1984 é um álbum do Van Halen. É um livro do George Orwell. Foi o ano em que eu lidei com a primeira morte de uma pessoa importante na minha vida. E é também a época em que se passa o novo filme da terceira ponta do triângulo de grandes heróis da DC. Essa é nossa crítica Mulher Maravilha 1984!
CRÍTICA MULHER MARAVILHA 1984
Faz apenas três anos que a heroína mais popular dos quadrinhos nos brindou na tela grande com sua excelente estreia solo. Porém, para ela se passaram 70 anos. Afinal, você deve se lembrar que o filme anterior acontecia na época da Primeira Grande Guerra. Aqui a coisa é mais sossegada, rolando na época dos mullets, da Guerra Fria e do Alf, o E. T.eimoso.
O filme começa com uma das mais belas e empolgantes introduções desde o ataque do Noturno na abertura de X-Men 2. Trata-se de um flashback em Themyscira, com a Diana ainda criança. Ela participa de um evento semelhante às nossas Olímpiadas contra outras amazonas mais velhas, e a coisa é um show. Um tremendo espetáculo visual e sonoro que me deixou arrepiado e me fez exclamar algo semelhante a “PQP! Cinema, mano!”. Dá para perceber que eu senti muita falta de ir ao cinema em 2020, né?
Depois disso o filme vai para 1984 e dá uma boa pisada no freio. Diana agora trabalha em um museu e faz bico de heroína salvando crianças, impedindo assaltos e tirando gatos de árvore (eu posso ter inventado este último).
Uma pedra aparentemente vagabunda cai nas suas mãos, mas o problema é que ela não é tão vagabunda quanto parecia. Isso ensina Diana a não julgar pelas aparências, mas o mais importante é que a pedra é capaz de conceder desejos. E, claro, há um preço para isso.
ENTRA O VILÃO
O vilão de Mulher-Maravilha 1984 é Maxwell Lord (Pedro Pascal), que, apesar de ter surgido nos gibis, é totalmente diferente na tela grande. Nos quadrinhos, ele é capaz de controle mental, algo bem comum. Aqui ele segue uma linha que eu nunca tinha visto antes, e achei bem criativa.
Ele aqui assume os poderes da pedra, podendo realizar os desejos de qualquer pessoa, e depois pegando algo delas que deseje para si. No começo me pareceu meio sem sentido, mas depois que eu engoli que “é mágica, a gente não precisa explicar”, comecei a achar legal.
Porém, há um grande furo de roteiro no sentido de que ele claramente precisa tocar nas pessoas para fazer a troca de desejos. No entanto, há um momento em que ele consegue fazer isso sem toque. Talvez seja algo que eu não peguei, mas me incomodou, uma vez que o filme se esforça bastante para mostrar que sempre há toque quando ele usa seus poderes.
PERFEITO PARA UNS, PROBLEMAS PARA OUTROS
Obviamente, um mundo em que todos conseguem realizar seus desejos mais íntimos vai no mínimo causar uma bagunça e no máximo uma guerra e a aniquilação da raça humana. Assim, cabe a Diana, a nossa Mulher-Maravilha 1984, usar seus poderes para evitar que as pessoas realizem seus desejos. Hum… talvez ela não seja tão heroína assim? Eu ficaria bem chateado se realizasse meu desejo mais íntimo e viesse uma heroína e me fizesse abrir mão dele.
E é exatamente nesse caminho que vai a outra vilã, Barbara Minerva (Kristen Wiig, escolha curiosa). Mas sobre essa talvez seja bom não falar muito. Embora você consiga descobrir quem ela é no filme com uma simples busca, eu me surpreendi quando finalmente reconheci uma personagem dos gibis que conhecia. E acredito que essa surpresa pode ser bem-vinda para você também, uma vez que só acontece lá no finalzinho da sessão.
O CORO VAI COMER
Eu gostei muito do Mulher-Maravilha de 2017, mas diria que esse é bem inferior. Com gordurosos 150 minutos de duração, a coisa é bem mais lenta do que o necessário. Em especial, depois de uma breve introdução com a heroína devidamente paramentada, deve demorar uns 90 minutos para ela voltar a aparecer com a roupa conhecida.
Por um lado, você pode elogiar o filme por desenvolver sua trama e seus conflitos com calma. Por outro, é um filme de herói. A gente quer mesmo é ver a Mulher-Maravilha chutando traseiros, caramba!
Quando ela finalmente resolve chutar uns traseiros, a coisa melhora muito. As cenas de ação são extremamente espetaculosas e estilosas. A trilha sonora de Hans Zimmer empolga ainda mais. No cinema em que aconteceu a sessão de imprensa, eu sentia a poltrona literalmente tremer quando a música alcançava seus momentos mais bombásticos. Como um filósofo já disse antes, “PQP! Cinema, mano!”.
Eu sinceramente nunca vi a Mulher-Maravilha lutando dessa forma. Ela se pendura com seu laço da verdade e dá grandes pulos. Ela me lembrou o Homem-Aranha.
E uma vez que a Mulher-Maravilha entra no filme, o timing da coisa melhora bastante, mas devo dizer que demorou muito. A essa altura, o público provavelmente já estará um tanto cansado. Assim, o filme é bom, mas ficaria ainda melhor com um trabalho mais impiedoso de edição.
Ah, e se o Cyrino ficou decepcionado por não ter visto um avião invisível no filme anterior, aqui ele pode ter uma bela surpresa. Ou não. Afinal, não dá para ver um avião invisível.
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