunca tem o poder de fazer o público chorar durante boa parte de seus 106 minutos. Mas não por tristeza ou por um drama exagerado, mas principalmente pela emoção causada por sua bela mensagem: mantermos sempre a inocência, esperança e imaginação da nossa infância. Algo muito parecido, inclusive com a mensagem de outro filme muito bonito: História Sem Fim.

Assim como Peixe Grande, Em Busca da Terra do Nunca, que estréia dia 4 de fevereiro é um daqueles filmes fofos. Recomendado para aquelas pessoas que nunca deixaram a criança que mora no nosso coração morrer, mas principalmente, para aquelas que já a perderam. Quem sabe este filme não as ajuda a recuperá-la?

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