O amigo delfonauta sabe o que é um nightcrawler? O delfonauta na primeira fileira, segurando um gibi dos X-Men, gritou que é o nome original do Noturno. E ele está certo. Mas larga esse gibi e presta atenção na aula, menino!
O cabeludo de preto no fundão usando fones de ouvido gritou em voz gutural que é aquela música do Judas Priest. Ele também está certo. Mas larga esses fones e presta atenção na aula, menino!
Mas hoje não é dia de falarmos de X-Men nem de Judas Priest. Já fizemos isso muitas vezes antes (aliás, este link leva para uma matéria escrita quando o DELFOS tinha apenas dois meses de vida). Não, hoje nós vamos falar do novo filme estrelado pelo eterno Donnie Darko, o Jake Gyllenhaal.
Pois o nightcrawler a que o título do filme faz alusão é como um certo tipo de profissional é chamado nos EUA. Um Nightcrawler é o cinegrafista que fica ouvindo as comunicações da polícia e que, ao saber de um acidente ou crime que possa dar audiência, corre até lá na esperança de conseguir imagens exclusivas e vender depois para canais de televisão sensacionalistas.
É exatamente isso que Gyllenhaal (eu odeio escrever este nome) faz por aqui. Ele é um nightcrawler, e um deveras ambicioso. Quando ninguém aceita contratá-lo para funções braçais, ele resolve investir em um negócio próprio e vende sua bicicleta para comprar equipamentos de filmagem. Ele sabe negociar, e sabe fazer contatos, então logo está vendendo todas suas imagens para uma diretora de telejornalismo sensacionalista (Rene Russo, de Máquina Mortífera).
O que torna o filme tão interessante é justamente tratar de um tipo de profissional polêmico e sobre o qual as pessoas não sabem muito. A ideia geral desses profissionais está até no título brasileiro: O Abutre, um pássaro que se alimenta de animais previamente mortos.
E o personagem em questão definitivamente não é um cara bonzinho, mas seus diálogos são tão bem escritos e a atuação é tão convincente que o torna fascinante. Este é um filme levado nas costas do protagonista, um sujeito ganancioso, individualista e que não se importa com as outras pessoas.
O começo até demora um pouco a engrenar, mas o filme cresce a cada minuto de projeção. No terceiro ato, especialmente, ao contrário da maioria dos longas, ele tem um clímax digno de ser chamado assim, tenso e emocionante, um suspense como há muito não se via na tela grande.
O Abutre é um filme pequeno, porém surpreendente. Eu sinceramente não esperava nada dele e acabei saindo do cinema bem satisfeito. Não é perfeito, mas é um grande candidato a ser o azarão em listas de melhores do ano e mais do que digno do seu ingresso.