Reborn: A Samurai Awakens é extremamente quebrado

Eu odeio minha vida!

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A Samurai Awakens, Reborn, Circle Entertainment

Delfonauta, encontrei. Finalmente, em minha incansável busca jornalística, cheguei ao que acredito ser o pior jogo da história: Reborn: A Samurai Awakens. Trata-se de algo tão absurdo que, mesmo eu não tendo desembolsado bufunfa alguma pelo jogo, eu fiquei pessoalmente ofendido. Também fui atingido por uma imensa empatia e pena por qualquer pessoa que tenha o PS VR e que, por ventura, possa ter considerado investir 15 dólares nisso.

O jogo é tão ruim, mas tão ruim, que deveriam desenterrar os cartuchos de ET do Atari do deserto e enterrar este no lugar. Só que, como este jogo é apenas digital, e portanto não é vendido em discos, precisaríamos enterrar todos os PS4s que ousaram instalá-lo em seus HDs. Se alguém quiser fazer esta benevolência, me avise, que eu cedo meu PS4 Pro simplesmente para colaborar para que esta porcaria fique esquecida na história.

REBORN: A SAMURAI AWAKENS

Reborn: A Samurai Awakens é um jogo de ação inspirado por Star Wars. Você pode empunhar dois sabres de luz, duas pistolas, ou qualquer combinação delas. E dá para usar a força, puxando os inimigos na sua direção, e depois empurrando-os para longe.

A coisa até teria potencial. O combate abre a possibilidade de defender ataques de espada, mas isso é totalmente de lua. Mesmo tendo certeza que eu estava fazendo o movimento certo (bloqueando o caminho da lâmina inimiga com a minha), quase nunca funcionava. Mas seria legal se funcionasse. Também é bacana apertar um botão e ver o sabre de luz se transformando em uma pistola, ou mesmo cruzar as espadas e ouvir aquele barulhinho característico enquanto faíscas voam.

A Samurai Awakens, Reborn, Circle Entertainment

E estes são todos os elogios que posso fazer ao jogo. Os inimigos vêm em dois tipos: aqueles que atacam de perto, e devem ser derrotados com os sabres; e os que ficam atirando de longe, e devem, portanto, ser abatidos com armas de fogo. O primeiro problema é o quanto cada inimigo demora para morrer. Eles precisam literalmente de dezenas de ataques para cair. Usar a força, por outro lado, mata qualquer um instantaneamente, mas só é útil para quem chega perto. E o level design envolve basicamente andar até um waypoint, vencer algumas dezenas (quiçá centenas) de inimigos, e andar mais um pouquinho para repetir o processo.

As fases só demoram um tempo para terminar por causa de quantos inimigos vêm em cada checkpoint. Várias vezes parecia que o jogo deu pau, pois cada inimigo que eu matava fazia popar outro, aparentemente infinitamente. Mas sabe o que é pior? É que o jogo dá pau de verdade!

E PAUS FREQUENTES

Na segunda fase, tem um monstrão enorme que serve de chefe. Depois de cortá-lo 6.666 vezes com meu sabre de luz, ele caiu. Tinha um samurai me assistindo do balcão, mas ele ficou lá, parado, e eu não sabia o que fazer. Fiquei por vários minutos andando em volta da sala. Daí resolvi reiniciar o checkpoint. Imediatamente, o samurai pulou na minha direção. Por que ele não pulou naturalmente? Ninguém sabe.

A Samurai Awakens, Reborn, Circle Entertainment

A luta contra ele era praticamente um QTE. Eu precisava encaixar meu sabre de luz na silhueta que aparecia, para me defender. Só que, depois do primeiro ataque, olha só o que acontecia.

A Samurai Awakens, Reborn, Circle Entertainment
Se você não entende nada, é porque o cara está literalmente ocupando o mesmo espaço que eu.

Eu tentei de tudo. Resetar a câmera e andar para trás, ou para frente, mas o cara sempre “entrava” em mim, e eu não conseguia achar a silhueta. Algumas que consegui achar apareceram atrás de mim e, você sabe, o PS VR não consegue rastrear se você der as costas para a câmera.

Chacoalhando meus braços feito um porco com lepra, eu consegui de alguma forma passar. E daí fui para a fase seguinte, enquanto pensava fortemente em mudar de profissão e considerando porque diabos sofro tanto para criar conteúdo para o DELFOS.

A PRÓXIMA FASE

A próxima fase manteve o mesmo estilo. Centenas de inimigos, separados por alguns poucos passos. Daí veio o chefe. O mesmo samurai da fase anterior, agora montado em um pássaro. Ele ficava longe demais para ser atacado com a espada, e meus tiros pareciam não danificá-lo.

A Samurai Awakens, Reborn, Circle Entertainment

Depois de uns dez minutos voando ao meu redor, o samurai pulou do pássaro e veio para a porrada. Daí um tempo depois um sujeito claramente inspirado pelo General Grievous se juntou à luta. O samurai se afastou. O Grievous se aproximou. E parou na minha frente.

A Samurai Awakens, Reborn, Circle Entertainment
Ele ficou assim.

Ele ficou lá, parado, sem ser atingido pelos meus tiros e longe demais para ser atacado com os sabres. E é isso. Tentei reiniciar do checkpoint, esperançoso que isso resolveria o problema, como no chefe anterior. O checkpoint voltou à luta do pássaro, e eu não estava disposto a esperar mais 10 minutos lá para ver se dessa vez o jogo não dava pau. Em nome da minha saúde mental, resolvi parar de jogar, e vim escrever este texto.

COMO ISSO É POSSÍVEL?

Pode parecer que estou pegando pesado, mas na verdade estou até deixando de falar de muitos outros problemas, como o visual sem texturas e os textos em inglês com tantos erros que ficava difícil de entender (Se você acha o famoso “all your base are belong to us” ridículo, você nem imagina o que tem aqui. Esta frase pelo menos dá para entender).

Reborn: A Samurai Awakens é tão ruim que não consigo imaginar como isso foi aprovado pela Sony e está sendo vendido no PS4. E mesmo como diabos a desenvolvedora fez isso e colocou à venda. Não é questão de opinião, um simples teste no primeiro encontro com o samurai, e ele atravessando o jogador, mostra como o jogo não está pronto para ser comercializado.

A Samurai Awakens, Reborn, Circle Entertainment

A única possibilidade que consigo pensar é algo tipo o que Uwe Boll fazia no cinema, em que ele conseguia ganhar dinheiro com filmes ruins através de jogadas com os impostos alemães.

Reborn: A Samurai Awakens é o tipo de jogo tão quebrado e tão ruim, que a maioria das pessoas sequer tem ideia de que é possível existir algo assim. É um dos “benefícios” do meu trabalho, eu acho, mas fico pensando como se sentiria alguém que de fato comprasse este jogo esperando algo legal. É, literalmente, caso pra Procon.