Diablo III: Reaper of Souls – Ultimate Evil Edition

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Lançado em 2012 para PC, Diablo III foi muito bem recebido pela crítica. Em 2013, ele foi lançado para PS3 e Xbox 360 e agora em agosto saiu nesta versão especial intitulada Ultimate Evil Edition para PS4 e Xbox One. Esta também foi minha primeira incursão no mundo de Diablo.

UMA ESTRELA CADENTE

Uma estrela cadente cai em Tristram e cabe a você, um pintudo guerreiro, investigar e salvar o mundo do mestre do mal, Diablo.

Você pode escolher entre seis classes: bárbaro, feiticeiro, arcanista, monge, caçador de demônios e cruzado (classe nova exclusiva desta versão e da expansão Reaper of Souls. Além disso, há também aqui um novo ato para a história). Para fins deste review, eu resolvi escolher a classe nova, cruzado (batizei o personagem de Carlonius, o Abençoado), e a patroa, com quem experimentei o coop local, foi de arcanista.

No início, a classe arcanista parecia muito mais legal, mas ao subir alguns níveis, comecei a liberar algumas habilidades deveras poderosas. Logo eu estava eletrocutando meus desafetos com um martelo que rodava ao meu redor, me tornando um monstrengo forçudo e até mesmo cegando os inimigos. Já a arcanista da patroa não ficou atrás, controlando coisas como o tempo e o espaço, ganhando teleportes e raios de fogo. Não sei se escolhemos por acaso as duas classes mais poderosas, mas o fato é que formamos uma dupla deveras perigosa.

Diablo III é um RPG, mas é muito mais simples do que você pode esperar do gênero, o que para mim foi muito bom. Logo, uma rotina se estabelece. Você fala com a turminha da cidade, pega uma missão, vai explorar um cenário enorme, mata alguns mini-chefes (inimigos mais fortes e com nomes únicos), pega um monte de loot, troca de roupinhas e de arminhas, volta para a cidade e começa tudo de novo.

O combate também é bem simples. Conforme você sobe de nível, vai liberando o uso de mais botões no controle e pode customizar suas habilidades para o botão que desejar. No início, fiquei com a sensação de que eu podia escolher um poder de cada categoria, mas logo vi que podia configurar com maior liberdade, e aos poucos fui abandonando as categorias de defesa para deixar meu ataque bem tremendão e variado.

Só que, no calor da batalha, não espere algo mais cadenciado tipo God of War ou mesmo mais ritmado, como os jogos recentes do Batman. Não, esta não é a proposta de Diablo. Aqui a coisa é bem mais bagunçada. Saca só a porradaria que rolou quando a patroa e eu encontramos o mini-chefe Pecado, o Demônio.

Não dá nem para saber o que está acontecendo, né? Basicamente, você fica martelando os botões até a energia dos inimigos acabar, e torce para acabar antes da sua. Não é algo que exige muita habilidade, até porque, mesmo jogando no difícil, Diablo III é bem fácil. Mas por Odin, como é divertido.

Os combates com os chefes não são exatamente emocionantes, pois assim como os outros inimigos, o encontro se resume a martelar o botão até alguém morrer. Como as energias dos chefes são mais infladas, isso pode se tornar um tanto repetitivo, especialmente no começo do jogo. Mais para frente, eu admito que eu fiquei tão poderoso, e minha energia começou a se recuperar tão rápido, que nem os chefes duravam muito tempo, então foi um problema que foi diminuindo ao longo da jogatina.

DIVERSÃO DESCOMPROMISSADA

Na real, pela descrição da rotina e do combate, pode não parecer, mas Diablo III é muito divertido, talvez até mesmo pela sua simplicidade. Tem algo de belo em ficar você e a patroa, ou você e um amigo, martelando os botões do controle e olhando a energia vermelha de dezenas de inimigos caindo aos poucos. E se o combate fosse muito mais complexo, provavelmente o coop não seria tão legal.

Basicamente, Diablo III é um jogo de exploração. Em parte, ele me lembrou bastante Toe Jam & Earl, que você deve lembrar que eu considero um dos melhores jogos da história. Isso porque os mapas são grandes e planos. Pense em um campo de futebol, por exemplo. Isso é mais ou menos o que você vai achar aqui. E a câmera também é naquele estilo isométrico, que eu particularmente acho muito legal.

Assim como no jogo dos alienígenas de Funkotron, Diablo III não te fala onde está seu objetivo, e os mapas mudam cada vez que você joga. Assim, você tem que procurar nos arredores. E se for obcecado como eu, mesmo quando encontra o objetivo, vai continuar explorando o cenário, pois pode ser recompensado com dungeons opcionais que dão loots lendárias ou até pequenas sidequests que trazem situações curiosas ou engraçadas para o seu personagem encarar.

Ao contrário da maioria dos RPGs, até mesmo aqueles inspirados por Diablo, como Deathspank, Diablo III não enche você de missões ao mesmo tempo. Você sempre tem apenas um objetivo de história, e as sidequests são bem curtas, normalmente resolvidas no mesmo lugar em que você as encontrou.

Considero isso um grande ponto positivo, pois deixa o jogo mais focado e mais divertido do que se você tem dezenas de coisas para fazer ao mesmo tempo, o que deixa mais parecido com trabalho, você fica querendo diminuir sua lista de tarefas, não se divertir.

Aliás, o tamanho dos cenários e o fato de eles serem aleatórios trazem o principal problema de Diablo III: os mapas não salvam. Você pode passar algumas horas explorando um cenário enorme totalmente, mas da próxima vez que carregar seu save, vai ser como se nunca tivesse passado por ali, até porque o mapa será diferente. Isso acontece para aumentar o replay, mas é um tanto chato, especialmente se você precisar parar de jogar no meio de uma exploração e depois quando voltar vai ter que fazer tudo de novo. Seria mais interessante se os mapas fossem aleatoriamente gerados não quando o jogo é carregado, mas quando o jogo é iniciado, mantendo-se assim inalterados até que você comece um novo jogo, que é mais ou menos o que faz o Toe Jam & Earl.

AUDIOVISUAL

Tecnicamente, Diablo III não impressiona. Apesar de ter jogado no PS4, imagino que a versão de PS3 deve ser bem parecida. Porém, apesar de tecnicamente não ser um esplendor, os gráficos são muito legais, detalhados e com cada cenário diferente do anterior. A câmera fixa também é algo que eu considero um grande charme em uma época em que todos os games têm câmera manual, e é muito legal você estar no topo de um cenário alto e ver lá embaixo uma porta ou inimigos, demonstrando que poderá passar por ali em breve.

Este, aliás, é o tema de Diablo III, pois o conjunto dele é muito melhor do que suas partes analisadas individualmente. A música, por exemplo, vai na mesma linha. Ela não chama a atenção, se limitando a ficar em segundo plano, ao contrário do que acontece em jogos com temática parecida. Porém, se você prestar atenção, verá que ela é bem bonita, com dedilhados de violão bem interessantes e melodias de violino bastante belas.

O jogo sai no Brasil totalmente em português, mas admito que, quando eu coloquei o disco no meu PS4, levei um susto: ele estava em espanhol! Isso aconteceu porque eu uso o menu do PS4 em inglês, e como o disco não tinha as vozes em inglês, escolheu o espanhol. Mudei os menus do videogame para português e o jogo ficou no nosso idioma. Achei uma opção estranha tirar a dublagem original do jogo, e particularmente, eu preferia ter jogado em inglês.

O delfonauta sabe que eu não sou um grande fã da dublagem brasileira, e este jogo não mudou minha opinião. Os atores parecem estar fazendo locução, e não conversando. A tradução também deixa algumas coisas mais confusas do que deveriam ser. Por exemplo, você sabe o que é “Posto de controle”? Eu fiquei em dúvida sobre o que aquilo significava nas minhas primeiras horas de jogo, mas depois me toquei: eram checkpoints. Checkpoint é um termo tão comum no mundo dos games que sequer deveria ser traduzido, e a tradução, ao invés de deixar mais fácil de entender, deixa mais difícil.

Como tudo aqui no DELFOS, preferimos que você tome suas próprias decisões, então capturei o vídeo abaixo que mostra uma das muitas conversas do jogo, em português.

PARCERIA INFERNAL

Caso você não tenha amigos, mas não queira jogar sozinho, Diablo III permite que você jogue online, podendo ter seu jogo invadido por outros gamers a qualquer momento. Caso não seja um grande fã de jogar com desconhecidos (afinal, desconhecidos dão medo), você pode usar seguidores.

Seguidores são alguns amigos que você encontra no decorrer da história e que podem ir com você caso esteja sozinho. Eles acabam funcionando como um segundo personagem, pois você também precisa fazer upgrades neles e trocar suas roupinhas. Uma coisa que achei bem legal é que você não precisa variar o uso deles para upar seus níveis: quando um sobe de nível, todos seus seguidores sobem, mesmo que eles não estejam lutando a seu lado.

Caso você esteja jogando no coop, que é como Diablo III funciona melhor, tem um probleminha que pode incomodar bastante: o jogo não permite que ambos os jogadores customizem seus personagens ao mesmo tempo. Assim, a partida é interrompida a toda hora para que um dos dois troque suas armas, roupas e poderes, e depois para de novo para o outro fazer a mesma coisa. Provavelmente isso não era um problema no PC, mas no coop local do Playstation 4 acaba deixando tudo mais lento do que deveria.

Uma coisa que eu achei muito legal é o que o jogo chama de “modo aprendiz”. Isso significa que um jogador de nível mais baixo pode se juntar a você, e ele terá suas estatísticas turbinadas pela duração da sessão, permitindo que vocês joguem juntos, mesmo que não estejam no mesmo nível.

Isso para mim foi uma mão na roda, pois embora a patroa e eu tenhamos criado os personagens ao mesmo tempo, para conseguir escrever esta resenha em um tempo hábil, eu não podia jogar apenas com ela, então logo fiquei num nível bem acima. Quando ela estava disposta a jogar, no entanto, era só ligar um segundo controle e começar a matar monstrinhos, sem importar se eu estava no nível 40 e ela no 20.

Também devo destacar algo muito chato da maioria dos RPGs que Diablo não comete: ele não incentiva o grinding. Os níveis sobem bem rápido, o que significa que você sempre tem coisas novas para brincar, e seu personagem vai melhorar consideravelmente mesmo que você faça apenas a história, sem precisar ficar repetindo dungeons ou matando monstrinhos só para subir de nível.

Para efeito de comparação, junto com Diablo III, eu estou jogando Destiny, e se você já jogou o ambicioso shooter da Bungie, sabe como ele incentiva você a repetir as missões, especialmente os assaltos, muitas vezes. Isso se torna muito pior depois que você chega no nível 20 e começa a precisar de roupinhas novas para subir de nível. Assim, embora eu também tenha gostado bastante de Destiny, fiquei feliz que Diablo III não se rende à tediosa repetição do grinding.

EL DIABLO TERCERO

Assim, depois de anos, eu finalmente tive minha primeira experiência com Diablo e estou me divertindo tanto que estou me amaldiçoando por não ter experimentado o jogo antes. Se este também é seu caso, esta versão de PS4/Xbox One foi lançada especialmente para você.

REVER GERAL
Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
diablo-iii-reaper-of-souls-ultimate-evil-editionAno: 2012 (PC), 2013 (Xbox 360 e PS3) e 2014 (PS4 e Xbox One) e 2019 (Switch)<br> Plataforma: PC, PS3, Xbox 360, PS4, Switch e Xbox One<br> Fabricante: Blizzard / Square Enix<br> Versao: PS4<br> Distribuidor: Blizzard<br>