Após reinventar a série (ou, se preferir, partir para um spin-off) passando o bastão para o filho de Apollo Doutrinador, injetando assim sangue novo na franquia (ou num derivado, se preferir mais uma vez) com o primeiro Creed, nesta continuação o olhar se volta para o passado.
E como já dizia o velho bordão dos filmes de ação: desta vez a coisa é pessoal! Pois em Creed II temos o retorno de Ivan Drago (Dolph Lundgren), o homem que matou Apollo no ringue e um dos adversários mais casca-grossa de Rocky Balboa. Após perder para o Garanhão Italiano décadas atrás, a vida de Ivan degringolou.
Ele se tornou um pária na Rússia, perdendo o respeito de seus pares e até de sua esposa. A solução encontrada foi treinar seu filho Viktor nos caminhos do boxe para que ele pudesse recuperar o nome da família. E a oportunidade é propícia quando eles desafiam Adonis Johnson para uma luta que vai revirar muitas mágoas do passado.
Rocky IV é o filme mais exagerado e over de toda a saga. A qual voltou para um caminho mais respeitável de drama esportivo sério com Rocky Balboa e se manteve nessa pegada com o primeiro Creed. Poderia novamente descambar para a fanfarronice cafona de outrora, mas isso não aconteceu.
O roteiro acerta ao misturar estes elementos do passado, porém mantendo essa pegada mais dramática restabelecida pela franquia. Funciona bem nesse sentido. Porém, em comparação com seu antecessor, é inegável que este aqui também pouco acrescenta.
Se antes tínhamos toda a jornada pessoal de Adonis lutando contra os fantasmas do passado até fazer as pazes com seu legado, aqui isso já está resolvido. Bem como sua relação com Rocky, já totalmente desenvolvida. Resta então voltar o olhar para o desenvolvimento de seu lado familiar, ao lado de sua garota (Tessa Thompson) e sua mãe.
COMBATE!
E isso não é tão interessante quanto sua jornada anterior. E mesmo sua motivação para enfrentar Viktor Drago (que, assim como seu papi no longa de 1985, praticamente entra mudo e sai calado) acaba não sendo algo tão desenvolvido assim.
Já as cenas de luta continuam bem legais. O novo diretor Steven Caple Jr. emula bem o modo como Ryan Coogler fez os combates no anterior, deixando a câmera quase sempre dentro do ringue, bem próxima dos pugilistas.
Pode não ganhar pontos por criatividade, mas se manteve na onda de que “em time que está ganhando não se mexe”. Porém, vale um destaque para o trabalho de som. Graças a ele, alguns golpes sofridos pelos lutadores parecem realmente brutos e doem na plateia.
E é sempre legal ver a tradicional montagem do treinamento, as referências aos filmes passados (neste caso, óbvio, especialmente em relação a Rocky IV) e claro, quando toca algumas notas da música-tema é sempre um momento de arrepiar e querer soltar um hell yeah!
Se você já leu minha matéria sobre os filmes da série Rocky, viu que o primeiro Creed cresceu no meu conceito após algumas reassistidas. Gosto muito mais dele hoje após tê-lo revisto algumas vezes do que quando o avaliei após a cabine.
Não descarto que isso também possa vir a acontecer com este também, porém, minha impressão após esta única assistida é de que ele continua divertindo como entretenimento, mas é uma história dramaturgicamente inferior. Seja como for, para fãs da série Rocky e do primeiro longa estrelado por Adonis, Creed II ainda merece uma conferida na telona do cinema.