Bullying

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Bullies. Toda escola em qualquer parte do mundo tem sua parcela desses indivíduos deploráveis. E sejamos francos, grande parte dos delfianos e delfonautas provavelmente já teve de lidar com sua cota dessas figuras desagradáveis em sua vida escolar. Eu sei que eu tive, mas na minha época ainda não havíamos importado o termo “bully” dos EUA, nos referíamos a eles por outras palavras que não dá pra reproduzir aqui, pois este é um site de respeito.

E veja só que coincidência, o bullying é justamente o tema deste documentário, que possui o criativo título de Bullying. O diretor Lee Hirsch acompanha por alguns meses várias crianças de diferentes idades que sofrem nas mãos dos valentões pelas mais variadas razões. Tem o tradicional menino agredido por ser fechado e esquisito, a menina hostilizada pela escola inteira (incluindo professores!) por ser lésbica e por aí vai.

A intenção é mostrar o impacto destruidor que esse abuso físico e/ou psicológico causa nesses indivíduos, justamente numa idade crucial para a formação de caráter de uma pessoa. E também o impacto sofrido pelos pais dessas crianças. E há casos pesados mostrados, com desfechos trágicos.

É impossível não solidarizar com os retratados e se indignar com a escalada alarmante desse tipo de babaquice, tanto na quantidade quanto na gravidade do tipo de humilhações e provocações praticadas atualmente.

Outro ponto forte do documentário é mostrar abertamente a completa apatia e falta de noção extrema de todos os profissionais de educação das escolas. É um total despreparo, o qual chega a ser ofensivo. Em determinada passagem, a vice-diretora de uma escola trata uma vítima de bullying pior que o próprio bully. Tudo porque ele não queria cumprimentar o moleque que acabara de lhe dar um soco na cara. Eu não sei quanto a você, mas se eu levasse uma piaba no meio da fuça, também não ia querer apertar a mão do sujeito.

Dá vontade de arriar as calças dela e jogá-la dentro de uma lata de lixo para ver se ela ia curtir. Ou será que ela ia regurgitar um dos lemas desses “profissionais” de educação, de que crianças são assim mesmo?

Infelizmente, depois que todos os personagens são apresentados, o filme fica um tanto repetitivo. E o documentário perde uma excelente oportunidade de mostrar também o outro lado. Por que não também acompanhar alguns bullies, para tentar entender o que pensam (ou, no caso, não pensam) esses garotos que se divertem às custas do sofrimento alheio? Seria, no mínimo, um interessante registro antropológico.

Visto que a intenção é conscientizar, não faria mal se tivesse conseguido registrar também mais cenas de bullying acontecendo. Tem algumas, mas se o diretor tivesse conseguido registrar coisas mais fortes, seu filme ganharia mais força pelo puro choque da idiotice humana em ação.

Mesmo com todos esses pormenores, o filme ainda é muito bom. E bem que deveria ser adotado em qualquer escola que tenha esse tipo de problema. Quem sabe assim, vendo as piores consequências que esse tipo de comportamento pode acarretar, ao menos algumas pessoas não passem a se respeitar mais no ambiente escolar? Não custa torcer.