Dark Souls é muito influente. Todo mundo sabe disso, e eu sou o primeiro a reconhecer suas qualidades. Assim, já fizeram clones dele de todos os jeitos. Tem plataforma 2D. Tem isométrico. Tem com armas de fogo. Já rolou até uma versão em missão de escolta. A única coisa que ainda não fizeram é um clone que reproduza as coisas boas do jogo original sem imitar sua irritante dificuldade. Remmant: From the Ashes não vem para mudar isso. Na verdade, ele não vem para mudar nada, se limitando a repetir apenas coisas que já foram feitas antes.

REMNANT: FROM THE ASHES

A única coisa que afasta Remnant: From the Ashes das dezenas de Souls clones que saem todo mês é o fato de ele ter sido desenvolvido pela Gunfire Games. Este estúdio tem bastante gente da finada Vigil, criadora de Darksiders, e foram efetivamente os desenvolvedores de Darksiders III (que, curiosamente, também acabou virando um Souls clone).

Remnant: From the Ashes, Gunfire Games, Delfos
Pior que até os cenários são parecidos.

Ele até tenta colocar algumas novas cores, mas o problema é que existem tantos Souls clones atualmente que é literalmente impossível acrescentar algo novo no gênero. Remnant: From the Ashes combina combate corpo a corpo com armas de fogo, exatamente como Immortal Unchained. E ele também é pensado para ser jogado em coop, em times de três.

Porém, eu o joguei no período pré-lançamento, então não consegui entrar no jogo de ninguém, e ninguém entrou no meu. Talvez as coisas mudem esta semana, mas considerando que eu não consegui terminar The Division 2, que é bem maior, por falta de gente jogando, diria que a forma mais segura de curtir este coop seria comprando o jogo com uns camaradas. Não há coop de sofá, apenas online.

MESMO FUNCIONAMENTO

De resto, Remnant: From the Ashes é totalmente familiar. Tem checkpoints que funcionam exatamente como as fogueiras. Tem upgrades. Tem equipamentos com estatísticas. E tem uma dificuldade absurdamente injusta. Tudo grita genérico. Tudo demonstra quão pouco esforço foi feito para criar algo diferente.

Remnant: From the Ashes, Gunfire Games, Delfos
Até a posição que o herói senta no checkpoint é a mesma de Dark Souls.
Remnant: From the Ashes, Gunfire Games, Delfos
As portas de chefes têm fumaça. Onde você viu isso antes?

Infelizmente, o que Dark Souls tem de mais legal, seus mundos lindamente detalhados, não foi imitado aqui. Eu joguei Remnant: From the Ashes por oito horas até o momento. Parte deste tempo foi explorando uma cidade destruída (o que já é comum paca), mas o grosso foi mesmo passado em uma enorme quantidade de dungeons que acontecem no esgoto.

Esgotos provavelmente são o cenário mais comum dos games, o que acho bem curioso. Estamos falando de uma mídia que tem o potencial de criar mundos, de levar o jogador a cenários fenomenais (o que Dark Souls faz muito bem). E mesmo assim parece que 80% dos jogos resolvem desperdiçar este potencial criando esgotos. Em Remnant, você deve passar cinco minutos na superfície, e duas horas no esgoto. Daí sai para a superfície e repete novamente. Todos os dungeons parecem ser dentro do esgoto. Além disso, todos os chefes que encontrei, com exceção de uma árvore gigante, são simplesmente versões de inimigos comuns com barras de vida infladas.

Remnant: From the Ashes, Gunfire Games, Delfos
Estamos num ponto em que é mais fácil destacarmos os jogos sem cenários no esgoto.

Apesar da falta de inspiração nos cenários, o layout é legal, e a exploração é muito boa. O que me leva ao meu próximo ponto.

HÁ DIVERSÃO AQUI

Remnant: From the Ashes é genérico até não poder mais. Porém, a fórmula que ele replica é boa. Tem motivos para Dark Souls ter sido tão influente. É simplesmente um jogo muito bom. Remnant: From the Ashes carece de inspiração, inovação e mesmo personalidade, mas ainda consegue ser divertido.

O combate é prazeroso e é legal poder combinar ataques corpo a corpo com armas de fogo. A coisa fica ainda melhor quando o jogo decide explorar mais os tiroteios. Em geral, a munição é limitada, então você usa os tiros apenas quando necessário. Porém, há trechos em que os inimigos também atiram e, assim, dropam munição. Estes são os momentos mais interessantes que encontrei até agora.

Remnant: From the Ashes, Gunfire Games, Delfos
O combate é bacana. Os cenários não.

Imagino que o jogo melhora muito ao ser jogado com amigos. O foco na exploração não é exatamente apropriado para jogar com aleatórios, mas com alguém que você conhece, compartilhando um chat, deve ficar ótimo. Em especial porque isso deve dar uma boa aliviada na absurda e injusta dificuldade. Desde que, claro, a quantidade de inimigos e a vida dos chefes não dobre ou triplique de acordo com o número de jogadores.

Eu ainda não terminei Remnant: From the Ashes e, sinceramente, duvido que termine. Simplesmente falta-me tempo e saco para jogar mais um desses clones que obrigam a ficar uma hora ou mais repetindo o mesmo trecho ou empacado no mesmo chefe.

Remnant: From the Ashes, Gunfire Games, Delfos
Este aí, em especial, me custou 90 minutos de vida.

No entanto, neste momento eu não estou travado nele. Em Immortal Unchained, por exemplo, eu cheguei a travar e fui obrigado a desistir por falta de habilidade mesmo. Isso ainda não aconteceu aqui, mas quis aproveitar o lançamento hoje para publicar algumas impressões.

Devo jogar mais um pouco e, se for o caso, voltarei a falar dele por aqui. Mas não encare isso como uma promessa. Convenhamos, alguém ainda tem saco para MAIS UM clone de Dark Souls?