O Mestre das Armas

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Violência é um negócio estúpido. Essa é uma opinião que eu tenho desde nenê. Nunca consegui entender a graça de um “esporte” como boxe, por exemplo. Mesmo assim, sou um apaixonado por filmes de terror e até mesmo por filmes de luta orientais. Paradoxo? Não necessariamente.

Uma coisa é você usar a violência para contar uma história que não teria o mesmo impacto sem ela (como O Albergue, por exemplo). Outra coisa é você usar lutas como danças em filmes ou apresentações onde ninguém se machuca. Por fim, outra coisa é você subir num ringue com o objetivo de deixar outro cara sem dentes. Isso é ridículo. Mas voltemos a O Mestre das Armas, o novo filme estrelado por Jet Li, que também protagonizou Herói, um dos melhores filmes da história do cinema, na minha opinião.

O Mestre das Armas (tradução sem nada a ver com o contexto do longa, diga-se de passagem) é praticamente uma cinebiografia de Huo Yuanjia, um lutador chinês que viveu entre os séculos XIX e XX. O cara sonhava em ser o melhor, mas acabou perdendo tudo que tinha e percebeu que existem coisas mais importantes na vida além da luta. Pois é, sei que essa sinopse dá arrepios e que parece um daqueles longas cheios de lições de moral. Mas até as lições de moral do cinema oriental são melhores do que as que estamos acostumados a ver e se, no meio da história, ela realmente dá uma esfriada para essa tal lição, tudo que vem antes e depois compensa, com glórias, esse “pequeno deslize”.

Ao contrário dos mais famosos Herói e O Tigre e o Dragão, este não é um filme de fantasia. Aqui, regras como a gravidade, se aplicam sobre as lutas, ainda que sejam, em alguns momentos, contornadas. Não espere ver lutadores voando, molhando espadas na água e coisas do tipo. Mas fique tranqüilo, pois ainda assim as coreografias são de cair o queixo e é garantido que você vai se empolgar em muitos momentos e se espantar em outros com as coisas que os caras fazem nas lutas.

Infelizmente, a tão esperada luta final é, de certa forma, decepcionante, graças a uma trapaça realizada por um dos personagens. Todas as outras, no entanto, são fenomenais. A luta com o estadunidense (o grandão da foto ao lado) termina de forma emocionante, mas a melhor mesmo é contra o Mestre Chin, que é, literalmente, de tirar o fôlego. É uma pena que ela seja o ponto de catalisação para a parte chata e o longa só volta a ser bom uns 20 minutos depois. Esse trecho foi o que o impediu de levar o Selo Delfiano Supremo.

Jet Li, como sempre, é um ator extremamente limitado. Os olhares introspectivos do cara sempre parecem meio bobões e ele dificilmente demonstra qualquer sentimento. Mas convenhamos, ninguém paga ingresso para filmes de ação orientais esperando se emocionar com as atuações. Normalmente esses filmes emocionam, sim, mas por uma infinidade de outros motivos, e todos eles estão muito bem representados aqui.

O Mestre das Armas é excelente. Se você compartilha dos meus gostos cinematográficos pode assistir sem medo, pois aqui a Imagem Filmes se redimiu do carnavalesco e terrível A Promessa, longa de artes marciais lançado no final do ano passado e uma das grandes decepções de 2006, na minha opinião.

Curiosidades:

O Mestre das Armas é dirigido por Ronny Yu, que você deve conhecer dos terrir Freddy Vs. Jason e A Noiva de Chucky.

– Alguém mais acha o nome Dong Yong deveras engraçado?

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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
o-mestre-das-armasPaís: China/Hong Kong/EUA<br> Ano: 2006<br> Gênero: Porrada<br> Roteiro: Chris Chow e Christine To<br> Diretor: Ronny Yu<br> Distribuidor: Imagem<br>