Grave Digger – The Last Supper

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Os próprios músicos negam. Mas há quem insista que The Last Supper, o novo álbum dos alemães do Grave Digger, segue a linha adotada por eles desde o começo da década de 90: um disco conceitual. Mas, ao invés dos mitos e sagas abordados em trabalhos anteriores (Rheingold, de 2003, contava a clássica história germânica do Anel de Nibelungo), a obra falaria sobre o fanatismo religioso. Pode ser uma enorme coincidência. Mas isso não importa. Deixe as polêmicas de lado – como aquelas que envolvem a capa do disco, que traz um Jesus Cristo triste e reflexivo, sendo observado pela morte – e curta um dos melhores álbuns de Heavy Metal dos últimos anos.

Logo na faixa-título, que abre o álbum, já dá para perceber onde a trupe liderada por Chris Boltendahl quer chegar: nos anos 80. The Last Supper é um álbum forte, empolgante, com uma excelente cozinha de baixo e bateria e, antes de tudo, muito simples. Sim, isso mesmo. A sonoridade é crua, básica, do jeito que este quinteto alemão ensinou a um monte de moleques nas últimas décadas.

Mas vamos com calma: dizer que The Last Supper é um disco que volta às raízes do Grave Digger não significa dizer também que “é um álbum com sabor de banda velha”. Não, não e não. Depois de 25 anos na estrada, Boltendahl e cia aprenderam alguns truques – e isso se reflete na esmerada produção do disco, que ousa ao encerrar-se com uma deliciosa balada, Always And Eternally. Depois de ouvir, logo no começo do disco, uma porrada na orelha como “Desert Rose”, é até engraçado terminar a audição num clima mais light.

Já que falamos em Boltendahl, não deve ser pouco dizer que o sujeito está num de seus melhores momentos. Sua voz inconfundível não é lírica, nem gutural. Não é melódica e nem tampouco thrash. É simplesmente sua. E dá ao Grave Digger uma personalidade única. Ainda bem.

É impossível não se ver, logo depois da primeira audição, balançando a cabeça – quer você seja cabeludo ou não – e repetindo os refrões de faixas como Crucified, Soul Savior e Grave In The No Man’s Land. Esta última, por sinal, tem enorme potencial para se tornar um dos momentos mais poderosos das apresentações ao vivo dos caras. Erga a sua mão com o clássico sinal do chifrinho e mostre seu respeito ao Grave Digger.

Texto publicado originalmente na coluna Webbanger (www.webbanger.cjb.net)

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