Hoje estreio mais uma subseção nos drops delfianos, sem periodicidade definida. Acho que o nome não poderia ser mais autoexplicativo. Toda vez que eu ler algo que ache que valha a pena falar a respeito fora do tradicional formato de resenhas ou matérias mais extensas (que continuarão sendo produzidas, não se preocupe), usarei este espaço.
Para começar, nada melhor que um trabalho do mestre Alan Moore e que foi recentemente publicado aqui no Brasil. Estou falando de sua série Tom Strong, uma das que ele desenvolveu para seu selo America’s Best Comics dentro da Wildstorm, junto de Promethea e Top 10.
A proposta de Tom Strong é ser uma grande homenagem aos heróis pulp que habitavam livros e revistas do gênero. Bem como filmes e seriados de cinema antigos. De certa forma, são os precursores dos heróis da cultura pop, quando ela ainda dava seus primeiros passos entre os anos 1920 e 30.
O protagonista que dá nome à série é um chamado “herói científico”. Possui força, resistência e uma longevidade maiores que as dos humanos comuns, assim como um intelecto privilegiado, que o torna um prodígio da ciência. Esta combinação de características faz com que ele se torne o defensor de Millennium City e parta em aventuras exóticas também em outras partes do mundo. E até mesmo fora dele.
Moore homenageia as histórias baratas de exploração e ficção científica que lia quando criança criando seu próprio personagem do estilo e desenvolvendo argumentos que não ficariam deslocados nos pulps autênticos da época.
Até por isso, há um climão de aventura mais juvenil. Talvez este seja o trabalho do autor mais acessível para um público mais novo, pois passa um ar de inocência e aventura descompromissada que também lembra muito as HQs da Era de Ouro, um período mais simples em termos de narrativa.
Eu até gostei de ler, embora não seja exatamente um apreciador dos gibis da Era de Ouro com os quais este se assemelha bastante. É uma leitura bem leve, para ler aos poucos aos fins de semana ou para matar um tempinho numa fila de espera. Para o que se propõe, diria que funciona bem, mesmo que para mim esteja longe das obras mais marcantes do mago barbudo. Mas ei, Alan Moore é sempre bom!
A série teve 36 edições, publicadas originalmente nos EUA entre 1999 e 2006, das quais Moore escreveu 23 (nas restantes houve um rodízio de roteiristas convidados) e o principal desenhista e co-criador do gibi é Chris Sprouse, dono de um traço limpo que combina bem com a estética da série.
No Brasil, Tom Strong chegou a ser lançado pelas editoras Pandora Books, Pixel Media e Devir, porém sem nunca chegar até o fim. Até que a Panini Comics assumiu a publicação relançando-a, aí sim na íntegra, em seis encadernados publicados entre o ano passado e este ano, com capa cartonada e papel de qualidade. Inclusive, o sexto volume, o qual conclui a série, acabou de sair, o que inspirou a criação deste artigo.