Rango

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Uma animação que junta Johnny Depp e o diretor do legalzudo Piratas do Caribe em um cenário western não poderia dar errado, não é mesmo? Pois é. Mas deu.

Para começar, temos o roteiro. Rango é um lagarto que vai parar numa cidadezinha do velho oeste e começa a contar histórias de pintudice extrema. Pouco depois, por acidente, acaba matando uma ave predadora, fazendo com que a cidade o nomeie xerife. Onde eu já vi exatamente essa mesma história antes? Ah, é. Aqui.

Não é só a história em geral que é a mesma, mas cada passo dela já foi feito antes. Tem até o momento em que o vilão lambe a mocinha. Eu nunca entendi a obsessão estadunidense com vilões lambendo mocinhas inocentes, mas convenhamos que colocar isso em 84,71% de todos os filmes lançados nos últimos 50 anos já deu o que tinha que dar. Chega!

Se não se esforçaram para criar uma boa história, ou sequer cenas únicas, por que esperaríamos algo diferente disso do humor? Absolutamente TODAS as piadas presentes aqui já foram usadas antes. Não, eu não estou exagerando. Não tem nenhuma gag criada especificamente para Rango. De desenhos antigos até não tão antigos, de referências diretas a piadas que ninguém sabe exatamente quem criou, todas elas já foram vistas antes.

E olha só, eu sou um cara que gosta muito de várias vertentes de humor e sei muito bem que parte da comédia é ser surpreendido e parte é “reconhecer” algo já feito antes. Não vejo problema em repetir uma ou outra piada, especialmente essas mais standard (pense em tortas na cara ou cascas de banana, para entender o que quero dizer), mas criar um filme que apenas requenta o que já foi feito e se considera uma comédia também não está certo.

Caramba, então Rango não tem qualidades? Tem sim. Duas, que garantiram o meio Alfredo da nota. A primeira é o design dos personagens, que consegue deixar bichos feios simpáticos e bonitinhos, além de todos eles terem a maior cara de velho oeste.

A segunda é a trilha sonora. Eu sempre adorei as trilhas sonoras de faroestes e a de Rango é uma das melhores. Destaco especialmente a versão presente aqui da clássica Cavalgada das Valquírias, que ganhou um sabor western bem especial.

Dessa forma, os personagens de Rango podem ser bonitinhos o suficiente para eu querer bonequinhos deles, assim como a trilha me dá vontade de comprar o CD. Mas nada, absolutamente NADA, me dá vontade de comprar o ingresso. E você também não deve fazer isso. Rango é tão cara de pau quanto Viagens de Gulliver e filmes assim devem ser extintos. Não incentive esse tipo de coisa. Ao invés disso, compre ingressos para ver filmes de verdade, que tentam criar algo.