Rampage: Total Destruction

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Sempre tive um certo fascínio por essa série. Desde bem antes de jogá-la pela primeira vez, já nutria muita curiosidade por ela. Tinha a impressão de ser o único game que daria vazão aos instintos assassinos do jogador. Já estava cansado de ser sempre o herói, queria ser o vilão para variar um pouco. Quanto tive a oportunidade de colocar minhas mãos no jogo de Nintendinho, então, foi uma decepção imensa. Gráficos ruins (até para a época) e jogabilidade idem, achei que a única coisa legal no jogo era mesmo o seu tema. Para quem não sabe, na série Rampage, você controla um monstro imenso que vai de cidade em cidade causando destruição enquanto é caçado pela polícia e faz vários lanchinhos, normalmente compostos da nutritiva carne humana.

Mesmo com a decepção dessa primeira versão, continuei com um certo carinho pela série, até que descobri que existia uma nova versão chamada Rampage: World Tour. A-há, agora sim! Os gráficos estavam super legais, com uma pinta de animação de massinha e os monstros não eram mais feios, pelo contrário, agora eram monstros extremamente carismáticos, o que contribuiu para que uma boa dose de humor fosse inserido no game, como normalmente se faz em jogos cujo objetivo é destruir a raça humana. Por que será? Bom, me diverti bastante com o World Tour e a série subiu bastante no meu conceito. Outros Rampage saíram depois, mas mantendo o mesmo estilo de gráficos e sem novidades.

Pois vejam só, em pleno 2006, descubro por acaso que saiu uma nova versão chamada Rampage: Total Destruction, então vou correndo atrás dele. E, cara, foi um verdadeiro refresco para minha alma gamemaníaca. Finalmente encontrei um jogo onde eu não preciso ir até as fases para começar as missões e que, graças a Deus, não conta com os malditos puzzles de empurrar. É pura e simples destruição sem frescuras. Você escolhe um monstro, escolhe uma cidade e já começa a destruir prédios. Ah, como é bom poder jogar novamente uma fase atrás da outra, sem ficar preso em sidequests ou perder tempo em cutscenes chatas, entre outras modinhas atuais.

As novidades em relação aos jogos anteriores são mínimas. Para começar, os gráficos estão fenomenais, com um design muito legal, principalmente dos monstros, que são bem simpáticos. Agora é possível andar para frente e para trás, além do tradicional esquerda/direita, mas isso não faz muita diferença. A jogabilidade ainda é a mesma: coma alguns humanos, destrua helicópteros e tanques, escale e derrube todos os prédios de um quarteirão e vá para o próximo para continuar sua jornada sádica.

As mudanças consistem basicamente em um sistema de desafios, por exemplo “coma 10 advogados” (o que prova que os monstros não são tão maus quanto eu pensava). Se você cumprir essas missões, você ganha um golpe novo, entre quatro disponíveis, que são os mesmos para cada monstro. Além disso, é possível destravar novos monstros se você jogar com um personagem pré-estabelecido em determinadas fases. São 30 bichos no total, mas as mudanças são basicamente visuais. Senti uma diferença real em apenas dois, dos que consegui destravar: um morcego, que é capaz de voar e uma lula que consegue escalar os prédios e bater sempre do mesmo lado (os outros batem para a direita ou para a esquerda, dependendo da mão que ficou para cima quando estiver escalando). Aliás, aqui entra minha única reclamação, pois acho um saco ficar liberando coisas e o código para destravar tudo que encontrei na net não funcionou.

Alguns chefes também foram incluídos no último quarteirão de cada cidade, mas nada que faça muita diferença e, na verdade, eles podem até ser ignorados caso você não queira os pontos extras, pois a fase termina mesmo quando você destrói os prédios.

O design dos bichos é o grande astro do game. Eles são, ao mesmo tempo, fofinhos e maus. Olhar o rosto deles depois de comer um humano é bem engraçado, assim como suas reações caso você mande eles comerem veneno.

Outra grande vantagem é o sistema de vidas. Você tem três vidas e, quando você morre, ressuscita no mesmo lugar (Deus abençoe os jogos old-school). Caso você perca as três vidas, você simplesmente volta para o início do quarteirão, com mais três vidas à disposição. Trocando em miúdos, este é um jogo bem fácil e isso não é de forma alguma um problema.

Também é legal o fato de o jogo permitir o sistema cooperativo de dois jogadores, coisa cada vez mais rara nos jogos atuais que só têm multiplayers competitivos. E olha só que legal, caso um dos dois perca as três vidas e o outro ainda tenha algumas extras, é possível “roubar” vidas para continuar jogando em dupla. Quem lembra disso nos jogos do Nintendinho sem dúvida vai ter uma certa nostalgia ao jogar com um amigo.

De brinde ainda temos aqui as versões arcade do primeiro Rampage e do World Tour (que já começam liberadas, nada daquela chatice de fazer missões secundárias chatíssimas para poder jogar os clássicos), mas como ambos são bem longos e não existe a possibilidade de salvar as partidas deles, acabou sendo uma inclusão quase inútil.

Total Destruction é um jogo simples e é justamente aí que está seu charme (embora os jogadores mais jovens devam achá-lo simples demais). Para mim foi uma verdadeira descoberta e se tornou um dos meus jogos preferidos do momento. É um daqueles games recomendados para partidas curtas, bem no estilo arcade mesmo. E vai por mim, você vai se divertir muito jogando.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
rampage-total-destructionAno: 2006<br> Gênero: Destruição<br> Plataforma: Gamecube, PS2<br> Fabricante: Pipeworks Software<br> Versao: PS2<br> Distribuidor: Midway<br>