Possível cancelamento e entrevistas com Overkill e Uriah Heep

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Recebemos as entrevistas abaixo que fazem parte da divulgação do festival Masters Open Air. Esta tarde, foi publicado no site da Rock Brigade (www.rockbrigade.com.br), uma nota que dizia o seguinte: “O promotor do festival Masters Open Air acaba de informar à Rock Brigade que o evento marcado para o dia 24/7, em São Paulo, NÃO vai acontecer e que a organização do mesmo estará soltando um comunicado oficial nas próximas horas. Mais informações em breve.”. Esta nota foi tirada do site depois de pouco tempo e nós do DELFOS ainda não recebemos nenhuma notícia sobre o assunto. Fique ligado que assim que (e se) soubermos de algo, você será o segundo a saber (o primeiro serei eu, ué ).

Entrevista com o guitarrista Mick Box, do Uriah Heep – Julho 2004

O Uriah Heep é um ícone do rock dos anos 70. Como você analisa a carreira da banda em retrospectiva, considerando todo o seu pioneirismo na experimentação de novos sons e estilos?

Eu considero que nossa carreira tem sido fantástica. Nós descobrimos bem cedo, em 1970, que nós queríamos ser um banda de rock melódico que incorporasse órgão Hammond, a minha guitarra Les Paul com pedal wah-wah e 5 vocalistas que produzissem harmonias muito dinâmicas. No decorrer dos anos, estilos de música surgiram e desapareceram, mas nós sempre estivemos confortáveis com a música que criamos e, portanto, nunca sentimos necessidade de seguir a moda em determinado momento. Eu acredito firmemente que uma boa música passa no teste do tempo, e nós fomos felizes o suficiente em já ter um bom número delas com o passar dos anos.

A mudança de integrantes tem sido uma constante na longa jornada da banda. Atualmente no Uriah Heep há apenas um membro original (você). Como isso afeta a essência do grupo?

Qualquer pessoa que se junta ao Heep sabe o que esperar musicalmente e é bem fácil até de se adaptar ao nosso estilo. Eu suponho que sou contagiante e entusiástico o suficiente para que os outros músicos que tocam comigo sintam a mesma alegria de compor e tocar que eu sinto.

Algumas das mais marcantes características da banda nos anos 70 eram a voz de David Byron e os teclados de Ken Hensley, sem sombra de dúvida. Como a falta deles afeta a banda?

As mudanças tiveram que ocorrer e nós simplesmente tivemos que seguir em frente. Foi muito difícil substituir David, é claro, por ser o vocalista principal, mas não houve opção naquele momento. Essas coisas são sempre complicadas, mas você tem que entendê-las e agir de forma a fazer as coisas continuarem acontecendo.

Se você tivesse a oportunidade de formar uma banda com músicos top dos anos 70, sem contar os do Uriah Heep, quem seriam eles?

Teclados – Jon Lord (Deep Purple), baixo – Glenn Hughes (Deep Purple), bateria – John Bonham (Led Zeppelin), vocais – Paul Rodgers (Free, Bad Company).

Uma das mais representativas músicas do grupo é “July Morning”. Um dos aspectos que salta aos olhos é justamente a duração da música, de mais de 10 minutos. Seria isso possível hoje em dia?

Sim, eu acho que não há limites para a duração de uma música contanto que ela esteja “dizendo” algo musical e liricamente.

O que você acha do público do Uriah Heep e sua resposta à música da banda?

Eu sempre me espanto com a reação das pessoas. Muitas delas já me disseram que a música do Heep funciona como uma trilha sonora para suas vidas. Eu creio que isso ocorra por ser uma música poderosa com letras sempre positivas na maior parte dos casos.

Qual foi o concerto mais importante para você pessoalmente, de toda a carreira da banda?

Um no Royal Albert Hall de Londres. Minha mãe estava nos assistindo e ela estava muito orgulhosa de mim. Foi como o auge do sucesso do seu filho pela perspectiva dela, pois tratava-se de uma casa de espetáculos das de maior prestígio no mundo.

Como é projetada para o Século XXI a proposta do Uriah Heep, contrastando a experiência e o caráter lendário do grupo com as facilidades tecnológicas da vida moderna?

Um bom exemplo dos benefícios da chamada era digital é justamente a forma como essa entrevista está sendo conduzida, por e-mail, o que é fantástico. Outro dia eu estava num restaurante com minha família e enviei um e-mail ao Rodrigo Werneck, nosso webmaster brasileiro, através do meu Blackberry, um dispositivo portátil tipo “handheld”. Impressionante! O nosso website (www.uriah-heep.com) nos permite uma conexão com os fãs que antes não tínhamos. Com relação à música, eu acredito que usar métodos analógicos dão um “calor” ao som que os métodos digitais não provêm.

Você prefere LP’s ou CD’s?

Eu adoro o lado nostálgico, quase romântico, dos LP’s, mas os CD’s são certamente muito mais fáceis de se carregar para lá e para cá. Minha esposa recentemente me comprou um iPod no qual posso gravar mais de 10.000 músicas. Logo, atualmente eu carrego quase a minha coleção inteira nele.

Qual a sua opinião sobre as bandas atuais de heavy metal, o que mudou em relação às grandes bandas dos anos 70?

Eu acho que o problema que eu tenho com as bandas atuais é que a maior parte delas soa muito parecido. Nos anos 70 todos os guitarristas tinham o seu próprio estilo, e o mesmo valia para tecladistas, baixistas e bateristas. Por exemplo, eu não tocava como o Ritchie Blackmore, Ritchie não tocava como Tony Iommi, e Tony não tocava como Jimmy Page. Nós éramos todos indivíduos com percepções diferentes e isso funcionava para todos os músicos naquela época. Hoje em dia, parece que todos os guitarristas vão estudar na mesma escola e retornam com técnica apuradíssima, mas nenhuma identidade própria.

Se você pudesse retornar no tempo, qual época da história do Uriah Heep escolheria?

Seria legal voltar a tocar para públicos de 20.000 pessoas ou mais novamente, 365 dias ao ano, ter um Learjet e guarda-costas de novo, etc. Mas eu me considero uma pessoa abençoada, que continua trabalhando com o que gosta e viajando pelo mundo. Nenhum trabalho pode ser melhor do que esse. Eu simplesmente aproveito as oportunidades que a vida tem me fornecido em tantos aspectos diferentes.

A turnê sul-americana apenas inclui shows em 2 países, Brasil e Bolívia. Por que não ocorrerão shows em outros locais?

Nós fomos inicialmente convidados pelos promotores do Masters Open Air para ser a atração principal do festival, e depois decidimos buscar alguns shows extras no Brasil para montar uma turnê. Houve interesse na Bolívia e acabamos fechando esse show que marcará o 49o país no qual o Uriah Heep se apresentará, na sua história de quase 35 anos de existência. Retornar ao Brasil após 9 anos também será uma experiência extraordinária, já que o público brasileiro entende a nossa música e retorna a energia da melhor forma possível, sob forma de empolgação. Vamos nos divertir certamente!

Leia a entrevista com o Overkill abaixo…

Entrevista por: Antonio Pedro – Showmaster

Primeiramente, fale sobre os projetos futuros do Overkill. Quando vocês lançarão um novo álbum?

Nós estamos sempre trabalhando em novas melodias, entraremos em estúdio em Setembro deste ano, e o novo disco deverá ser lançado no começo de 2005.

Diga aos seus fãs brasileiros que bandas você está ouvindo no momento, e quais são as cinco maiores influências do Overkill.

Estou ouvindo In Flames…

As bandas que mais me inspiraram foram Judas Priest, Black Sabbath, Ramones, Motorhead e Iron Maiden, essas são apenas algumas, muitas outras poderiam estar nessa lista.

O Overkill está marcado para representar o thrash metal no Masters Open Air, no dia 24 de Julho em São Paulo, em um tipo de evento que não ocorre há mais de 6 anos por aqui. O que você pensa sobre participar do retorno dos grandes festivais ao Brasil? E ainda, para participar de um festival e tocar pra milhares de pessoas?

Tocar para muitas pessoas é ótimo, o país idem. Eu adorei a primeira vez em que estive aí em 2001. Naquele ano nós participamos de alguns festivais e a resposta foi ótima, eu espero que possamos repetir esses bons momentos.

O que as pessoas que irão ao festival podem esperar do Overkill? Que músicas estarão em seu setlist no Masters Open Air?

Desculpe-me… Vocês terão que esperar pelo show! É segredo!

O que você se lembra sobre sua primeira passagem por aqui?O que mais te marcou no Brasil, e o que você está esperando do show?

Estou esperando entusiasmo… O que mais me marcou no Brasil foi o entusiasmo. Foi perfeito!

O que você pensa do retorno das bandas de thrash metal dos anos oitenta como Exodus e Metal Church? E o que você acha de bandas como o Metallica e Slayer, que surgiram na época de ouro do thrash metal nos anos oitenta e agora fazem um som completamente diferente do que faziam, exatamente o contrário do OVERKILL, que até hoje não mudou as características de seu som?

Eu realmente presto mais atenção no Overkill e não nos outros. Eu penso que esse é o principal motivo que nós fazemos música ano após ano. Deixem que os outros façam música como quiserem, isso nunca nos afetou.

Sobre as novas bandas de thrash como In Flames, Dew Scented, Arch Enemy, The Haunted e muitas outras, que não fazem o mesmo tipo de thrash metal tocado nos anos 80 mas o fazem muito bem. Algumas das novas bandas fazem algo novo, o In Flames por exemplo, parecem que reinventaram a uma nova maneira de fazer thrash metal.

Você acha que está crescendo o interesse pelas bandas de thrash metal, coisa que não aconteceu na década passada? Você pensa que pode haver um retorno da “Era de Ouro Thrash Metal”, considerando que a cena atual tem uma gama de ótimas bandas, como Annihilator, Testament, Anthrax, Destruction, Kreator, Overkill, o retorno do Exodus e Metal Church, e muitas novas bandas, como Arch Enemy, In Flames e The Haunted? Fale sobre isso.

Eu penso que a música sempre têm seu valor, isso é o principal fator de seu crescimento ou sua volta nos últimos anos. Algumas das novas bandas estão passando pelo que passamos anos atrás.

Nos diga como está a cena thrash metal nos Estados Unidos.

Ela está viva!

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