Batman – O Cavaleiro das Trevas

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Ele é milionário, ele é órfão, ele pega a mina que ele quiser, ele é violento, ele já teve sua própria série de TV, ele usa orelhinhas no capacete e já teve até mamilos na armadura: ele é o Batman. Aproveitando a chegada de Batman Begins aos cinemas (cuja resenha será publicada amanhã), nada melhor do que dar continuidade à nossa nova seção com um dos meus tremendões favoritos.

O que posso adiantar é que o morcegão do filme de Christopher Nolan é, finalmente, um tremendão. Porém aqui, meu foco será o personagem em seu habitat originário, as histórias em quadrinhos.

Boas histórias do morcego, cheias de argumentos que provam porque ele é um tremendão, são abundantes e, portanto, seria impossível resumi-las aqui, sendo necessário no mínimo uma tese de doutorado para isso (hum… como não pensei nisso antes?). Portanto, darei apenas uma rápida passeada pelos fatos principais da mitologia do personagem, o que já fornece argumentos mais que suficientes.

A premissa da criação do herói todo mundo já conhece: ao ver seus pais serem assassinados por um assaltante, o ainda infante Bruce Wayne decide que tentará fazer de tudo para que ninguém mais passe por uma situação dessas. Passa os anos seguintes viajando pelos mais diversos países treinando corpo (nas mais variadas formas de artes marciais e outras técnicas de combate) e mente (estudando de física a criminologia) para um objetivo bem específico: tornar-se um vigilante.

De volta a Gotham City, sua cidade natal, Bruce usa como inspiração a imagem de um morcego para causar o terror nos corações dos criminosos que, segundo ele, são supersticiosos e covardes.

Pense comigo: o cara devotou os melhores anos de sua vida, a adolescência e o inicio da vida adulta, para fazer com que corpo e mente chegassem ao limiar da perfeição humana. Isso significa: nada de baladas, cinema, cerveja, quadrinhos nem videogames! Tem que ser muito tremendão pra conseguir viver sem isso!

Pois bem, devidamente uniformizado como Batman, o nosso cavaleiro das trevas, espanca sem dó os mais variados criminosos, do trombadinha ao maluco que fugiu do Asilo Arkham para Criminosos Insanos, desbarateia esquemas mafiosos e ainda consegue fazer com que a maioria da população pense que ele é apenas uma lenda urbana. Tremendão e modesto, o rapaz.

O sujeito é tão tremendo que não está nem aí para a segurança de certos elementos menores de idade. Afinal, acaba de estrear um novo, ou melhor, uma nova Robin (Stephanie Brown, antes conhecida como Salteadora). Antes dela vieram Dick Grayson, o finado Jason Todd (ops!) e Tim Drake. Batman não hesita em colocar crianças na linha de frente do combate ao crime. Mas calma, ele não é tão inconseqüente assim. Antes de arriscar a vida dos pequerrutchos, ele os submete a um rigoroso treinamento para ver se o candidato está apto a passar no rigoroso controle de qualidade do morcegão o que, por conseqüência, os torna tremendinhos.

De mais, Batman é um sujeito que defende sua cidade a todo custo. Não há situação que o morcego não encare. Guerras de gangues, epidemias do vírus ebola, terremotos e um decreto de Terra-de-Ninguém, tudo isso é só mais um dia de trabalho para este incansável justiceiro.

E admita, é preciso ser muito tremendão para conseguir encarar uma das mais, se não a mais, extensa e bizarra galeria de vilões dos quadrinhos. Malucos perigosos como o Duas-Caras e o Espantalho, medianos como o Charada e Solomon Grundy, ou ridículos como Maxie Zeus e Scarface. É preciso disposição pra socar tanta gente estranha e arrastá-los de volta para o Arkham.

E é claro que o mais tremendão ficou para o final. O Coringa é sem dúvida uma das maiores dores de cabeça do Batman (e falando no dito-cujo, aproveite para ler a resenha de A Piada Mortal). Quando ele aparece, há grandes possibilidades de alguém morrer de maneira ridícula e/ou brutal. O sujeito tem em seu currículo a morte de um Robin, e pôs uma Batmoça, oh, desculpem, agora é Batgirl, numa cadeira de rodas! E só mesmo um tremendão conseguiria agüentar o insano senso de humor do palhaço do crime sem botar um pipoco em sua cabeça (viu só? Nós, delfianos, também sabemos falar como manos – o Charlie Brown Jr. que nos aguarde).

Batman hoje não mata, isso é fato. Poucos lembram, mas em suas primeiras histórias ele não era tão piedoso e mandava os meliantes pra debaixo da terra. Só depois da primeira reformulação ele parou com esse hábito – deve ser mais difícil do que parar de fumar. Aliás, ele ter parado de matar também é um dos motivos para ele ser um tremendão. Afinal, matar seria muito fácil, mas até os bandidos têm famílias. Mas que alguns merecem, merecem.

Já que falamos na cadeira de rodas da Batmoça (sabia que o nome dela em espanhol era Batchica? Pois é, Batitica. Eu adoro piadas infames!), o próprio morcego já passou uma temporada sentado em uma, cortesia de Bane, um dos poucos sortudos que podem se gabar de ter vencido o cavaleiro das trevas com uma combinação de estratégia e força bruta. Basicamente, de uma forma beeeem resumida, o que ele fez foi dar uma canseira física e mental no morcegão soltando todos os internos do Arkham. Depois que Batman estava um caco, afinal, ele teve que capturar um por um, Bane invadiu a mansão Wayne (ele descobriu a identidade secreta do Batman, o que na realidade não é muito difícil) e deu uma sova no esgotado morcego. Pra finalizar, quebrou-lhe a coluna.

Mas o sr. Wayne perseverou. Depois de algum tempo e um árduo processo de recuperação, não só recuperou o uso das pernas, como também o manto do morcego, que nesse período ficou com o lunático Azrael, uma escolha nada tremenda.
Ultimamente, Batman continua mantendo seu título de tremendão em mega-sagas como Silêncio, Fugitivo e Bruce Wayne: Assassino. Nas duas últimas, teve que usar seus dons detetivescos para solucionar um assassinato armado para incriminar sua persona de Bruce Wayne. Tremendão que se preze continua trabalhando até na cadeia (embora ser preso não seja tremendo) e quando a situação complica, não há problema em fugir para trabalhar com mais liberdade.

Para o futuro próximo, está para estrear mais uma mega-saga, Jogos de Guerra. Se ela vai manter o status tremendão de Batman nos quadrinhos, saberemos nos próximos meses. E é só você ficar ligado no DELFOS para ficar sempre informado sobre o Batman e outros tremendões.

Momento mais tremendão: Batman dá ao Super-homem (ou seria Superman?) a maior surra de sua vida no final de O Cavaleiro das Trevas (aproveite e leia a resenha desta que é a HQ mais conhecida do herói) e usa o anel de kryptonita para repetir a dose no arco Silêncio. E ainda nocauteia um bando inteiro de marcianos brancos (e eu que sempre pensei que marcianos eram verdes) após descobrir a fraqueza deles no primeiro arco da revista JLA.

Momento mais vergonhoso: as alegres histórias infantilizadas produzidas nos anos 50. Ah, teve também O Cavaleiro das Trevas 2, mas isso é melhor nem lembrar.

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