Vira e mexe aparece um filme de terror laureado como um dos melhores dos últimos tempos, que chama a atenção da crítica e do público. Corra! é o exemplo do momento, tendo sido bastante elogiado pela imprensa lá de fora e angariado muita grana nas bilheterias.

Ele conta a história de Chris, um jovem negro que vai com a namorada branca até a casa dos pais dela no campo passar alguns dias. Logo que chega lá, as coisas começam a ficar estranhas, primeiro pelo comportamento da família da moça, o que até poderia ser atribuído a uma certa falta de tato racial.

Porém, os empregados negros do lugar agem de forma ainda mais bizarra e sinistra, sugerindo que há algo de podre rolando com a família e a casa aparentemente perfeitas. E que talvez Chris tenha motivos maiores para se preocupar além do tradicional “será que os sogrões vão me aceitar?”.

O filme tem duas coisas bem fortes a seu favor. A primeira é o clima. Ele consegue passar uma atmosfera estranha, desconfortável e sinistra durante toda sua duração. Mas também é preciso dizer que ele é muito mais climático do que assustador em si.

Não há sustos aqui, e se isso o torna até mais um suspense do que um terror propriamente dito, também significa que pelo menos não tem aqueles sustos fáceis e baratos da maioria das produções modernas. Não, nenhum gato vai pular de trás da porta por aqui.

A outra coisa que o diferencia e o coloca acima da maioria das produções recentes é sua temática. A questão racial está intimamente ligada com a história e é muito bem explorada, inclusive fugindo de um caminho óbvio que estava sendo sugerido em grande parte da película para dar uma reviravolta bem legal no terceiro ato.

Terceiro ato este que inclusive também acelera o passo e se torna muito mais movimentado do que os dois terços anteriores. Se por um lado é bom dar uma agitada nesse final, acrescentando um pouco de correria a algo que estava sendo puramente climático, por outro é essa parte também que deixa o filme mais comum, mais como uma produção de terror qualquer.

Como sempre nos casos desses filmes de terror muito falados, eu acabo indo assisti-los com uma expectativa muito alta e eles nunca satisfazem totalmente o que eu esperava. Corra! não escapa disso.

Eu realmente gostei do filme, do tema abordado e principalmente do climão que ele passa durante seus 104 minutos, mas não acho que vá ser um filme do qual eu vá me lembrar daqui a alguns anos, vá querer assistir de novo ou que eu vá incluir em listas pessoais de melhores filmes de terror.

Por isso, acho que três Alfredos e meio está de bom tamanho, mas também não seria um exagero dar quatro caso eu fosse mais benevolente. Seja como for, ele de fato é um terror/suspense acima da média recente e que só por isso já vale a atenção de qualquer apreciador do gênero.