Ao contrário de boa parte das pessoas, eu não esperava nada de Super Mario Bros O Filme. Eu entendo uma adaptação para cinema ou TV como The Last of Us ou Uncharted. Quando a prioridade da obra é a história, faz sentido levá-la a uma mídia totalmente narrativa. Mas não é o caso do Mario. De encanador a pula-pula e piloto de kart, ele já foi muitas coisas. Mas nunca um contador de histórias. Pois vamos ver no que deu? Esta é nossa crítica Super Mario Bros O Filme.

SONIC FEIO, O FILME

É impossível não comparar este filme com o do Sonic. E diria que este é um caso em que o Sonic andou para o Mario correr, por mais que isso não se encaixe com os personagens. Você deve se lembrar que o Sonic começou a vida no cinema como o Sonic feio.

design do herói foi corrigido antes do filme sair, mas boa parte das outras coisas não. O filme ainda acontecia nos EUA, com personagens humanos e o Robotnik não tinha nada a ver com sua versão dos games até o segundo filme.

Nenhum desses erros foi cometido pelo filme do Super Mario. Todos os personagens têm o mesmo visual dos games, o grosso da história acontece no reino dos cogumelos e ele em geral passa um gamer pride que o filme do Sonic transformou em shame. Permita-me elaborar.

CRÍTICA SUPER MARIO BROS FILME

MarioLuigi são dois encanadores de Nova Iorque, mas em pouco tempo eles são transportados para um mundo mágico. Separados, o Mario fica amigo do Toad e da Princesa Peach, mas o Luigi cai no reino das sombras e acaba capturado pelo Bowser. O pior é que a big tartaruga está se preparando para a guerra/casamento.

Crítica Super Mario, Super Mario Bros o Filme, Super Mario Bros Movie, Delfos

O resto do filme é uma aventura em que o trio de heróis tenta resgatar o Luigi e vencer o Bowser, salvando o Reino dos Cogumelos como consequência. Super Mario Bros O Filme não cometeu os erros do filme do Sonic, mas convenhamos que cometeu outros. Pegar Chris Pratt para dublar o Mario e Seth Rogen para o Donkey Kong era pedir pra flopar. Mas eu não assisti com idioma original.

E este é um dos raros casos que o elenco original foi tão mal escolhido (com exceção do Jack Black, que faz sentido como Bowser) que acredito que a versão em português é mais legal. Claramente para o elenco brasileiro não foi uma prioridade fazer os personagens soarem como suas versões dos games. Luigi, Donkey Kong, a princesa, estão todos bem diferentes. Mas o Mario de Raphael Rossatto realmente merece destaque.

Ele foi o único que parece ter entendido que não estava criando um personagem do zero, mas atuando um que já existia quando boa parte de nós nem tinha nascido. Ora, se a gente vê o Darth Vader em qualquer coisa, esperamos que a voz dele soe do jeito que conhecemos. O mesmo vale para qualquer personagem previamente famoso. E assim Raphael fez a voz que o Mario deve ter. Eu gostaria de uma princesa e um Luigi mais apropriados, mas diante da alternativa gringa, pelo menos aqui tivemos um Mario decente.

FIM DOS ERROS

Felizmente, a escolha do elenco original foi o principal erro cometido pelo filme do Mario. O longa foi criado pela Illumination, estúdio quase invicto que também criou os Minions e Meu Malvado Favorito. Essa turma manja de combinar fofura com humor, e tudo fica ainda mais engraçado porque eles são mestres em subverter as expectativas, algo essencial na comédia.

Um exemplo disso é Donkey KongBowser, responsáveis por algumas das gargalhadas mais gostosas que dei durante a sessão. Em especial, as músicas que o Bowser canta para declarar seu amor pela Peach são impagáveis.

O longa ganha muito em acontecer quase inteiro em um mundo de fantasia. Não apenas no visual, mas mesmo na história, piadas e referências.

CRÍTICA SUPER MARIO E O MONTÃO DE REFERÊNCIAS

Crítica Super Mario, Super Mario Bros o Filme, Super Mario Bros Movie, DelfosExistem dúzias de jogos estrelados pela turma do Mario, em diversos gêneros diferentes. Com isso, temos uma quantidade enorme de personagens, cenários, músicas e até efeitos sonoros. O Marioverso é tão reconhecível quanto o de Star Wars e a Illumination fez um trabalho lindo em inserir seu filme como parte dele, não como aconteceu com o Sonic que é algo totalmente separado.

O filme não perde nenhuma oportunidade em referenciar os games, mesmo em coisas extremamente sutis. Por exemplo, sabe quem é a prefeita de Nova Iorque? Pois se você jogou Super Mario Odyssey, provavelmente vai chutar certo. E este é só um exemplo sutil que nem todos vão pegar. Há também referências mais gerais, como músicas e efeitos sonoros que são imediatamente reconhecíveis por qualquer pessoa que tenha algum conhecimento dos personagens.

Inclusive a trilha sonora é um enorme destaque positivo. Além de uma seleção de faixas deliciosas que são o mais puro creme farofa dos 80, há um monte de versões orquestradas de canções que surgiram em vários dos games. Todas, claro, usadas nos melhores momentos, para potencializar o humor e a aventura.

QUEM PRECISA DE HISTÓRIA QUANDO SE TEM DIVERSÃO?

Assim como o jogo, Super Mario Bros O Filme não é legal pela história, mas por absolutamente todo o resto. A Nintendo é especialista em diversão. A Illumination também. E essa combinação deu uma liga muito saborosa.

No final das contas, temos um excelente longa. Que funciona tão bem como um desenho para crianças quanto como uma adaptação para os fãs da Nintendo. Me encaixo nos dois grupos, e saí da sessão feliz e empolgado, doido para ver de novo. Muito curioso pela dublagem original, mas no final das contas o filme é tão legal que duvido que o Chris Pratt e o Seth Rogen consigam estragá-lo.