O reboot de 2016 de Hitman, para mim, acabou sendo arruinado por ter sido lançado em episódios. Eu joguei os dois primeiros. Gostei do que joguei. Porém, na impossibilidade de continuar o jogo, fui para outros lançamentos e, quando o resto saiu, já tinha perdido o interesse. Felizmente, Hitman 2 saiu inteiro de uma única vez e, desta forma, eu pude saboreá-lo melhor.
HITMAN 2
Eu sempre fui um tanto fascinado pelo conceito da série Hitman, mais até do que gostava dos jogos em si. Lembro de ter jogado o primeiro e, embora tenha achado interessante, me pareceu obtuso demais conseguir reproduzir os assassinatos exatamente como os desenvolvedores esperavam.
Em 2018, isso não é mais um problema. Cada fase/assassinato é um playground com dúzias de formas para cumprir seu objetivo. Inclusive, se você não quer perder tempo procurando, pode ativar uma das “histórias”, que envolvem waypoints passo a passo para matar os caboclos de formas épicas.
Isso é bem-vindo para alguém como eu, mas para aqueles que gostam de descobrir por conta própria, é só não ativar esta opção. Hitman 2, este de 2018, é tão acessível quanto você quiser que ele seja.
NOVOS ASSASSINATOS, MESMA HISTÓRIA
Hitman 2 continua diretamente a história do anterior. Aqui você começa no encalço do cliente do Hitman de 2016, mas eventualmente vai descobrir que o buraco é mais embaixo, inclusive com novas informações sobre a origem do malfadado Agente 47.
Aliás, se você jogou o Hitman de 2016, o fato é que não há muitas novidades aqui. O visual é basicamente o mesmo. A fórmula e o gameplay também. Hitman 2 é mais uma “segunda temporada” do que uma continuação tradicional. Inclusive, o tutorial presente aqui é exatamente o mesmo do anterior.
Não só isso, se você tiver o de 2016 e Hitman 2 na mesma plataforma, pode baixar de graça todo o primeiro jogo para ser jogado dentro deste. Fica tudo bem organizado nos menus, dividido em prólogo/tutorial, Hitman 1 e Hitman 2. Tem também uma história extra para a qual eu não tive acesso, que aparentemente está disponível para quem tiver a versão game of the year do jogo anterior.
COMO UM LIVRO
Você pode jogar qualquer fase e assistir a qualquer cutscene de qualquer um dos jogos a qualquer momento, sem a necessidade de ter jogado/assistido o que veio antes. É como um livro, onde você pode ler o último capítulo antes de ler os primeiros, se desejar.
Isso é bacana, mas infelizmente o jogo faz um trabalho fraco com seus saves. Não há opção de continuar a história de onde parou. Você precisa escolher a temporada, e depois o capítulo, então a responsabilidade de lembrar até onde você jogou é totalmente sua.
Para quem jogar tudo em poucos dias, não é um grande inconveniente, mas quem precisar fazer uma pausa de algumas semanas no meio da campanha com certeza vai se incomodar.
EPISÓDIOS INDEPENDENTES
O motivo para o anterior ter saído em episódios é que Hitman não quer mais ser um jogo onde você curte uma fase depois da outra. A ideia é cumprir os objetivos e carregar o mesmo capítulo de novo para ver outras possibilidades.
Eu entendo o apelo disso, mas não é para mim. Eu joguei todas as fases uma vez, tentando matar minhas vítimas das formas mais épicas e absurdas que consegui encontrar. Talvez, em algum momento no futuro, jogue a história inteira de novo planejando de forma diferente, mas não sou do tipo de pessoa que fica jogando a mesma coisa até ver tudo.
O lado bom é que, mesmo em minha jogada mais casual, eu criei umas cenas absurdas e divertidas. Em um dos meus primeiros assassinatos, por exemplo, eu me disfarcei de um mecânico de pit stop e soltei a roda do carro de corrida da minha vítima. Ela morreu de forma espetacular, e todo mundo considerou apenas um acidente.
Em outra, eu descobri que tinha um assassino na cola da minha vítima. Daí, ao invés de sujar minhas mãos, eu apenas criei as circunstâncias que facilitavam o trabalho do meu rival. Para isso, me disfarcei de pintor e fiz um retrato da vítima, apenas esperando o tiro chegar e espatifar os miolos do sujeito na parede.
É muito divertido planejar e executar estes assassinatos absurdos. A sensação de sair de uma fase sem ninguém sequer saber do seu envolvimento é única.
Claro, para conseguir executar tudo perfeitamente, você conta com a possibilidade de salvar e carregar a qualquer momento, e daí entra algo que me incomodou. Tanto para salvar quanto para carregar, você precisa esperar o jogo carregar a lista dos seus saves. E isso demora uns 10/15 segundos. Curiosamente, o ato de salvar é instantâneo, mas enche o saco ter que esperar tanto tempo sempre que você quiser fazer um save próprio.
SEAN BEAN É O IMORTAL
Hitman 2 traz de volta os alvos elusivos, fases temporárias que você pode jogar apenas uma vez, sem salvar. O primeiro destes, e o que eu joguei, foi o Sean Bean, ator conhecido por… bem, morrer. A piada ainda é mais óbvia por Mark Faba, o personagem de Bean, ser apresentado como um criminoso que já foi assassinado várias vezes, mas ele sempre dá um jeito de escapar. Eu ri.
Não acho que eu vou voltar a Hitman 2 com frequência para matar outras celebridades, mas foi divertido fazer esta fase extra e matar o eterno Boromir, ainda que não tenha sido um dos meus assassinatos mais épicos.
Embora minha campanha de Hitman 2 tenha sido mais tradicional, jogando cada capítulo uma vez, eu me diverti com ele. Continuo achando a série uma das mais únicas dos games, e o fato de ela agora ser mais acessível e menos focada na adivinhação, a torna ainda melhor do que era antes.
Independente de você querer jogar como uma história ou como um playground, vale a pena jogar Hitman 2.
