As Férias do Pequeno Nicolau

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O Pequeno Nicolau, personagem criado por René Goscinny (aquele mesmo que também criou um tal de Asterix) e Jean Jacques Sempé está de volta aos cinemas com um novo longa. Conheci o garoto através da resenha do Corrales para o primeiro filme, o qual acabei não assistindo, mas após ver este As Férias do Pequeno Nicolau, trata-se de um erro que pretendo corrigir rapidamente.

O novo longa se passa naquela época mágica e ansiosamente aguardada por todas as crianças, as férias escolares. Nicolau ruma com seus pais para uma temporada relaxante na praia, em uma idílica cidade litorânea francesa. Lá, conhece novos amigos e vai se meter em altas confusões com o maior gostinho de nostalgia.

À primeira vista, o que mais me impressionou foi o visual. Não me lembro de ter visto em tempos recentes um filme tão colorido. A fotografia e a direção de arte capricham nas cores vivas, fazendo-as saltar aos olhos. Me lembrou até a época do cinema em Tecnicolor de tão fortes que elas são. Esse fator, complementado com a estética dos anos 50/60 de figurinos, carros e objetos de cena, deixa tudo ainda mais bonito. Visualmente, de fato, é maravilhoso e já valeria o ingresso só por isso.

Felizmente, todo o resto também é bem bacana. É legal poder ver um filme infantil mais inocente, sem certa dose de malícia que hoje em dia se faz presente em longas do gênero, mas sem desrespeitar a inteligência de ninguém, com um humor mais simples, porém na mosca, que tem muitos ecos com o clássico arco do Chaves em Acapulco, só que com crianças de verdade nos papéis infantis.

Seja esse tipo de humor mais bobinho, seja os devaneios à la Scrubs vividos por Nicolau e sua fértil imaginação, e até mesmo a relação entre os adultos e suas confusões, o longa acerta em praticamente todos os aspectos e consegue divertir do começo ao fim. Tem uma menina que me fazia dar risada só de olhar para a cara dela com seus olhos esbugalhados.

E, claro, há a questão da identificação. Aposto que, dentre o grupo de personagens apresentado, todo mundo vai encontrar alguém bem parecido com alguma contraparte de sua vida real. Tipo o moleque chorão e o garoto que come qualquer coisa, que me remeteram diretamente aos tempos nos quais eu ainda não me barbeava.

Até eu, que depois de velho fiquei bem mais chato e não curto mais filmes infantis, senti aquela velha mágica de criança de volta enquanto assistia. Assim fico imaginando como a experiência vai ser ainda mais legal para os fãs do personagem e do gênero em geral.

A única coisa, que não chega a ser ruim, mas que não me agradou muito, é que achei o final um tanto exagerado para o tom geral que a película havia apresentado até o momento. Funciona, é engraçado, mas para mim deu uma destoada. Ainda assim, vale ressaltar que não chega a ser um defeito, é mais questão de gosto mesmo.

Desta forma, quem quiser ver um longa de qualidade ao melhor estilo Sessão da Tarde, matinê com gosto de antigamente, não poderia pedir coisa melhor que As Férias do Pequeno Nicolau. Um belo programa para a família, e satisfação garantida tanto para os pequenos quanto para os adultos.

REVER GERAL
Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
as-ferias-do-pequeno-nicolauPaís: França<br> Ano: 2014<br> Gênero: Comédia<br> Duração: 97 minutos<br> Roteiro: Laurent Tirard e Grégoire Vigneron<br> Elenco: Valérie Lemercier, Kad Merad e Mathéo Boisselier.<br> Diretor: Laurent Tirard<br> Distribuidor: Imovision<br>