Eagle Flight

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Desde a mais tenra idade, uma das coisas que eu mais queria fazer era voar. Passei boa parte da minha infância fantasiando em ter um dragão de estimação e voar em suas costas como Atreyu e Falkor em A História Sem Fim.

Não é à toa que Eagle Flight me interessou assim que eu li sobre ele, e está aqui entrando na história delfiana como a nossa primeira resenha de um jogo em realidade virtual.

EAGLE FLY FREE

O nome é auto-explicativo. Aqui você controla uma águia, e ela voa. Upa-lelê! O cenário é uma Paris pós-apocalíptica. Humanos não vivem mais lá, apenas animais. A maioria deles é fofo e amigável, tipo girafas e elefantes, mas tem uns bichos voadores com caras de poucos amigos, como morcegos, urubus e falcões.

Eagle Flight já impressiona logo de cara. A história começa com seus pais quebrando o seu ovo. Já vimos muitos personagens gigantes em videogames, mas a realidade virtual realmente deixa boquiaberto neste aspecto. Afinal, o jogo te dá a perspectiva de uma águia nenê, e seus pais estão na sua frente, enormes. Claro, não são águias gigantes, mas dá aquele tilt no cérebro típico de realidade virtual. Afinal, meu cérebro sabe que eu sou um sujeito relativamente alto, então ao ver as águias adultas na minha frente, ele acha que elas têm 10 metros ou mais. É impressionante.

Os gráficos em si são bem simples. A cidade lembra bastante aquela do antigo Sonic Adventure em nível de detalhes. Além disso, tecnicamente a coisa é fraquinha, com detalhes do cenário aparecendo conforme você se aproxima deles e tudo que está relativamente longe demonstrando uma quase total ausência de texturas.

Para controlar a águia, é bastante instintivo. Você vira inclinando a cabeça para os lados, mas pode fazer curvas mais fechadas virando a cabeça. No meio da tela, tem sempre um pontinho, e se este pontinho não bater em nada, sua águia passará pelos obstáculos incólume, não interessa quão apertadinho seja.

No modo história, você acompanha a vida da sua águia, crescendo, arranjando um parceiro e se reproduzindo. Ao longo do caminho, ela conquista territórios.

A história é contada por pequenas narrações que rolam antes de cada fase. As fases em si são desafios curtos que podem vir em vários sabores. Os mais legais são os que potencializam o que Eagle Flight tem de bom: o voo. Neles, você deve passar no meio de anéis ou explorar túneis apertados no menor tempo possível. De acordo com o seu tempo, você ganhará de uma a três estrelas.

FLY, ON YOUR WAY, LIKE AN EAGLE

Curiosamente, há também uma boa quantidade de fases que envolvem combate. A sua águia tem um grito que, na prática, é um tirinho que abate as aves rivais. Tem também um escudo que te protege dos ataques alheios. As fases de combate podem envolver matar uma quantidade X de inimigos ou então proteger seu parceiro. Adivinha quais são as piores?

As fases mais longas devem durar três minutos. Ou seja, não são longas. Porém, é bem frustrante quando você bate em uma parede ou seu parceiro é atacado e você é obrigado a voltar do início. Isso não é um problema na maior parte do jogo. As fases de história em geral têm um clima lúdico e divertem bastante. Só perto do final que as coisas começam a ficar mais frustrantes, especialmente depois que os falcões começam a aparecer. Rola até um chefinho na última fase.

Ao longo da jogatina, suas estrelas acumuladas podem liberar o acesso a desafios “expert”. Estes vêm em todos os sabores das fases principais, mas são obviamente mais difíceis. Eu estou longe de conseguir liberar todos, mas já encontrei alguns que são realmente difíceis.

Uma coisa que achei curiosa é que parece que tem bem pouca gente jogando. Eu joguei uns dias depois do lançamento e mesmo assim estava sempre entre os primeiros colocados nas leaderboards. Em alguns casos, fiquei até em primeiro, mesmo sem ter conseguido três estrelas na fase. Coloquei até uma foto dessa proeza na galeria para provar minha pintudice.

Há também um modo multiplayer, que é basicamente um CTF. Você pega a “presa” e deve levá-la até o seu ninho, e impedir que o time inimigo faça o mesmo. Não é nada muito elaborado, mas permite que você jogue algo diferente caso queira uma pausa do single player.

FLY, TOUCH THE SUN

Tem dois aspectos que eu gostaria de elaborar e elogiar a Ubisoft pelo trabalho. Ao contrário da imensa maioria dos jogos que joguei com o PS VR, Eagle Flight não me fez passar mal. Foi o único jogo até o momento que eu consegui jogar por algumas horas seguidas numa boa.

Teve até uma vez que era um pouco antes das 11 da matina. Eu pensei “vou jogar um pouco e daí paro umas 11:30 para fazer o almoço”, mas quando tirei o óculos para ver que horas eram já havia passado das 13.

O único desconforto que senti com Eagle Flight é quando a águia estava virando, por exemplo, para a direita, e eu movia minha cabeça para a esquerda para centralizar a mira. E mesmo esse passava poucos segundos depois, não foi nada suficientemente grave para eu ter que parar de jogar.

O outro elogio que quero fazer é diretamente relacionado a uma limitação do PS VR como hardware. O equipamento tem uma tendência bem problemática de ir aos poucos girando a imagem para a esquerda ou para a direita. A Sony diz para você segurar o botão options para se centralizar no mundo do jogo, mas isso não soluciona este problema em nenhum jogo que testei (como o Worlds ou Until Dawn: Rush of Blood), tornando necessário desligar e ligar o óculos a cada dois ou três minutos de jogo.

Em Eagle Flight, este problema, que está sendo chamado nas internets de “image drift”, também acontece, mas aqui é possível resolver segurando o options, o que o torna muito menos inconveniente. Isso demonstra que, embora o image drift seja um problema de hardware, é possível minimizá-lo com o software, o que é um alívio.

TOGETHER WE’LL FLY, SOMEDAY

Verdade, Eagle Flight é um jogo bem simples, que não seria digno de nota se não estivesse em VR. No entanto, ele está em VR, e como tal, é divertido e, mesmo com gráficos abaixo da média, consegue impressionar. Poderia focar mais no voo em si e menos no combate, mas ainda vale ser jogado pelo conjunto da obra. E como diria Bruce Dickinson, fly as high as the sun!

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