X-Men Origens: Wolverine

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Hail and kill, true believer delfonauta! Cá estou eu, balançando como um furacão enviado por Hefesto em divindade olímpica para resenhar este que prometia ser o filme mais true desde Milk Sin City.

Pois minha escalação para esta resenha não foi fácil. Inicialmente, o filme seria criticado pelo Cyrilove (esse apelido é muito mariquinha, o Cyrino deveria exigir que fosse mudado para algo mais true, tipo Cyrithunder ou Cyrainbow. Nada diz “eu sou macho” como um arco-íris pintudão), mas eu movi alguns pauzinhos na Caverna do Arco-íris, onde me refugio – foi lá que o Dio viu o arco-íris no escuro que inspirou seu maior sucesso – para que a data fosse mudada até que nosso amigo desistisse e eu fosse, finalmente, escalado. Ainda assim, os problemas continuaram.

Por pouco não chego a tempo na cabine, mas como sei que o ditador supremo me açoitaria se chegasse atrasado – e, sabe como é, eu só gosto de ser açoitado nas minhas horas vagas – dei uma corrida e estava lá no horário combinado. Infelizmente, o filme não estava, e a sessão só foi começar após mais uma hora de atraso. Atrasos não são true e, justamente por causa disso, tenho certeza absoluta que meu arqui-inimigo, o Morrse, tem algo a ver com isso. Provavelmente foi mais um de seus esquemas para impedir minha inserção ascensão nos anais delfianos.

Como o delfonauta já sabe e qualquer pessoa com um mínimo de cérebro é capaz de deduzir, X-Men Origens: Wolverine, conta a origem do X-Men mais popular e pintudão, o Wolverine. E o filme começa pintudão, indeed. A primeira cena remete diretamente à minissérie Origem, mostrando a primeira manifestação das garras de osso no nosso herói em uma sombria noite onde ventos uivantes são vociferados.

Aí entram os créditos iniciais, que mostram a passagem do tempo enquanto o Dentes-de-Sabre vai ficando cada vez mais sanguinário e, consequentemente, mais true. A trilogia big dick fecha com a primeira cena pós-intro, onde Wolvie, Dentinho e sua patota do barulho protagonizam uma cena de ação tão estilisticamente tremendona e tão absurdamente fenomenal que poderia até ser protagonizada pelo Dante que, além de pintudão, é um demônio – e isso só o torna mais true.

Essa abertura parece até africana de tão pintuda (agradecimento à delfonauta Mel pela excelente analogia). O problema é que, como normalmente acontece em casos de pintudice extrema, ele não consegue manter a ereção. Imediatamente, me veio à mente X-Men 2, que começa com aquela cena do Noturno, que conta até com a presença do vento preto cada vez que o personagem se teleporta, e depois dá uma esfriada forte. Ainda é um bom filme, mas não dá para negar que ele não tem nada tão impactante depois daquela cena.

Porém, Wolverine é bastante inferior a X2. Para falar a verdade, ele lembra bastante o X3 – e recomete vários erros de lá. Em especial o fato de pegar vários personagens com altíssimo potencial e não aproveitá-los o suficiente.

Pegue, por exemplo, toda a patota de aço que protagoniza o início do filme com a dupla principal. Era realmente necessário matar o Charlie Merry Bradley logo na cena seguinte? E o Blob só tem uma luta para dizer que tem, pois poderia ser qualquer outro personagem e a luta em questão é tão desnecessária quanto eu dizer para alguém que gosto de Heavy Metal. Admito que também não curti o fato de ele não começar gordo. Afinal de contas, o poder mutante dele não é, justamente, ser gordo? E o Gambit, mano! Ter um dos X-Men que a turminha mais queria ver no cinema reduzido a uma ponta chega a ser ofensivo.

Da patota toda, o que mais aparece é o carinha do Black Eyed Peas (o que não é nem um pouco true, já que tinha uma mulher na banda e fazer banda com mulher é coisa de mariquinha). E ele está no filme claramente apenas para satisfazer as cotas raciais. Nem poder próprio o sacripanta tem, já que é apenas uma versão menos estilosa do Noturno.

Graças a Lúcifer, o anjo da luz, contudo, o Dentes-de-Sabre está tremendão. Não sei se é minha natural predileção por personagens que flertam com o lado negro (o Pyro no X2 também merece menção nesse aspecto) ou se é fruto do roteiro e da atuação do pai do Damien, mas gostei bastante dessa nova encarnação do vilão. Só não entendo porque ele não é mais loiro e cabeludo, como sempre foi. Pessoas true sempre são loiras e cabeludas, tipo o Thor e o Hulk Hogan.

Quem não está muito true, por outro lado, é o Wolverine. Eles fazem várias referências ao fato de a verdadeira natureza dele ser animalesca, mas isso nunca chega a ser mostrado, pois ele é extremamente contido durante toda a projeção. Isso fica claro já nos créditos iniciais, quando o Dentinho esganiça uns caboclos e o Logan olha para ele com aquela cara de medo que as minhas namoradas costumam fazer quando vislumbram toda a glória trovejante da minha ferramenta lusitana pela primeira vez. Decepcionam também as lutas entre os dois, já que são todas resolvidas muito rápido.

A maior decepção, contudo, é a história. Além de óbvia, tenta colocar muitas informações e personagens em pouco tempo, e sofre as impiedosas consequências disso.

Porém, verdade seja dita, algumas das cenas de ação presentes aqui estão entre as mais hell, yeah dos últimos tempos. Você provavelmente já babou na parte do helicóptero no trailer, então vá já vestindo camisinha, pois tem várias outras nesse nível por aqui. Se não fosse por essas cenas, eu seria obrigado a deixar o hall depois de ver o Wolverine dando uma de mariquinha e chorando por amor. Mostrar sentimentos não é proibido, mas também não é true.

Enfim, X-Men Origens: Wolverine é um filme legal, que vale a pena ser assistido no cinema, em especial pela sua direção estilosa. Mas ele poderia ser tão mais. E sabe o que é mais engraçado? Ele já seria bem mais se fosse menos. Ou seja, ao invés de colocar um monte de personagens importantes do gibi como pontas, poderiam ter focado no relacionamento Wolvie/Dentinho, e assim a gente não sairia do cinema com aquela impressão de “esperei anos para ver o Gambit no cinema e os caras me dão isso”?

Curiosidades:

– O professor Xavier faz uma ponta aqui, mas a maquiagem usada para rejuvenescer o caboclo o deixou deveras assustador. Eu odiaria acordar à noite e ver aquela cara esticada na minha frente – ou pior, na minha mente. E olha que eu sou macho pra caramba e não tenho medo de nada. Nada, a não ser minhocas, é claro.

– Sessão furos de roteiro: onde o Ciclope arranjou aqueles óculos vermelhos que permitiam que ele abrisse os olhos sem quebrar tudo? Ao que me consta, quem resolveu esse problema do poder incontrolável dele foi o Xavier.

– Sessão vergonha alheia: o Wolverine falando que “está tudo acabado entre nós” para o Dentes-de-Sabre foi a coisa mais fruta que um homem já disse para outro na tela grande. Hugo Jacomão, faça o favor de deixar o hall.

– Sessão true que é true não conhece tudo sobre gibis porque investe seu tempo se besuntando em óleo: o Dentes-de-Sabre é irmão do Wolverine nos quadrinhos? Dessa eu não sabia. O.o

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
x-men-origens-wolverinePaís: EUA<br> Ano: 2009<br> Gênero: Testosterona Total<br> Duração: 107 minutos<br> Roteiro: David Benioff & Skip Woods<br> Elenco: Hugh Jackman, Liev Schreiber, Danny Huston, Dominic Monaghan, Ryan Reynolds, Taylor Kitsch, Will.I.Am, Lynn Collins, Kevin Durand e Daniel Henney.<br> Produtor: Lauren Shuler Donner, Ralph Winter e John Palermo<br> Diretor: Gavin Hood<br> Distribuidor: Fox<br>