O Último Ato

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Já que eu não sei bem como começar esta resenha, vou apelar para os preceitos do jornalismo e abrir com informação: O Último Ato é a adaptação para o cinema do romance A Humilhação, de autoria do premiado escritor Philip Roth. Pronto, até que não foi tão difícil assim.

Simon Axler (Al Pacino) é um ator que perde o gosto pelo ofício, começa a bater pino e, após uma temporada em uma clínica psiquiátrica, volta para casa e se envolve com uma mina que tem idade para ser sua neta, filha de um casal de amigos. A conturbada relação com a garota, que também não é exatamente um exemplo de estabilidade, vai levar o sujeito a mais um monte de esquisitices.

Personagens bizarros e situações estranhas, beirando o nonsense, começam a acontecer em sucessão em sua vida e Simon mais parece um espectador impotente dos eventos, sendo levado de carona por esse turbilhão de esquisitices, ocasionalmente colocando em dúvida o que é real e o que é apenas viagem da cabeça dele.

Este é um filme estranho, tanto pelos personagens e situações que vão aparecendo, quanto por sua condução um tanto blasé, refletindo o estado do próprio protagonista, que trata tudo com um certo distanciamento sem emoção, como se esses eventos não fossem grande coisa.

É engraçado, pois esse geralmente é o tipo de enredo meio amalucado, com situações excêntricas e viajandonas do qual eu costumo gostar. Logo, tinha tudo para ir com a cara deste longa, mas não foi o que aconteceu. Na realidade, o achei bem “mé” e até um tanto enfadonho.

Provavelmente por ser excessivamente frio em sua condução e um tanto desprovido de pegada. Não sei exatamente, só sei que não deu liga para mim nesse caso. Acabou sendo no máximo razoável, mas do tipo que esqueço completamente quinze minutos depois de terminado.

No mais, resta salientar a atuação de Al Pacino, contida e no tom certo para o personagem meio patético de Simon Axler, bem distante das performances caricatas e histriônicas que vinha entregando nos últimos anos. Bem como a mistura entre drama e comédia que não deixa as coisas pesadas demais, mas também não descambam para a completa fanfarronice.

Para mim, acabou valendo apenas como mais um da quilométrica lista de filmes nada e olha lá. Assistível, mas ordinário. Mesmo tendo os elementos que me agradam num longa desse tipo, O Último Ato realmente não funcionou o suficiente para mim. Se você gosta desses mesmos elementos, talvez valha arriscar uma sessão, mas não apostaria minhas fichas que seria garantia de satisfação.

REVER GERAL
Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
o-ultimo-atoPaís: EUA/Itália<br> Ano: 2014<br> Gênero: Dramédia<br> Duração: 112 minutos<br> Roteiro: Buck Henry e Michal Zebede<br> Elenco: Al Pacino, Greta Gerwig, Dianne Wiest, Kyra Sedgwick, Dan Hedaya e Dylan Baker.<br> Diretor: Barry Levinson<br> Distribuidor: California Filmes<br>