Leis da Atração

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Confesso que fui assistir a Leis da Atração com um pé atrás, cheio de preconceitos. Comédia romântica… Pierce Brosnan… Achei que seria mais um produto hollywoodiano pasteurizado, um “filme para mulheres” daqueles que em dois dias eu já teria me esquecido. O que me animou a ir foi a presença da incrível Julianne Moore no elenco. Valeu a pena, surpresas boas ainda acontecem.

Leis da Atração é um filme leve, despretensioso e divertido; como todas as comédias românticas deveriam ser. O roteiro é muito bem fechado e, coisa rara hoje em dia, os diálogos são excelentes. O filme faz lembrar as grandes comédias românticas das décadas de 30 e 40; realizadas por grandes diretores como Frank Capra, Howard Hawks, George Cukor e Billy Wilder e, principalmente, a série de filmes interpretados pela dupla Katherine Hepburn e Spencer Tracy – onde os diálogos precisos eram a grande atração.

Pierce Brosnan e Julianne Moore são Daniel Rafferty e Audrey Woods, os dois melhores advogados especializados em divórcio da cidade de Nova York; cada um com seu estilo próprio. Rafferty é o fanfarrão boa pinta, capaz de utilizar métodos não muito ortodoxos para vencer suas causas, se veste com desleixo e seu escritório é uma sala sórdida no Chinatown (bairro chinês de Nova York), último lugar onde se esperaria encontrar um bom advogado. Audrey é a advogada “certinha”, vive para o trabalho, faz tudo dentro da lei, está sempre muito elegante e trabalha para uma grande firma de advocacia, em uma sala chique de um prédio luxuoso. São personalidades totalmente diferentes, mas acabam indo para a cama, para o arrependimento de Audrey… Eles se enfrentam na Justiça em uma série de casos e o que a princípio parecia “ódio à primeira vista” acaba se transformando em uma atração irresistível.

A coisa esquenta quando eles se vêem mais uma vez em lados opostos do tribunal, no processo de divórcio do grande astro do Rock Thorne Jamison (Michael Sheen) de sua mulher, a estilista Serena (Parker Osey). Thorne e Serena não abrem mão de um castelo na Irlanda e é para lá que os advogados – separados e em segredo – partem, com a intenção de colher depoimentos dos empregados do castelo. Audrey e Rafferty acabam se encontrando e após uma noite regada a álcool, durante um festival na aldeia irlandesa, transam de novo e se casam. Quando voltam a Nova York a notícia chega aos jornais e eles são obrigados a viver juntos, durante o decorrer do processo, para manter as aparências. O resto da história, só assistindo ao filme…

O elenco é quase todo muito bom e com timing excelente para comédia. Pierce Brosnan surpreende no papel do canastrão Rafferty, em uma atuação digna de Clark Gable, Spencer Tracy ou Cary Grant. Juliane Moore, maravilhosa como sempre, dá o tom certo à reprimida Audrey e revive o estilo elegante de divas como Deborah Kerr, Katherine Hepburn e Claudette Colbert. O elenco de apoio conta com a engraçadíssima Frances Fisher que interpreta Sara Miller, a hilária mãe de Audrey, uma mulher de meia-idade bem resolvida e feliz. A “ex-Saturday Night Live” Nora Dunn também merece destaque como a austera e engraçada juíza Abramovitz. Dois papéis de destaque no filme, o do Rockstar Thorne Jamison e o de sua mulher Serena, se perdem em atuações medíocres e caricatas, muito abaixo do nível do restante do elenco. Michael Sheen e Parker Osey estão exagerados demais e caem nos clichês do “roqueiro doidão” e da “mulher de roqueiro desequilibrada”; o que é uma pena já que os personagens são bem divertidos e poderiam render muito mais nas mãos de outros atores.

Leis da Atração não é uma comédia rasgada, que vá fazer o cinema vir abaixo com gargalhadas, mas sim uma comédia romântica sutil, que faz sorrir e diverte. E também não é um “filme para mulheres”, como pode parecer. Desde Harry e Sally, nascidos um para o outro, nenhuma comédia romântica foi tão divertida.

Leis da Atração estréia nesta sexta em 25 de junho.

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