O Impossível

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Tsunami seria um excelente nome para uma banda de metal. Porém, como quase tudo que cai bem batizando um grupo abençoado pelos trovões de Valhalla, não é exatamente algo que você gostaria de vivenciar.

O Impossível, o filme, é um tanto indeciso. No início, diz tratar-se de uma história verdadeira. No final, demonstra ser apenas inspirado pelo que aconteceu com uma família espanhola durante aquele tsunami épico que rolou no sudeste asiático em 2004.

Inspirado seria a palavra certa, afinal, embora em nenhum momento seja dito no filme de onde é a família de protagonistas (encabeçados por Ewan McGregor e Naomi Watts), eles claramente não são espanhóis, pois falam em inglês, e visualmente todos eles poderiam ser garotos de pôster para a causa ariana.

É justamente quando o filme foca em ser mais realista que ele apresenta seus melhores momentos. O primeiro ato do filme, em especial tudo que envolve o tsunami, é nada menos do que sensacional. Aliás, é uma das aberturas mais fortes do ano. A onda chega bem antes do que você pode imaginar, e há algumas cenas de violência tão fortes que eu admito ter tido até dificuldade de continuar olhando para a tela.

Momentos tocantes também não faltam. Quando Evandro Gregório Júnior liga para o restante da sua família e acaba caindo no choro, é impossível não ficar com um nó na garganta. O mesmo pode ser dito dos momentos mais meigos, com famílias se reencontrando ou simplesmente com umas pessoas ajudando as outras. O Impossível causa emoções como pouquíssimos filmes recentes conseguiram fazer.

Infelizmente, em alguns momentos ele acaba exagerando na dose, colocando coisas que não fazem sentido (vomitar barbante? Fala sério!) ou muito mal contadas, como quando a Naomi Energia Elétrica simplesmente some e ninguém no hospital sabe dizer o que aconteceu com ela.

O Impossível tem pouco menos de duas horas, mas tem uma boa quantidade de gordura, que poderia ser cortada sem dó, e se tornaria uma obra melhor e mais concisa sem ela. Ainda assim, é um filme tocante, muito bem dirigido e com excelentes atuações. Se o tema lhe apetece, não perca.

CURIOSIDADES:

– Vários dos extras do filme são sobreviventes do tsunami de verdade.

– Juan Antonio Bayona também dirigiu o fraquinho O Orfanato. Ele melhorou bastante desde este filme, que tinha entre seus atores Edgar Vivar, o Senhor Barriga.