O Sono da Morte

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Após assistir O Sono da Morte, que estreia agora em nossos cinemas, fui pesquisar o diretor Mike Flanagan e descobri que ele também dirigiu O Espelho. Faz todo sentido, visto que ambos os filmes possuem boas histórias, mas que rendem muito menos do que poderiam e deveriam.

Algo que, no gênero horror, sempre abarrotado de produções de quinta categoria ou que ficam presas às velhas convenções do estilo, acaba sendo um grande desperdício. Talvez com um diretor mais talentoso, tipo um James Wan, ambas as produções pudessem render a contento. Mas agora já era e temos que nos contentar com o que está na tela.

A trama gira em torno do menino órfão Cody (Jacob Tremblay). Ele é adotado pelo casal formado pelo Justiceiro e pela Lois Lane, o qual perdeu seu filho biológico. E logo eles irão descobrir que o novo pimpolho possui poderes especiais: ele consegue manifestar fisicamente tudo que vê em seus sonhos.

O que começa com ares mágicos e bonitos, com simpáticas e coloridas borboletas, logo vai mostrar sua face mais feia, visto que, assim como acontece com seus sonhos, ele também manifesta no mundo real o produto de seus pesadelos. E ele tem um certo medo de uma versão toda própria de uma espécie de bicho-papão. Logo, você já deve saber o que acontece.

O grande problema é que a história é boa demais para ser desperdiçada como uma produção de terror de baixo orçamento. As consequências do dom de Cody, e o fato de que sua nova mãe, Jessie, o explora descaradamente para que possa rever o filho morto, rendem um baita drama psicológico com toques sobrenaturais.

E ele até tenta seguir esse caminho, o qual seria muito mais interessante. O problema é que parece que ou ele não se garantia só nesse caminho mais corajoso ou houve alguma interferência externa (do estúdio, possivelmente) para que houvesse uma mistureba com elementos do horror mais tradicional.

Diabos, olha só o nome em português, a tagline, tudo. Ele é vendido como um terrorzão tradicional e em muitos momentos de fato toma esse caminho, não à toa resultando sempre nas partes mais fracas e pouco criativas. É justamente essa indecisão sobre qual caminho tomar que faz sua qualidade geral cair, resultando num mero filme nada.

Ainda que a trama e também o desfecho da história fujam do lugar-comum, o que por si só já é algo a se destacar, essa indecisão faz com que ele nunca chegue a decolar, deixando sua condução morna durante todo o tempo. Uma pena, mas isso torna O Sono da Morte apenas mais um dentre tantos do gênero. E como tal, não vale o dinheiro de um ingresso de cinema, mas na televisão, sem grandes expectativas, até que vale uma assistida.

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Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
o-sono-da-mortePaís: EUA<br> Ano: 2016<br> Gênero: Terror<br> Duração: 97 minutos<br> Roteiro: Mike Flanagan e Jeff Howard<br> Elenco: Kate Bosworth, Thomas Jane, Jacob Tremblay e Annabeth Gish.<br> Diretor: Mike Flanagan<br> Distribuidor: PlayArte<br>