Gran Turismo se diferencia bastante de outros filmes de games, até mesmo dos outros da própria Playstation. É uma adaptação inteligente, que se apropria da marca conhecida para fazer um filme cuja história é adjacente ao game. Daí a ser bom ou não, é outra história. E é para isso que serve nossa crítica Gran Turismo.
CRÍTICA GRAN TURISMO
Gran Turismo, o videogame, até tem um rabisco de história. Mas é justamente isso, um rabisco. Teria sido um tanto estúpido fazer um filme sobre corrida e simplesmente dar a ele o nome da marca conhecida. E daí veio a sacada da Sony. Gran Turismo, este filme, é uma cinebiografia de um corredor profissional que começou jogando videogame.
O filme não dá informações de ano, e sou capaz de jurar que o videogame que eles mostram é Gran Turismo 7, de 2022, o que muito provavelmente não bate com a história real. Ou sei lá, às vezes bate e eu que estou por fora. Corrida não é uma das minhas muitas áreas de expertise. Voltando, a história conta quando Orlando “agora nem me chamam mais pra épicos” Bloom, trabalhando para a Nissan, resolve fazer um concurso entre jogadores de Gran Turismo.
O eterno Legolas acredita que o jogo é tão realista (é verdade, afinal este é um filme da Sony falando do seu próprio jogo, eles não teriam razão para mentir) que é possível pegar os melhores jogadores do mundo, treiná-los e fazer deles corredores profissionais. Assim nasce a GT Academy.
GT ACADEMY
Apesar do início gamer, de resto Gran Turismo, o filme, é aquela típica história rags to riches que habita Hollywood de montão. Jann Mardenborough (Archie Madekwe) é um garoto que sonha em ser corredor, mas isso parece um sonho inalcançável. E eu concordo. Quando jovem, eu sonhava em ser músico e, embora ser bem sucedido na carreira fosse quase impossível, eu pelo menos tinha uma ideia do caminho das pedras. Dá para fazer faculdade de música, gravar uma demo, etc.
Agora para ser corredor? Este é um esporte que parece ser uma possibilidade apenas para pessoas que já nascem no meio, ou que vêm de berço de ouro. Afinal, quase qualquer um consegue ter acesso a algum instrumento. A maioria das pessoas já brincou com instrumentos musicais mesmo que não saibam tocar. Agora quem já entrou em um carro de corrida? Eu no máximo brinquei de kart, e mesmo isso é um passeio caríssimo.
Assim, o concurso do qual Jann participa tem muito de um American Idol ou algo assim, mas cuja promessa é a possibilidade de uma carreira ainda mais difícil de alcançar. E aconteceu mesmo. O filme até mostra fotos do Jann de verdade ao lado da sua contraparte cinematográfica.
DISTRITO 9
Caso você ainda não tenha percebido, o diretor de Gran Turismo é Neill Blomkamp, que começou com tudo no excelentíssimo Distrito 9, mas seus filmes seguintes não alcançaram o mesmo sucesso. Gran Turismo certamente não é autoral como a maior parte da cinebiografia de Neill. Como Michel Gondry e seu Besouro Verde, este é um filme de produtor, onde ele teve pouco espaço para criar ou mesmo brincar.
Mas vou dizer, a direção de Gran Turismo talvez seja o mais legal do filme. As corridas são emocionantes e muito bem filmadas. Achei especialmente estiloso como Jann imagina o hud de Gran Turismo na sua frente mesmo quando está numa corrida de verdade. De longe, as corridas são os melhores momentos do filme, o que já era de se esperar.
De resto, Gran Turismo é bem “filminho padrão de produtor”. É um longa que conta uma história requentada, que o cinema não para de repetir, e que visa ganhar uns trocados e atenção em cima de uma marca famosa em outra mídia. Eu não diria que é um filme ruim, mas não é nada muito especial, e se não fosse o nome, se pá nem passaria nos cinemas brasileiros. Por outro lado, quem gosta de filmes sobre corredores profissionais pode se divertir com ele, e se pá vão sair da sessão sem nem saber que o videogame Gran Turismo existe de verdade – e tem até resenha no DELFOS.