Harppia

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Uma quinta-feira chuvosa na cidade de São Paulo é uma ótima desculpa para ficar em casa assistindo às aberrações da televisão moderna. Mas preferimos investir em algo muito mais interessante e prazeroso e fomos conferir de perto o show deste grande pioneiro da história do Metal nacional no Blen Blen. Infelizmente, parece que fomos uma exceção à regra, pois o bar recebia um pequeno público para a apresentação do Harppia.

A abertura com a banda Máquina Zero, do Robson Rocco (o ótimo vocalista do projeto Brasil Rock Stars de Andreas Kisser) estava marcada para começar às 21:30, mas a banda só subiu no palco às 23:00. O atraso acabou afugentando um pessoal que teria de acordar cedo no dia seguinte (a apresentação realmente poderia ter começado mais cedo, afinal era um show em dia de semana). De qualquer forma, a banda apresentou um set curto, de 30 min (5 músicas), e mostrou um Hard Rock cantado em português e influências de Blues esquentando o pessoal na chuvosa noite paulistana. O grande destaque vai mesmo para o vocalista, que mais uma vez mostrou uma absurda (no bom sentido) variação de vozes e não parou de pular o show inteiro.

Um intervalinho para a troca dos equipamentos e o Harppia sobe ao palco já detonando o clássico A Ferro e Fogo que levanta até defunto. Logo na seqüência, vieram mais clássicos das antigas com Naúfrago e Asas Cortadas. Depois destas três músicas eles já tinham a platéia nas mãos e aproveitaram para tocar o hino desta nova geração da banda, Metal Pra Sempre com o seu refrão marcante e um instrumental bem pesado. Em seguida outra música mais recente, Vampiros, com uma boa recepção do público presente e uma bela interpretação de Jack nos vocais.

O grande clássico da banda de todos os tempos vem a seguir: Salém, que tocou muito nas “rádios rock” dos anos 80 e chegou a ser eleita como um dos hinos da década pela extinta revista Bizz. Não preciso nem dizer que todos cantaram juntos, certo? Um detalhe bem legal durante a execução de Salém foi a participação especial de Xando Zupo, o antigo guitarrista do Harppia na época do do álbum 7.

Eles continuam com a ótima Metal Comando (da banda Centúrias que teve integrantes do Harppia e vice-versa), Neste Deserto (a versão em português do clássico Desert Plains do Judas Priest) e Medo da Escuridão (não, essa não é a versão em português de Fear of The Dark do Iron Maiden).

Jack explica que a próxima música é sobre os problemas na vida pelos quais todos passamos e começa uma das mais belas composições já criadas pela banda, Vagando na Noite com um refrão bem marcante e uma letra bem introspectiva. Um dos pontos mais fortes do show, sem dúvida.

As próximas duas músicas foram as inéditas e pesadas, Não Haverá Outro Amanhã, que fala de todo o caos presente em nosso dia-a-dia ultimamente, e a Heavy Tradicional Guardiões da Mente que estarão presentes no próximo cd, Metal Pra Sempre, com lançamento previsto até o final do ano.

O set foi muito bem escolhido pela banda e o final ficou reservado para a clássica música Animal do Centúrias e que, com certeza, deixou todos os fãs do Harppia bem felizes.

Falando sobre os músicos, o vocalista Jack Santiago é uma figuraça. Esbanja energia e agita muito o show inteiro além de ser extremamente simpático e carismático. Em determinados momentos, durante os solos de algumas músicas, Jack descia do palco e ia para o meio do pessoal bater cabeça, voltando em seguida, com muita agilidade, para continuar cantando. É um exemplo para muitos vocalistas sem presença de palco hoje em dia e ele tem uma voz bem marcante, lembrando os grandes vocalistas das bandas de Metal dos anos 70.

No baixo temos Ricardo Ravache, outro que tem uma ótima presença de palco, agitou o show inteiro e, com certeza, é um dos maiores baixistas brasileiros. A técnica de Ricardo, suas improvisações e solos são excelentes. Ele possui um estilo muito parecido às galopadas de Steve Harris, e ainda faz um ótimo trabalho nos backing vocals, com destaque para o belíssimo final de Vagando na Noite.

Do “novo” Harppia temos nas guitarras o trabalho de Kleber Fabianni, que, com a saída de Marcelo Francis no começo deste ano, acabou sobrecarregado como o único guitarrista, mas deu conta do recado com seus riffs pesados e precisos, e solos muito bem elaborados.

Na bateria, ninguém menos, que Fabrício Ravelli. Um baterista, experiente, técnico e agressivo que conseguiu criar um estilo próprio na arte das baquetas e não perde a postura, mesmo quando alguma de suas baquetas quebra durante uma música. Fabrício é, com certeza, um dos grandes bateristas brasileiros da música pesada.

Profissionalismo e competência com os pioneiros do Metal nacional. Obrigado e parabéns ao pessoal do Harppia pelo grande show. A banda mostrou que está afiadíssima e, pessoalmente, estou muito ansioso pelo lançamento do novo CD. E como diz a nova música: metal pra sempre em nossos corações!

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