Pelé Eterno

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Antes de ir ao cinema assistir Pelé Eterno, li algumas resenhas negativas sobre este projeto que me desanimaram um pouco de correr logo que o filme estreou. Após algumas semanas, com as outras boas opções para assistir, esgotadas, resolvi ceder e dar uma chance para conferir de perto se eu concordava ou não com os críticos especializados.

Depois de uma chuva de gols e jogadas geniais, posso afirmar que é uma pena, mas realmente, o novo “documentário” de Aníbal Massaini Neto sobre o maior jogador de futebol de todos os tempos, não conseguiu representar nas telas o que Pelé significou nos gramados.

O maior problema é o filme / documentário não se preocupar em mostrar o lado humano de Pelé e nem desmistificar a sua identidade por trás da lenda. Pelo contrário, ele perde pouquíssimos minutos se concentrando nas origens de Edson Arantes do Nascimento, seu contato com a família, seus amigos, e sua vida longe do mundo do futebol, o que convenhamos é um erro, pois deixamos de conhecer mais sobre o homem Edson e já acreditamos que um garoto de 17 anos pode chegar na Seleção Brasileira de uma hora para a outra, sem maiores barreiras.

Esse lado “Super-Homem” afugentou quem estava atrás de maiores detalhes sobre a vida íntima de Edson e, provavelmente, foi a causa da irritação dos críticos. Não que os produtores não tenham aberto espaço para cenas de Pelé com sua família, em especial, sua mãe e sua esposa, mas tudo o que temos são depoimentos combinados, textos decorados, nada espontâneos e muito constrangimento em uma cena, particularmente irritante e forçada, quando Pelé se emociona com as homenagens de seus antigos colegas do Santos.

A narração, baseada no texto de Armando Nogueira, também não ajuda, com suas metáforas, hipérboles e vocabulários como “gênio” e “sobre-humano” aparecendo sempre que possível (mas até em menor número do que eu imaginava, tendo em vista que Nogueira é um dos grandes entusiastas do Rei do futebol). A grande verdade sobre Pelé é o seu amor sobre a bola e sua total dedicação de corpo e alma como um atleta esforçado, que treinava exaustivamente os mais básicos fundamentos do futebol como passe, cruzamento e o chute, mesmo após o término dos treinamentos ou coletivos. Pelé também não era alguém habituado às derrotas (como fica claro nas imagens), mas mostrava uma maturidade muito importante no caso de algum resultado negativo e sabia esperar o momento certo para brilhar o que, em suma, significa um atleta perfeito, pois sabia unir o vigor físico e o lado emocional com rara perfeição.

Infelizmente, Pelé Eterno foge destas explicações e, ao contrário da parte mais humana do atleta, o documentário se concentra nos impressionantes 1.281 gols marcados pelo Rei de futebol. Mas acredite, para os amantes do esporte bretão (como eu), é um prato cheio, quase como o finado Gols do Fantástico nas noites de domingo. São centenas de gols pipocando na tela a todo o momento: de pé direito, esquerdo, de cabeça, de pênalti, com bola e tudo, de longe, de perto. Existe até a recriação em computação gráfica, do gol mais bonito já feito pelo atleta do século XX, contra o Juventus de São Paulo em uma partida no Campeonato Paulista de 1959 onde Pelé simplesmente chapelou 4 adversários antes de guardar a bola nas redes. Infelizmente, naquela época a televisão brasileira ainda estava engatinhando e não tínhamos os tradicionais videotapes para registrar esses momentos mágicos então tiveram de apelar para a computação gráfica. Tudo bem, não é um dos melhores efeitos de computador que eu já vi (esqueça Shrek por favor), mas quebra o galho para mostrar um golaço que não ficou registrado em imagens ou vídeos.

De uma forma bem rápida e direta: assista se você gosta de futebol. Um belo documentário sobre o jogador de futebol, mas uma péssima investida para descobrir o homem por trás do mito.