Fazia um bom tempo que eu não jogava um bom walking simulator. E eu estava sentindo falta. Fazer o quê? Por mais que eu entenda a argumentação dos puristas de que “andar não é gameplay”, eu gosto muito desses jogos. Acho que eles têm um valor artístico muito grande, além de possibilitar a existência em um espaço virtual cheio de atmosfera. Nesta análise Paradise Lost falarei sobre este que entrou na minha lista da nata do gênero.

ANÁLISE PARADISE LOST GAME

Em Paradise Lost, você controla um moleque que, após perder a mãe, resolve se enfiar em um bunker nazista à procura de alguém. A questão é que o lugar não é um bunker de guerra normal. Trata-se de uma instalação subterrânea feita para os nazistas se protegerem da guerra. Na história do jogo, quando eles perceberam que iam perder, enviaram a elite ariana para morar nesse lugar até que estivessem fortes o suficiente para se reerguerem e esmagarem os inimigos. Obviamente, se você já jogou qualquer game na vida, sabe que não foi isso que aconteceu.

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Os nazistas curtiam um luxo.

O lugar parece abandonado, mas ele é obviamente cheio de história. Ao longo do jogo, você vai descobrindo o propósito da instalação, vai acompanhar a invasão dos aliados ao local e muito mais. Talvez o mais importante, no entanto, é Ewa, uma moça que começa a falar com você pelos alto falantes. Ewa diz que está presa na sala de controle, e quer sua ajuda para sair dali. A feliz coincidência é que, como ela está na sala de controle, é capaz de abrir portas e te guiar através de câmeras. Mais importante, ela é sua única companhia em um jogo que tem na solidão seu principal sentimento.

NÃO É ANÁLISE PARADISE LOST BANDA

setup da coisa toda lembra um bocado Bioshock. Talvez até como uma homenagem, você encontra um farol em determinado momento.

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Um homem, uma mulher e um farol. É assim que Bioshock Infinite define a série?

Porém, o ato de jogar, focado em exploração, atmosfera, e no diálogo entre os dois protagonistas remete mais a outro clássico dos walking simulatorsFirewatch.

Paradise Lost é um walking simulator com orgulho da categoria. Não há nem puzzles aqui. No máximo, muito de vez em quando, você precisa pegar um item e usá-lo em outro lugar. O foco – e o forte – é na exploração, na relação dos personagens e em simplesmente absorver o bunker como um todo, enquanto pensa nas coisas que aconteceram ali.

ERA PARA SER UM MISTÉRIO?

Talvez o principal problema é que Ewa é escrita como se fosse uma personagem misteriosa. Ela claramente não está te contando tudo, mas a verdade fica bem clara nos primeiros documentos nazistas que você encontra. Obviamente, eu não vou contar aqui do que se trata, mas não dá para negar que há um problema quando você mata o mistério antes mesmo de ele ser apresentado.

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Paradise Lost esbanja beleza e atmosfera.

O visual dos cenários é extremamente bonito, mas o que mais chama a atenção é o design de som. Mais especificamente, o som do silêncio. Paradise Lost passa solidão e quietude o tempo todo, mas o som nunca fica mudo. Você está sempre ouvindo a natureza, a construção se “movendo” e outras coisas que servem não para quebrar, mas para potencializar o silêncio e a solidão.

O jogo é relativamente curto, daqueles que dá para matar em uma tarde. Porém, uma coisa que me deixou com um gosto amargo é que, ao terminá-lo, ele apaga seu save. Considerando que ele tem alguns finais diferentes, eu realmente esperava uma seleção de capítulos, ou ao menos a opção de continuar do último save. Eu queria ver as repercussões de outras decisões, mas o jogo optou por me privar disso na esperança de que eu jogasse mais uma vez. E eu até o jogaria de novo eventualmente, mas essa atitude da desenvolvedora me pareceu hostil e desnecessária.

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Não eliminou, claro, o quanto eu me envolvi com a experiência toda e o quanto curti explorar esse local subterrâneo, mas admito que deu uma azedada. Foi tipo terminar uma bela lasanha e comer jiló de sobremesa.

Então fica a dica. Jogue Paradise Lost. Ele merece. Mas faça um backup do seu save quando entrar em uma canoa. Quem avisa amigo é!