Miami Vice

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Saudações, meu caro delfonauta. Bem, como o Corrales já tinha uma cabine marcada para a mesma data e o Rezek estava indisponível, fui convidado a cobrir a cabine de Miami Vice e aceitei de pronto. Nada como dar uma força para os amigos e relembrar os velhos e bons tempos de membro fixo da equipe. E, de quebra, ainda pegar um cineminha.

Bem, como você já deve saber, Miami Vice foi um dos seriados marcantes dos anos 80, tanto pelas histórias mais adultas e realistas quanto pelo visual típico do período (paletós coloridos e com ombreiras, penteados ridículos). E agora, ele faz a transição para a tela grande pelas mãos do mesmo homem responsável pelo seu sucesso na TV. Hoje, Michael Mann é um respeitado diretor de cinema, responsável por filmes como O Informante e Colateral. Mas Mann também foi o produtor-executivo e um dos roteiristas de Miami Vice (a série de TV) durante suas duas primeiras temporadas. Então, nada mais certo do que se responsabilizar também por sua adaptação para a telona, certo?

Porém, não espere por algum tipo de transposição fiel da série para o cinema. Do visual anos 80, o único resquício é o mullet do Colin Farrell e nada mais. O visual é moderninho e o filme é pesado e realista em sua temática, de uma forma que não dá para ser mostrado num programa de TV (a não ser que passasse de madrugada). Posto isso, vamos à sinopse.

Sonny Crockett (Farrell, o Alexandre) e Ricardo Tubbs (Jamie Foxx, que também fez Colateral) são dois detetives do departamento de Narcóticos da polícia de Miami, especializados em se infiltrarem nas quadrilhas de traficantes.

Alguns amigos de uma outra operação são desmascarados e mortos, e Sonny e Ricardo decidem descobrir quem foram os responsáveis e acabar com a raça dos miseráveis. Para isso, lá vão eles se infiltrar num mega cartel internacional, o que pode ser o trampo mais arriscado da vida deles.

Honestamente, a trama é meio confusa e se você desviar a atenção, mesmo que por pouco tempo, é capaz de ficar boiando na história. Por outro lado, a película é uma verdadeira aula sobre o funcionamento de um esquema de distribuição de drogas e, para quem tem interesse em saber como essas coisas funcionam, o filme é um prato cheio.

Como estão infiltrados, Sonny e Ricardo têm de se passar por contrabandistas, levando drogas da Colômbia para os EUA, e precisam driblar outros policias, agentes alfandegários e por aí vai. Afinal, eles não podem arriscar estragar seus disfarces. E tome mutretas e esquemas para entrar nos States com as drogas e entregá-las aos fornecedores. De fato, algumas vezes a linha entre o trabalho na polícia e o que é preciso fazer para manter o disfarce fica bem nebulosa, e a tentação de passar para o outro lado é uma constante.

E agora, cabe um aviso: a película tem jeitão de ser um Testosterona Total, mas não é. Há carrões (e lanchas também) e mulheres gostosas (a chinesa Gong Li, que interpreta a assistente do chefão do cartel, e por quem Sonny se apaixona), embora elas apareçam sempre muito vestidas e as cenas de sexo não mostrarem nada. O problema é mesmo a ação. Só há duas seqüências adrenalinescas, e elas só ocorrem lá no fim da projeção. Mas quando acontecem, são muito boas, especialmente a do resgate da minazinha da equipe dos detetives, que foge completamente aos clichês do gênero.

Preciso admitir, este foi o único filme no qual quase dormi no cinema. O ritmo dele é bem paradão e, embora geralmente eu não ache isso um problema, minhas pálpebras pesaram. Mesmo achando a história interessante, eu quase dei umas pescadas. Por sorte, quando isso aconteceu, as cenas de ação começaram e aí eu acordei de vez.

Mas não me entenda mal. A história é muito boa e, apesar de ser um filme relativamente longo (134 minutos), esse tempo de projeção até que passa bem rápido. Creio que isso só aconteceu porque me desacostumei a ver filmes de manhã. E quem me conhece sabe que só começo a funcionar direito depois do meio dia. Mesmo assim, fica o aviso: não pegue uma sessão de Miami Vice se estiver com sono.

Então é o seguinte: se você procura por ação desenfreada, não irá encontrar aqui. Neste caso, opte por algo na linha de um Carga Explosiva 2. Se o seu lance é um bom filme policial, totalmente centrado na história, Miami Vice é uma opção mais que respeitável.

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Nota
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Alfredo De la Mancha
Alfredo é um dragão nerd que sonha em mostrar para todos que dragões vermelhos também podem ser gente boa. Tentou entrar no DELFOS como colunista, mas quando tinha um de seus textos rejeitados, soltava fogo no escritório inteiro, causando grandes prejuízos. Resolveu, então, aproveitar sua aparência fofinha para se tornar o mascote oficial do site.
miami-vicePaís: EUA<br> Ano: 2006<br> Gênero: Policial<br> Duração: 134 minutos<br> Roteiro: Michael Mann<br> Diretor: Michael Mann<br> Distribuidor: UIP<br>