Antes de Watchmen

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Antes de Watchmen é um ambicioso projeto da DC Comics com o objetivo de fazer dinheiro explorar o passado dos protagonistas de Watchmen, a sacrossanta obra de Alan Moore e Dave Gibbons publicada entre 1986 e 1987 e que mudou para sempre o jeito de se fazer histórias em quadrinhos.

Desde o seu anúncio, o projeto já causou um alvoroço nos fãs. Alguns, como o Homero, ficaram bastante empolgados com o anúncio, afinal, o time de roteiristas e desenhistas selecionados para o projeto era de primeira. Outros, como eu, estavam mais céticos, pois julgavam que Watchmen era uma obra quase perfeita e a única coisa que poderia ser mudada seriam os meios para o final, algo que já havia sido feito no filme dirigido por Zack Snyder. Isso sem contar as carinhosas declarações de Alan Moore, que encarava o projeto como se fosse a vinda de Satã para a Terra.

Na metade do ano passado, a série finalmente chegou ao Brasil, publicada pela Panini Comics em formato encadernado, reunido em um único volume todas as histórias de um mesmo personagem. E com a recente publicação do último volume, chegou a hora de avaliar as histórias.

Como cada título possui uma equipe criativa diferente, optei por dar a cada um deles uma nota individual, organizados de acordo com a ordem que os encadernados saíram no Brasil. Será que estas histórias fazem jus à obra de Alan Moore? Ou será que é só um caça-níquel sem vergonha? É o que você vai descobrir.

Antes de começar, um aviso: embora eu não dê spoilers sobre o projeto, é praticamente impossível analisar uma obra dessas sem comparação com a original e, portanto, podem haver comentários com estragões do original. Por isso é recomendável que você tenha lido a HQ ou pelo menos assistido ao filme para ler esta matéria.

CORUJA

De todos os personagens principais de Watchmen, o Coruja era o que eu estava mais ansioso para ler. Afinal, vários eventos da vida do herói, como sua admiração por Hollis Mason, seu treinamento para se tornar o próximo Coruja e até mesmo o início de sua parceria com Rorshasch com certeza dariam ótimos prelúdios para a história principal.

Infelizmente, o autor J. Michael Straczynski não pensa da mesma forma que eu e resolveu apresentar todos os eventos citados acima de forma corriqueira durante a primeira parte da história. Nas outras três, acompanhamos o Coruja ajudando a Dama do Crepúsculo, aquela criminosa da qual Dan guarda uma foto autografada. Aqui descobrimos que ela não era exatamente uma vilã, mas sim uma cafetina de luxo com um gosto exótico para moda, que precisa pegar um serial killer que vem matando suas funcionárias. Enquanto isso, Rorschach, que se recusa a ajudar uma prostituta, “afoga suas mágoas” entrando de cabeça em uma religião radical.

A história até tem algumas sacadas maneiras e várias cenas de nudez gratuita, o que é sempre legal, mas no geral é bastante desinteressante e em vários pontos previsível ao extremo. E o Coruja, que deveria ser o principal personagem da história, acaba sendo ofuscado por seus dois parceiros. No final, descobrimos muito sobre a Dama e até descobrimos a origem da placa que o Rorschach carrega, mas a única coisa que acabamos descobrindo sobre o passado heroico de Dan e que não sabíamos em Watchmen é quem foi a mulher que tirou a sua virgindade.

Os desenhos desta edição são assinados por Andy Kubert, com arte-final de seu pai, Joe Kubert. Embora eles façam um bom trabalho, está longe de ser o seu melhor. Ainda assim, esta obra tem um certo valor sentimental, pois foi o último trabalho realizado por Joe antes da sua morte.

NOTA: 2,5

ESPECTRAL

Os anos 60 foram uma época de paz, amor e muito rock n’ roll, mas também foram uma época de psicodelia e muitas, mas muitas drogas. E imagino que os autores Darwyn Cooke e Amanda Conner (também responsável pela arte) tenham feito uso de várias substâncias ilícitas para entrar no clima da época antes de escrever esta história.

Aqui, encontramos Laurel Jane, a garota que viria a se tornar a segunda Espectral com apenas 17 aninhos. Cansada da tirania da mãe, que a obriga a estudar e treinar o dia todo e a impede de ter amigos, Laurie foge com um garoto que ela acaba de conhecer na escola, que se apaixona por ela por também sofrer pressão dos pais. Durante a fuga, o casal encontra uma van com três jovens muito descolados que os convidam para morar com eles em uma comunidade hippie em São Francisco.

Sim, amigo delfonauta, eu sei que é completamente bizarro imaginar algo feliz e alegre como o movimento hippie no depressivo universo de Watchmen, mas não arranque seus cabelos ainda. A coisa “melhora” quando a futura esposa do Dr. Manhattan precisa salvar a vida de seus amigos, que foram intoxicados por uma droga que induz seus usuários a comprarem qualquer coisa compulsivamente, criada por um traficante local para os executivos das gravadoras impulsionarem as vendas de discos!

Pausa dramática para o WTF!

Como você pode ver, esta é uma trama sem pé nem cabeça e não dá nenhuma nova dimensão à personagem. Há apenas dois pontos positivos nesta obra: o primeiro e mais aparente é a ótima arte de Amanda Conner e as brilhantes cores de Paul Monts, que deixam a história bastante agradável de ler, mesmo ela não tendo sentindo nenhum. O outro é a relação entre Laurie e Hollis Mason, o primeiro Coruja, a quem ela vê quase como um pai e amigo próximo, chegando até mesmo a escrever cartas para ele.

Poderia ter sido uma história muito tremendona se os autores tivessem escolhido outros rumos para ela, como o complicado relacionamento amoroso entre Laurie e o Dr. Manhattan por exemplo, mas infelizmente, não foi este o caso.

NOTA: 2,0

RORSCHACH

É difícil dizer porque o Rorschach é um personagem tão querido pelo público. Se você parar para analisar, ele é um extremista que abdicou de absolutamente todos os prazeres da vida para se dedicar à sua missão de purificação do mundo a qualquer custo, o que seria bastante detestável na vida real. Acho que justamente por ele ser tão fiel às suas convicções e tão empenhado em fazer o que é certo, de uma forma tão radical e quase caricata, é que ele seja tão amado entre os fãs.

Então, o que o renomado roteirista Brian Azzarello traz de novo e empolgante para a vida de tão renomado personagem? A resposta é simples, meu amigo: nada. Absolutamente nada.

Inspirado pelo manual delfiano de como se fazer um filme nada, o que temos aqui é uma história que não é ruim, mas também não é boa. Basicamente, Rorschach está no encalço de um traficante que é tão obcecado em matar o vigilante quanto o mascarado é em punir o crime. Paralelamente, a polícia investiga o caso de um misterioso serial killer que gosta de matar jovens garotas e entalhar textos em seus corpos. E basicamente é isso.

No começo a história realmente é promissora. O clima pesado de mistério, as lutas brutais em becos e a arte sombria de Lee Bermejo, com os cenários cheios de prédios altos e claustrofóbicos, te dão a impressão de que esta será uma grande aventura urbana, rivalizando com as histórias do Batman e do Demolidor. Porém conforme a trama avança, ela vai ficando arrastada e desinteressante. Os vilões são tão unidimensionais que não causam simpatia alguma e o mistério do serial killer é tão mal desenvolvido que você simplesmente não se importa com ele.

Até mesmo o Rorschach não é assim tão interessante quanto na obra original. Acho que isto se deve pelo fato da trama se passar antes do trágico caso de Blair Roche, o que faz com que o mascarado não seja tão pirado ainda. Até seria uma boa edição se o personagem tivesse um título mensal, como os super-heróis clássicos da Marvel e da DC, mas para uma “história de origem”, ela é bastante fraca.

NOTA: 2,5

DR. MANHATTAN

Se você se interessa por coisas completamente loucas e sem comprovação prática alguma como física quântica, realidades alternativas e a teoria do caos, esta história é um prato cheio para você, delfonauta.

Apesar da série se chamar “Antes de Watchmen”, esta história se passa durante a história original, pouco após o escândalo em rede nacional, que obrigou o Dr. Manhattan a tirar umas férias em Marte. Durante suas reflexões, o ser mais poderoso do universo resolve testemunhar como seria a sua vida caso tivesse escapado do fatídico acidente que o transformou em um deus cósmico.

O que faz desta história algo completamente genial não é o seu roteiro, mas a sua estrutura. O autor J. Michael Straczynski acertou em cheio ao mostrar os possíveis momentos da vida de Jon Osterman de forma não-linear e explorar várias possibilidades daquela vida, tentando decidir se ele será Jon ou o Dr. Manhattan e sendo ambos ao mesmo tempo enquanto pensa, o que torna tudo isso uma versão em quadrinhos do experimento teórico conhecido como Gato de Schrödinger.

Há uma passagem que gosto muito, onde ao final de uma página, Jon é obrigado a escolher se ele deve entrar na porta da esquerda ou da direita para encontrar sua noiva, algo bobo e trivial. Ao virar a página, nos deparamos com duas cenas quase iguais, mas que revelam que esta simples escolha da porta afetaria a decisão do presidente Kennedy em enviar o Comediante (na página da esquerda) ou o Ozymandias (na página da direita) para resolver a Crise dos Mísseis de Cuba, o que resultaria, respectivamente, em uma declaração de guerra ou em um bem sucedido acordo de paz. Em outra cena, o ponto de vista da trama alterna do Dr. Manhattan para outro personagem e somos obrigados a virar a revista de cabeça para baixo para ler a história. Estes são apenas dois exemplos, mas a edição inteira é recheada de dualidades assim.

Claro que toda esta loucura não faria sentido se a arte não ajudasse, mas o desenhista Adam Hughes e a colorista Laura Martin conseguiram capturar muito bem a essência da coisa, especialmente quando nos presenteiam com painéis cósmicos cheios de recortes de eventos, com explosões de cores cósmicas ao fundo.

Esta HQ é recomendada não só para os fãs de física quântica e seguidores da filosofia do Dr. Manhattan, mas também para todos os fãs de Watchmen, por fazer jus à obra original e não querer reinventar a roda.

NOTA: 5,0

COMEDIANTE

Toda a trama de Watchmen começa com a morte do Comediante, um ex-herói mascarado contratado pelo governo para realizar todo tipo de serviço sujo que se possa imaginar. Mesmo estando morto, ele marcou a vida de absolutamente todos os personagens da história e seu nome é citado a toda hora. Então, esta seria uma imensa oportunidade para aprendermos um pouco mais sobre esta misteriosa figura, e o que o transformou no amargurado e sádico ser do qual todos se lembram.

Porém ao invés de ir por esta óbvia linha, o roteirista Brian Azzarello resolveu viajar legal e inventar uma bizarra amizade entre Edward Blake e os irmãos John F. Kennedy e Bobby Kennedy, que foi ministro da justiça durante o mandato do irmão, mostrado na primeira parte da história. Pra você ter ideia, a primeira página mostra os três amigos jogando bola no gramado da casa branca!

Segunda pausa para o WTF!

Após a fatídica morte de JFK, da qual ele não fez parte, o Comediante é enviado ao Vietnã, aonde ele começa a perceber que gosta da guerra, enquanto sua relação com Bobby Kennedy, agora um senador e candidato à presidência totalmente contrário à guerra, se abala a cada dia.

Não há menção alguma à mulher que ele engravidaria mais tarde, à participação do Dr. Manhattan na guerra, ou mesmo aos Minutemen e, se não fosse por um breve encontro com o Coruja e o Rorschach, este título não teria ligação alguma com a obra original. A arte de J. G. Jones é competente e torna a HQ bonita, mas está longe de salvar a edição.

Poderia ser uma ótima história, mas o roteiro bizarro transforma tudo em uma piada sem graça. E o pior é que desta vez o comediante está vivinho da silva.

NOTA: 1,5

OZYMANDIAS

Se você leu Watchmen, provavelmente deve se lembrar que pouco antes da história atingir seu clímax, o Ozymandias conta detalhadamente toda a sua história de vida, da infância até os dias atuais. E se você se lembra disso, meu amigo, devo dizer que este título será um tormento.

A edição inteira é praticamente uma versão esmiuçada do que já está na obra original, só que ao invés de ser contada em apenas algumas páginas, aqui ela se arrasta por cinco entediantes partes narradas em primeira pessoa e com pouquíssimos diálogos.

As poucas coisas que o roteirista Len Wein, que foi um dos editores de Watchmen, adicionou aqui não acrescentam nada à trama original. É como ser forçado a assistir mais uma vez aquele filme que você conhece de cor. Nem mesmo a arte macabra de Jae Lee salva esta edição. Eu normalmente gosto do trabalho do cara, mas esta história é tão chata que até olhar para os desenhos, sem ler nada, tornou-se cansativo.

Talvez se você nunca tenha lido Watchmen ou não se lembra muito bem da história do Ozymandias esta edição possa lhe apetecer, mas fica difícil recomendar se não for este o caso.

NOTA: 1,0

DOLLAR BILL & MOLOCH

A este ponto, você já deve ter percebido que Antes de Watchmen é um projeto feito para arrecadar dinheiro com histórias medíocres, salvo algumas exceções. Porém nenhuma das obras grita a palavra “caça-níquel” mais alto do que estes dois títulos, convenientemente lançados na mesma edição aqui no Brasil.

Escrita por J. Michael Straczynski, Moloch é dividida em duas partes: na primeira, o vilão conta para um padre toda a sua traumática infância e como entrou para o crime. Na segunda parte, o mágico do crime, agora totalmente arrependido, é tirado da cadeia pelo Ozymandias e começa a trabalhar com ele. E bem, isso é tudo o que dá para contar sem entregar o final, que é bem óbvio.

O maior problema aqui não está nem no roteiro previsível, mas sim na arte. Em Watchmen e até mesmo nas demais histórias de Antes de Watchmen, Moloch é retratado como um cara quase comum, tendo como diferencial as orelhas levemente pontudas.

Mas aqui ele parece mais um elfo doméstico do Harry Potter, com sua estatura baixa e suas orelhas de morcego. Eu até entenderia se isto fosse uma estilização do desenhista argentino Eduardo Risso, que é um bom desenhista, porém a história se apoia muito na aparência deformada do protagonista, o que entra em conflito direto com a obra original. Não sei porque diabos o autor resolveu dar este aspecto ao personagem, mas com certeza foi uma péssima decisão.

Dollar Bill consegue ser mais unidimensional ainda: em uma única parte, conhecemos a vida de Bill Brady, um ex-atleta que se tornou garoto propaganda de um banco e entrou para os Minutemen apenas como jogada publicitária. Inspirado pela coragem de seus colegas, Bill resolve treinar duro e torna-se um verdadeiro herói até o dia de sua tragicamente hilária morte. Mais uma vez, Len Wein tenta esmiuçar o que já está na obra original, mas não acrescenta nada de novo. Pelo menos desta vez a trama é rápida e, aliada à arte oldschool do veterano Steve Rude, consegue entreter por alguns minutos.

NOTA: 2,0

MINUTEMEN

Quando eu fiquei sabendo sobre o projeto Antes de Watchmen, pensei que ele iria abordar somente as histórias dos Minutemen e imagino que muita gente também tenha pensado nisso. Afinal, o grupo de heróis mascarados que conquistou o coração dos nova-iorquinos durante os anos 40 foi extremamente importante para a obra original, porém vários membros do grupo nunca foram muito bem desenvolvidos e esta seria a oportunidade perfeita para consertar isto. Então, é de se esperar que eu estivesse bastante empolgado para esta edição.

Aqui acompanhamos toda a trajetória da velha guarda de heróis, do primeiro ao último dia, contada através de flashbacks por Hollis Mason, o primeiro Coruja. Entre os flashbacks, vemos a luta de Hollis para convencer seus ex-colegas de que a publicação do livro Sob o Capuz, que conta a verdadeira história dos Minutemen, é uma boa ideia.

O autor e desenhista Darwyn Cooke acerta em cheio ao explorar alguns dos personagens menos desenvolvidos, como o Traça e principalmente Silhouette, que não era quase ninguém na obra original e aqui rouba a cena. Até o Comediante, que não aparece muito, é bem retratado, melhor até do que em seu próprio título. E o final da história, meu amigo, é um dos mais surpreendentes que eu já vi e, por isso mesmo, um dos mais legais.

Apesar disso, o cara viaja legal e cria um bizarro romance homossexual sadomasoquista entre dois dos Minutemen. Não que eu seja homofóbico ou algo do tipo, mas a coisa aqui é apresentada de forma tão forçada que deixa tudo muito fora de tom com a obra original. Talvez um pouco mais de desenvolvimento no relacionamento destes personagens poderia ter deixado a coisa mais dramática e natural. Se está curioso para saber quem são os pombinhos, selecione o espaço em branco aí do lado para descobrir, mas já aviso que é um SPOILER: Justiça Encapuzada (óbvio) e o Capitão Metrópole!

Ainda assim, Minutemen não é algo genial e essencial como Dr. Manhattan, mas é um título bastante divertido de se ler e com certeza agradará à maioria dos fãs, exceto os ultra puristas.

NOTA: 3,5

A MALDIÇÃO DO CORSÁRIO CARMESIM

Oh. Meu. Deus. Por onde eu começo? Bem, como você já deve imaginar pelo título, esta seria uma prequência para Os Contos do Cargueiro Negro, aquela “HQ dentro da HQ” que serve como uma gigante metáfora para a obra original e que muita gente ainda não sabe se ela é ou não necessária para o entendimento da obra original. Mas aqui a nova aventura bucaneira, publicada em várias partes ao final de cada edição, não tem relação alguma com as demais histórias.

O protagonista é Gordon MacClachlan, um marinheiro escocês que morreu após um ataque pirata e acorda no Holandês Voador, o navio do tal Corsário Carmesim. Para recuperar sua alma, Gordon deve embarcar em uma busca macabra por três itens, enfrentando vários problemas em seu caminho, como traficantes de escravos, feiticeiras africanas e astecas que adoram arrancar a pele de seus prisioneiros ainda vivos. Parece divertido? Acredite, não é.

Ao invés de optar por algo direto, Len Wein resolve seguir uma narração em primeira pessoa com palavras rebuscadas e imensos pensamentos filosóficos sobre quão horrível é o destino do nosso herói. A história fica dando voltas e mais voltas e não chega a lugar nenhum. Parece até que o conto foi escrito por um imitador de quinta categoria de H. P. Lovecraft.

Já a arte de John Higgens, que foi o colorista de Watchmen, é realmente muito boa. Tão boa que chega a estragar a história. O cara manda bem no lápis e seus desenhos têm um nível de detalhamento incrível. O problema é que tanto detalhe em um espaço pequeno, como um quadrinho, deixa a página muito carregada e fica difícil saber no que exatamente prestar a atenção. Some isto ao roteiro confuso e você se pegará relendo a mesma página três vezes para ter um entendimento superficial do rumo da história. E o final é algo tão súbito, clichê e sem graça que eu juro por Glycon, tive que me segurar para não rasgar a revista.

Eu realmente não recomendo esta história para ninguém, mas, caso você goste de sofrer, pode lê-la na íntegra no site oficial da DC.

NOTA: 1,0

CONCLUSÃO:

Antes de Watchmen não é algo que chega aos pés da obra original, mas também não é um anúncio da vinda de Satã à Terra, como Alan Moore dá a entender. Ao tentar criar um passado para os personagens, os autores acabaram criando histórias que vão da vergonha alheia total a aventuras divertidas, porém esquecíveis, com raras exceções.

Acredito que Watchmen seja uma obra que deveria ser lida por todas as pessoas do mundo, mas acho difícil recomendar Antes de Watchmen a alguém que não lê quadrinhos regularmente, com exceção da história do Dr. Manhattan e talvez Minutemen. E mesmo para quem já é familiarizado com HQs, o projeto vale mais a pena pela arte do que pelo roteiro.

CURIOSIDADES:

Os Beatles fazem uma participação especial na história da Espectral.

– Cada edição de Antes de Watchmen possui três opções diferentes de capa. O curioso é que, embora você encontre duas delas em qualquer lugar do Brasil, as capas ilustradas por Jim Lee são de venda exclusiva da Livraria Cultura. Você pode conferir todas as capas desta linha especial lá embaixo, na nossa galeria.

– Uma vez discutindo sobre qual era a melhor obra de Alan Moore, um amigo meu disse “Watchmen é sem dúvida mais importante para os quadrinhos, mas V de Vingança é mais importante para a sociedade como um todo”. Particularmente, eu discordo desta afirmação. Acredito que todas as questões levantadas por Watchmen sejam muito mais profundas e importantes de serem refletidas e debatidas para a criação de um mundo melhor para todos. E você, o que acha disso? Deixe sua opinião aí embaixo nos comentários.

LEIA TAMBÉM:

Watchmen – Quem vigia os vigilantes?

Watchmen – O Filme – Quem vigia os lanterninhas?

V de Vingança – a HQ.

V de Vingança – o filme.

Top 10 Contra o Crime – Mostrando que o Alan Moore nem sempre é mau humorado.

Batman: A Piada Mortal – Dessa vez, o comediante é o assassino.

O Azar de Alan Moore no cinema – relembre algumas das piores adaptações de HQs já feitas.

Tremendões: Alan Moore – Um pouco mais sobre a vida e obra do mago anarquista das HQs.

Galeria

REVER GERAL
Nota
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Lucas Fernandes Corrêa
Lucas Fernandes Corrêa teve seu senso crítico forjado por games, HQs de super-herói e bandas de metal épicas que quase ninguém conhece. Para ele, quanto mais exagerado, prepotente, pomposo e gloriosamente ridículo for algo, melhor e mais divertido.
antes-de-watchmenPaís: Estados Unidos<br> Ano: 2012 (Estados Unidos)/ 2013-2014 (Brasil)<br> Autor: J. Michael Straczynski, Darwyn Cooke, Amanda Conner, Brian Azzarello e Len Wein<br> Número de Páginas: 108 (Coruja, Espectral, Rorschach, Dr. Manhattan), 140 (Comediante), 148 (Ozymandias), 84 (Dollar Bill & Moloch), 156 (Minutemen)<br> Editora: Panini Comics<br> Preco: R$ 12,90 (Coruja, Espectral, Rorschach, Dr. Manhattan), R$ 14,90 (Comediante), R$ 16,90 (Ozymandias), R$ 9,90 (Dollar Bill & Moloch), R$ 21,90 (Minutemen)<br>