Incontrolável

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Se tem um sujeito que é sinônimo de genérico, esse é Tony Scott. Todos sabem que ele só conseguiu uma carreira em Hollywood por ser irmão de você-sabe-quem (e não é o Voldemort). E ele até se esforça, mas seus melhores trabalhos são pouca coisa melhores que um filme nada.

O que eu queria saber é porque um ator do gabarito do Denzel Washington só faz filmes com o Tony Scott? Não me lembro de nada recente com esse cara que seja de outro diretor, mas aposto que o delfonauta com memória melhor que a minha vai colocar alguns nos comentários.

Seja como for, Incontrolável se encaixa perfeitamente na carreira dos dois. É um filme legal, mas nem tanto. Emocionante, mas nem tanto. Bem dirigido, mas nem tanto. E parece com Velocidade Máxima. Um tanto.

Se liga: o Malcolm X e o Capitão Kirk acabaram de se conhecer e já não se bicam. Mas isso é o de menos, pois eles terão que trabalhar juntos até o fim do dia (criativo, não? Não consigo me lembrar de nenhum outro filme estrelado por uma dupla relutante que acabou de se conhecer e é obrigada a trabalhar junto). E esse dia será o mais estressante de suas carreiras.

Isso porque o irmão do Jason Lee em My Name is Earl fez uma tremenda patetada que fez com que um trem carregado com substâncias explosivas começasse a acelerar sem um condutor. E o trem da nossa dupla relutante preferida de todos os tempos de hoje está vindo na direção contrária. E se ninguém fizer nada para parar o trenzinho desgovernado, ele vai descarrilar em Stanton e levar boa parte da cidade junto.

Emocionante, não? Pois é. Mas em nenhum momento ele consegue se livrar do estigma de Velocidade Máxima genérico. É legal, e tem várias cenas que vão te fazer roer as unhas, mas não é nada que já não tenhamos visto antes, e melhor.

Além disso, o roteiro tem alguns furos bisonhos. Por exemplo, a patetada do brother do Earl não faz sentido nenhum. Ele colocou a marcha do trem no ponto morto ou em algo parecido e daí ela se mexeu sozinha, como se o trem estivesse assombrado? Talvez faça sentido para quem saiba dirigir trens de carga, mas convenhamos, alguém aqui sabe?

Considerando que não é um veículo “lugar-comum”, se realmente o troço se mexe sozinho (e se for o caso, como o personagem do filme não pensou nesse perigo?), carecia de uma explicação, pois aquilo lá para mim parece um câmbio de carro, e o câmbio do meu carro nunca se mexeu sozinho, exceto aquela vez em que tinha sido possuído por um poltergeist.

O final também não faz sentido. Falando sem spoilers, eles já tinham tentado aquilo antes e não deu certo. Beleza. Mas porque não tentaram outras vezes até o final do filme? E porque foram colocar para fazer aquilo um sujeito que está com o pé quebrado, sendo que qualquer outra pessoa teria melhores condições de conseguir?

Eu sei a resposta para essas perguntas. O fato é que essa é a única forma aceitável de parar um trem sem descarrilá-lo, e não poderiam usar essa forma óbvia até que o filme tivesse uma duração digna de longa metragem. E olha que Incontrolável é bem curto.

Se você gostou de Velocidade Máxima e quer mais uma dose, com certeza não vai se arrepender de comprar o ingresso. Se você é fã de Tony Scott (existe algum?), também pode ver sem medo. Todos os demais terão aqui uma boa diversão, mas nada marcante.