Perdidos no Espaço – O lançamento da primeira temporada em DVD

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Antes de irmos à resenha, e como é habitual aqui no DELFOS, onde prezamos a honestidade acima de tudo, devo admitir que nunca tinha assistido essa série. Já tinha ouvido falar, é claro, afinal, trata-se de um clássico da televisão. Porém, meu único contato com ela foi o filme lançado em meados dos anos 90 que, pelo que sei, de igual tem apenas o nome. Leitores avisados, vamos ao texto.

Essa foi uma cabine inusitada. Ao contrário da maioria, onde filmes que estão para estrear são exibidos, aqui veríamos episódios de uma série de TV já muito assistidos e reprisados. Além disso, estariam presentes alguns dos dubladores originais da série, disponíveis para entrevistas. Mas vamos por partes.

Ao chegar lá, fui encaminhado para a cobertura, onde seria o evento. Contudo, não era lá que os jornalistas deveriam esperar pelo início. Descemos de elevador, subimos de novo e acabamos ficando por lá mesmo, pois parecia que ninguém sabia onde deveríamos estar. Depois dessa breve bagunça, decidi xeretar as caixinhas do box de DVDs. Os DVDs ficam em um estojinho digipack, acomodados em encaixes que lembram páginas de um livro. Muito legal e prático.

Pouco depois, começa a exibição do primeiro episódio da série, intitulado The Reluctant Stowaway (algo como O Clandestino Relutante). Nele, somos transportados ao longínquo ano de 1997 (a série foi exibida entre 1965 e 1968), onde a superpopulação da Terra faz com que os seres humanos tenham que procurar abrigo em outros planetas (alguém lembrou do álbum Somewhere Out In Space, do Gamma Ray, lançado justamente no ano de 1997? Não? Ok, deixa para lá…). Então, para colonizar o espaço, é enviada a família Robinson, composta apenas por gênios (mas peraí, como uma família vai colonizar o espaço? Incesto?). Claro que nem tudo sai como deveria, graças à sabotagem do Dr. Smith, espião de um governo inimigo. Porém, a vida (ou os roteiristas) também não dá mole para Smith, que fica preso na nave e vai para o universo com a família, um piloto e um robô (o personagem mais famoso da série).

O episódio, em preto e branco, é muito legal, alternando ficção científica com humor de forma bem dosada e inteligente. A única decepção veio no final, pois era um episódio com continuação. Se já é ruim ter que esperar uma semana para ver o que vai acontecer, imagina quão ruim é você simplesmente ficar sem saber por tempo indeterminado.

Episódio terminado, é hora de entrevistar os dubladores. Como não conhecia a série e não tinha perguntas, apenas colei no pessoal e fiquei anotando alguns assuntos mais interessantes. Entre eles, descobri que a dubladora Helena Samara, que faz a voz da senhora Robinson, também fez Wilma Flintstone. Puxa, eu conheci a Wilma Flinstone. E ela disse que mora em um prédio que chama DELFOS.

Ela também disse que, pelo seu timbre de voz, mesmo quando era jovem nunca era chamada para fazer voz de jovens. Em toda sua carreira, seguiu fazendo principalmente voz de senhoras e de vilãs. Aí eu, que sempre imaginei que dublar um vilão deve ser uma das profissões mais divertidas que existem, tinha que perguntar sobre isso. Ela respondeu que, embora seja realmente divertido, também é mais difícil, pois exige maior interpretação e variações de voz. Outra curiosidade é que, na época da série, a dublagem era feita com todos os atores ao mesmo tempo. Ou seja, se um errava sua fala, danou-se.

Nesse momento, Gilberto Barole, a voz do robô (e que também fez o Saga, de Cavaleiros do Zodíaco), sentou ao meu lado e aproveitei a chance para bater um papo exclusivo com ele. Perguntei sobre dúvidas que sempre tive sobre o mundo da dublagem, que sempre me fascinou muito. Uma delas é sobre o que Gilberto pensa sobre quando os famosos dublam com péssima qualidade um filme e ganham mais por isso. Gilberto respondeu que, na verdade, eles ganham a mesma coisa pela dublagem, mas acabam faturando um a mais para autorizar a vinculação de sua imagem ao filme, coisa que um dublador normal não pode fazer (não no sentido de proibição, mas no sentido de ninguém conhecer os dubladores).

Gilberto disse também que um de seus sonhos é existir um órgão no Brasil que regularize a qualidade da dublagem. Ou seja, se uma dublagem não estiver legal, mandariam de volta para a casa de dublagem, que seriam obrigados a fazer tudo de novo. Isso acabaria com a má qualidade das dublagens dos últimos tempos. Perguntei se existia um órgão assim em algum lugar do mundo e ele respondeu que existe na Argentina. “Existem muitas casas de dublagem que pegam quem está querendo entrar no mercado e que aceitam trabalhar por menos. O problema é que nem sempre essas pessoas têm qualidade para fazer um bom trabalho. Existe muita panelinha no meio.” explica Gilberto.

Também perguntei sobre a substituição dos dubladores em séries, onde dificilmente vemos (ouvimos) a mesma turma por duas temporadas seguidas. Gilberto diz que isso acontece apenas no Brasil, porque o público não se manifesta a respeito. Assim, as casas de dublagem aproveitam para substituir por quem cobra menos ou substituir o dublador ao primeiro sinal de dificuldade. “Nem sempre é de sacanagem, às vezes o ator está trabalhando em outros projetos e não tem como participar. Mas a substituição deveria ser só em último caso.” finaliza Gilberto.

Peço então para tirar fotos dos quatro dubladores juntos. Escolho o lugar para eles se posicionarem, crente que teria fotos exclusivas (é, eu sou inocente mesmo), mas um monte de fotógrafos apareceu do nada e tirou a atenção dos dubladores da minha lente, mas beleza, ossos do ofício.

Volto ao meu lugar e começa a exibição do piloto da série intitulado No Place To Hide (Sem Lugar Para se Esconder), nunca antes exibido. Esse piloto não conta com Dr. Smith e nem com o robô, tirando boa parte do carisma da série. Além disso, tem seus primeiros minutos muito parecidos com o Episódio I (da série, tira Star Wars da cabeça, meu). Ouvi um dos membros do fã-clube comentar que muitas cenas do piloto foram distribuídas entre os seis primeiros episódios da série. Como não estava gostando muito do episódio (o que assistimos antes é bem mais legal) e já estava ficando tarde para os compromissos que tinha, aproveitei para me mandar.

No geral, foi uma manhã bem agradável, pois finalmente tive a oportunidade de conhecer uma série clássica, que correspondeu e até mesmo superou minhas expectativas. Para quem gosta de ficção científica e humor (e se você está lendo esse texto, você provavelmente se encaixa na descrição), é imperdível.

O box da primeira temporada de Perdidos no Espaço contém 8 DVDs e seu lançamento está marcado para a próxima quarta-feira, 24 de julho. O preço sugerido é de R$ 199,90. O box com a segunda temporada sai ainda este ano.

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