Teenage Mutant Ninja Turtles: Mutants in Manhattan

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A história das Tartarugas Ninja nos games tem muito a ver com a história da desenvolvedora Platinum. Analisemos.

AS TARTARUGAS MUTANTES ADOLESCENTES NINJA

Quando o mundo conheceu a tremendice das tortugas, lá nos anos 80, não demorou para elas estrelarem games. Arrisco dizer que o arcade delas talvez tenha sido a máquina mais popular no Brasil. E quem não lembra de quando ele foi adaptado para Nintendinho? Todo mundo falava Turtles Dois, é igual ao do fliperama.

Muitos outros jogos foram lançados na época, e vários deles eram realmente legais, como Turtles In Time e o jogo de luta Tournament Fighters. Pois é, naquela época a Konami não fazia apenas um PES por ano e máquinas de pachinko. Naquela época a Konami era uma das melhores desenvolvedoras dos games, e Tartarugas Ninja era uma de suas principais franquias,

Após Tournament Fighters, no entanto, a popularidade do desenho clássico diminuiu e os jogos minguaram. Os heróis voltaram à TV no início dos anos 2000, e com isso novos jogos começaram a ser feitos, ainda pela Konami. E esses jogos eram simplesmente uma porcaria. Leia nossa retrospectiva com todos os jogos estrelados por elas para testemunhar o declínio.

A PLATINUM

Quando surgiu, nem tanto tempo atrás, a desenvolvedora Platinum já chegou com os dois pés na porta lançando o excelentudo Bayonetta. No ano seguinte, ela veio de Vanquish, jogo agraciado com o cobiçado Selo Delfiano Supremo.

Outros jogos saíram nesse meio tempo, mas estes foram os dois principais, e o nível de pintudice foi tamanho que a empresa conquistou o coração dos gamers de tal modo que seus jogos a partir daí passaram a ser assinados como “um jogo da PlatinumGames”.

Aí que começaram os problemas, pois a desenvolvedora desistiu de criar IPs próprias, e passou a lançar jogos licenciados. O primeiro dessa leva a ter maior apelo foi Metal Gear Rising: Revengeance. Muitas pessoas gostaram deste título, mas eu admito que tive que me forçar para chegar ao fim, graças ao level design fraquíssimo do jogo.

A tendência de jogos licenciados continuou, com Transformers: Devastation, que sofre do mesmo problema da falta de inspiração, bem como o recentemente lançado Star Fox Zero, que eu não joguei, mas que também vem colecionando resenhas negativas.

É com muita dor no coração que chegamos a Mutants In Manhattan, o jogo que enfia a estaca de vez naquela desenvolvedora tão criativa de Vanquish e Bayonetta. Prevejo que depois da repercussão negativa que este vem tendo, a Platinum vai dar uma de M. Night Shyamalan, e começar a lançar seus jogos sem chamar tanta atenção para sua assinatura. Afinal, a Platinum infelizmente deixou de ser sinônimo de jogos pintudos e de qualidade.

MUTANTES EM MANHATTAN

Pior que, ao colocar TMNT: Mutants in Manhattan para rodar, você pode até levantar um pouco as esperanças. É visível que a Platinum puxou algumas influências dos clássicos da Konami, em especial de Turtles in Time. Por exemplo, corra por alguns segundos em uma direção e a tartaruga começa a correr mais rápido. Aperte para frente e o botão de ataque forte com o Donatello e o movimento vai ser igualzinho ao especial do roxinho em Turtles In Time.

Essa empolgação não demora para passar quando você entra na primeira fase e vê quão pouco inspirado é seu design. Basicamente, você é jogado em um mapa aberto, e de tempos em tempos recebe uma missão da April. Algo como vá até o lugar X e mate todos os inimigos, ou desarme quatro bombas, ou proteja o caminhão de pizza (!). Complete a missão e a barrinha do chefe vai se enchendo. Quando ela encher, April fala que descobriu a localização do chefe e você pode ir até lá enfrentá-lo.

Todas as missões têm limite de tempo, e se você não as cumprir antes do reloginho chegar a zero, falhará. Ao falhar, simplesmente a barrinha do chefe não enche nada e a April passa uma nova missão. E o jogo é isso, basicamente uma sequência de sidemissions pouco inspiradas e, quando você cumprir um número pré-estabelecido delas, pode encarar o chefe e passar de fase para fazer tudo de novo em outro cenário.

Os chefes envolvem personagens conhecidos, como Bebop, Rocksteady, Karai e, claro, Krang e o Destruidor. Infelizmente, as batalhas se arrastam por tempo demais. Na dificuldade padrão, cada chefe tem sete barras de energia (no difícil são nove!) e cada um dos seus ataques tira apenas um tiquinho delas.

Assim, é comum você lutar contra um dos vilões por mais de dez minutos e acabar morrendo, e daí tem que tirar toda a energia de novo. E o pior: tem limite de vidas. Morra três vezes no chefe e você terá que refazer a fase inteira de novo.

ONLINE

Mutants In Manhattan é um jogo claramente feito para se jogar em cooperativo. Seu design focado em objetivos curtos lembra bastante o Helldivers, com a diferença de que este é um jogo vendido a preço cheio, e não um título com valor reduzido.

Se ainda a parte do multiplayer fosse bem programada, poderia render uma diversão descompromissada. Você deve imaginar que, como o jogo é totalmente focado no coop online, deve ter uma opção de deixar o seu jogo aberto e genéricos vão entrando e saindo conforme você joga. Pois é, se fosse assim, isso não seria tanto problema.

Ao invés disso, o modo história e o modo multiplayer ficam totalmente separados no menu. Na história, você joga sozinho, com as outras três tartarugas sempre controladas pela IA. Você pode alterar livremente entre cada uma delas.

Já no multiplayer, você escolhe uma tartaruga no início e joga a fase toda com ela. O problema é a forma como isso foi programado. Você precisa abrir uma sala e esperar outros jogadores entrarem. A partir do momento que você começa o jogo, ninguém mais entra. Ou seja, ou você fica muito tempo esperando a partida lotar, ou joga com menos do que quatro pessoas.

Eu tentei por vários dias entrar na sala de outras pessoas e sempre dava erro de conexão. Tive mais sucesso quando abri a minha própria sala. Depois de um bom tempo, dois sujeitos entraram e eu joguei com eles. Terminamos a fase, um deles saiu e eu entrei em uma nova fase com o outro. E daí mais problemas de programação.

Eu estava em uma fase na qual todas as tartarugas devem entrar em um metrô para progredir. Só que as duas tartarugas controladas pela IA simplesmente sumiram. Ficamos meu novo amigo e eu procurando por elas sem sucesso, e sem poder progredir. Acabei dando quit e entrando em uma nova fase. Só que antes de liberarmos o chefe nesta nova fase, o jogo simplesmente travou. Não foi o Xbox que travou, foi apenas o jogo, pois eu ainda podia abrir o painel e fechar o game. O que não conseguia fazer era continuar jogando. Depois dessa desisti de jogar online.

SANTA TARTARUGA

O combate é bastante bagunçado, mas até que é um tanto divertido. Cada uma das quatro tartarugas é totalmente diferente das outras, e você ainda pode customizá-las com especiais, que vão desde coisas de suporte, como recuperar energia, a ataques mais potentes.

A maioria dos golpes podem ser usados por qualquer personagem, mas alguns são exclusivos. O Leonardo, por exemplo, tem o poder de deixar todos os inimigos mais lentos para todos os jogadores, o que é uma mão na roda contra os chefes, que são todos bem rápidos. Em mais uma falha de design, no entanto, o jogo não deixa claro quais são as habilidades exclusivas, e você só vai perceber isso quando for tentar colocar uma exclusiva do Raphael no Donatello.

Os cenários das fases não são muito variados, e embora haja apenas nove estágios, alguns deles, como os esgotos, se repetem mais de uma vez, acabando totalmente com a vontade de explorar, que já é baixa graças ao design que nada mais é do que uma sequência de sidemissions.

A história, se não é exatamente marcante (basicamente mais um plano do Destruidor de fazer jus a seu nome e destruir a cidade), pelo menos tem bastante humor e as cutscenes são divertidas, muito por causa do enorme carisma dos personagens.

Admito que durante todas as primeiras fases, estava realmente tendo que me forçar a jogar. Nas últimas duas fases, o negócio melhora um pouco. Em uma delas, você assume o controle de um robô super-poderoso, e a outra é basicamente uma fase de porrada no elevador, na melhor tradição 16-bit. E devo dizer que gostei bastante da luta final contra o Destruidor, o que fez com que a minha impressão do jogo ao terminá-lo tenha melhorado um pouco, e eu até aumentei a nota que daria de acordo.

Basicamente, por todas as suas escolhas de design, o que temos aqui é um jogo que não faz nenhum sentido ser jogado sozinho, e o sistema online não é suficientemente bem implementado para que você consiga jogar online sem acidentes de percurso (veja minha experiência, que das três fases que consegui jogar online, duas deram um pau que me forçaram a sair do jogo).

Para completar, não há coop local, o que poderia ser justamente a sua característica salvadora. Consigo me imaginar dividindo o jogo com três amigos e me divertindo bastante, mas infelizmente isso só é possível com cada um nas suas casas com sua própria cópia do jogo. E eu não recomendaria que três amigos meus comprassem Mutants In Manhattan.

Um jogo das Tartarugas Ninja criado pela desenvolvedora de Bayonetta. Essa frase é tão épica que ela foi proibida de ser falada até mesmo nos halls de Valhalla. Infelizmente, a obra que saiu dessa inusitada mistura é algo totalmente sem inspiração, o típico jogo licenciado que a maioria das pessoas vai ignorar. E não vai perder nada.

A cópia de TMNT: Mutants in Manhattan analisada nesta resenha foi cedida pela Activision.

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