O Segredo de Brokeback Mountain

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Quando olhei para o pôster desse filme e constatei a lista de prêmios que ele faturou ou para os quais foi indicado, pensei com meus botões: “Deve ser uma história de amor gay entre dois cowboys”. Não deu outra. Li a sinopse e constatei que tinha acertado em cheio. O tema não me interessava e a quantidade de prêmios me assustava. O que alimentava minhas esperanças era o diretor Ang Lee, que fez dois filmes dos quais gosto bastante: O Tigre e o Dragão e Hulk. Mesmo assim, fui para o cinema com uma intuição de que as horas seguintes seriam um tédio. E foram. O Segredo de Brokeback Mountain é um saco e tem tudo para estar na minha lista de piores do ano.

O casal gay é composto por Ennis Del Mar (Heath Ledger, de Irmãos Grimm e Jack Twist (Jake Gyllenhaal, de O Dia Depois de Amanhã, mas mais conhecido como o Donnie Darko). Infelizmente, seus personagens nunca são desenvolvidos o suficiente para que nos importemos com eles, algo essencial para um filme desse tipo. O personagem de Heath Ledger é um babaca. Trata-se de um daqueles animais que mal conseguem conversar e que resolvem tudo no braço. O de Jake é um pouco melhor, mas ainda carece de um maior desenvolvimento e carisma. O mesmo pode ser dito do relacionamento entre os dois, que parece ser baseado unicamente no sexo. Depois que eles começam a namorar, boa parte das cenas em que aparecem juntos gira em torno do sexo, seja com eles transando ou conversando na cama após o transarem.

O tema também não ajuda muito, pois esse negócio de gays lutando contra o preconceito já deu o que tinha que dar. Acredito que nenhum filme vai elaborar melhor esse negócio do amor proibido entre pessoas do mesmo sexo (uma espécie de Romeu e Julieta do século XXI) do que o ótimo Meninos Não Choram (aquele em que a Hillary Swank é um cara). Não acredito que possa ter muita variação sobre isso, já que preconceito é sempre preconceito, não muda muito de uma manifestação para a outra, já que esses filmes sempre contam com pelo menos uma cena de violência irracional. Para não cometer injustiças, admito que nos últimos minutos (depois do flashback), o longa dá uma melhorada, mas não é o suficiente para salvar o tédio que imperou na tela nas duas horas anteriores (Brokeback Mountain tem 134 minutos).

Talvez o grande público manifestasse mais interesse em um relacionamento gay abordado com mais humor, talvez uma comédia romântica ou algo na linha Will & Grace, pois da forma como é abordado nesses filmes, dificilmente vai chamar a atenção de pessoas fora da comunidade GLS ou dos críticos de cinema que adoram dar prêmios para qualquer filme que aborda um tema polêmico, por mais conservadora que seja a abordagem. No final das contas, O Segredo de Brokeback Mountain é um filme que parece ter sido feito única e exclusivamente para faturar alguns prêmios (e faturou). Não tem sentimento, não tem uma mensagem original e não diz nada que outros não disseram antes e bem melhor. Pois é, dessa vez o Ang Lee ficou devendo.

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