As luzes da morte do Xbox 360

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Aconteceu. As famigeradas três luzes vermelhas, ring of death, 3RL ou 3 Red Lights, como você quiser chamar, finalmente deram as caras no meu querido videogame de próxima geração. Agora confira um relato de como tudo ocorreu.

Durante a última semana, estava jogando bastante o Conan e vários problemas de leitura estavam acontecendo, o que estranhei, pois meu 360 não travava há muito, muito tempo. Parecia que era algum problema com o CD, pois sempre acontecia em telas de loading. Até agora não sei se estava relacionado, mas enfim…

No último domingo, dia 2 de dezembro, estava eu me divertindo com Guitar Hero II quando o console travou. Ok, desliguei e liguei de novo e travou na inicialização. Gelei. Respirei fundo e liguei de novo. Dessa vez carregou o jogo e achei que o pior tinha passado. Mas travou de novo. E ao religar, lá estavam elas, gloriosas. Liguei novamente e carregou normalmente. Decidi deixar o console desligado por um tempo e tentei de novo. A cena se repetiu. Às vezes carregava, às vezes não. Até que finalmente, as luzes monopolizaram o aparelho.

Dei uma pesquisada na internet e aparentemente todo mundo que conserta Xbox 360 em São Paulo está na região da Santa Ifigênia. Peguei o telefone de algumas lojas e do suporte técnico oficial da Microsoft. Segunda de manhã, liguei para a pequeno-e-mole e fui atendido por um sujeito que falava tão enrolado que eu mal conseguia entendê-lo. Parecia não ser um falante de português nativo, o que acrescentou à bizarrice da situação.

Perguntei o endereço da assistência técnica e ele perguntou qual era o problema. Falei das três luzes vermelhas, ele perguntou a cor da luz da fonte e eu respondi. Ele disse que o console seria trocado por um novo sem custo nenhum e eu fiquei sinceramente surpreso pela garantia estendida do console valer também para o Brasil. Mas não poderia ser tão simples, pois isso só valeria se meu videogame fosse o brasileiro. Como é estadunidense, eu também poderia trocá-lo, mas precisaria enviá-lo para os Estados Unidos e esperar alguns meses até que a troca fosse feita. Sem condições, só o preço do envio já custaria o conserto. Até sugeri que o console fosse arrumado aqui e que eu pagasse por ele, tudo para que eu pudesse fazer as coisas de forma oficial, sem precisar apelar para a galerinha do centro de São Paulo, mas ele disse que não tinha jeito, eles só podem dar suporte para o console nacional.

Ao contrário de como costuma ser com os telemarketers brasileiros, o moço da batata quente na boca foi bem solícito, paciente e até pediu desculpas pelo inconveniente. Disse que pode ser que a Microsoft permita a troca de consoles americanos no futuro, mas que até o momento esse é o procedimento que ele pode informar ao cliente. É uma atitude ridícula da Microsoft e, até onde sei, ilegal, pois se o produto existe aqui, ela tem que dar suporte a ele, independente de onde o cliente comprou. Poderia ir ao Procon, mas isso levaria meses e, sinceramente, não quero ficar tanto tempo sem videogame.

O próximo passo então era ligar para uma das lojas da maldita Ifigênia (que, aliás, não existe um consenso se é escrita assim ou “Efigênia”, até as placas da própria rua variam a grafia – coisas que só acontecem no Brasil). Escolhi a loja que me parecia mais profissional e liguei. O cara perguntou o código do erro. Hein?

Aparentemente, tem um código secreto que você faz no aparelho para ter mais informações sobre as três luzes vermelhas. Fiz o código e o cara disse que era o erro 0022, problema na GPU e que não tinha conserto. Completou dizendo para eu não acreditar em quem dissesse que poderia consertar.

Liguei para outra loja, que me explicou que esse código diz apenas onde está o erro, mas que ainda assim pode ser coisa simples. Ou seja, sabemos que é um problema na GPU, mas pode ser apenas uma pecinha que saiu do lugar. Ok, isso faz sentido para mim. Deixei meu console com eles e pediram o prazo de sete dias para o orçamento.

Algumas coisas me preocupam nessa história:

1 – O console vai ser mexido para o conserto. Isso não vai fazer com que eu seja banido da Live? Pelo que me falaram não, pois eles banem apenas alterações no software.

2 – Como o console vai ser aberto por uma assistência técnica não autorizada, eu provavelmente vou perder a garantia estendida, caso a Microsoft decida fazer a coisa certa um dia e trocar os aparelhos defeituosos estadunidenses residentes no Brasil.

3 – E se eu conserto e o mesmo erro aparece de novo? A internet está cheia de relatos de pessoas que consertaram e que depois de algum tempo voltou a acontecer. O cara disse que é difícil e que a loja dá garantia de seis meses para o serviço. Considero isso um bom tempo de garantia e mostra que eles confiam no seu taco. Ainda assim, não quero ter que passar por isso uma vez por ano.

Pensei em abandonar o console de vez e comprar um dos outros dois, mas poxa, eu tenho uns 20 jogos originais de 360, o que é um investimento considerável no bichinho. Além disso, ainda tem mais três jogos a caminho e já pagos, um deles o Guitar Hero III com a guitarra sem fio. Pô, comprar jogos e não poder jogar nunca é uma droga. Sem falar toda a grana que eu investi no bichinho.

Sou contra a pirataria, mas isso dá vontade de desbloquear e não investir mais nada nele. Afinal, eu tenho o console original, tenho nota fiscal da Wal-Mart estadunidense, o que mostra que não é contrabando, tenho conta Gold na Live e mais de 20 jogos. E ainda tenho um site que trata sobre games na internet e que é acessado por centenas de milhares de pessoas mensalmente. A meu ver, eu sou exatamente o tipo de consumidor que a Microsoft deveria querer manter. Até porque eu estava disposto a pagar para que eles consertassem, apesar da garantia estendida. Mesmo fazendo tudo certo, a gente se ferra. Por que tudo no Brasil tem que ser mais difícil?

Quando meu videogame voltar, eu atualizo isso aqui para dar mais informações a outros desesperados. Às vezes me surpreendo com quão bonzinho eu sou. Até lá, incentivo todos a espalharem esse texto pelos fórums e demais áreas da internet para levá-lo ao maior número de pessoas posível.

Atualizada 1 – 4/12/2007 – 12:45: Até uns meses atrás, todo mundo que conheço que tinha um 360 estava feliz com ele. Desde então, parece que todos os consoles morreram, como se a Microsoft tivesse mandado que isso acontecesse. É muita morte no mesmo período, coincidência demais. Ainda hoje, encontrei com um colega em uma cabine cujo console também morreu. Ontem falei com outro colega que disse que seu videogame morreu, foi consertado e, dois meses depois, morreu de novo.

A Microsoft coloca um produto bichado no mercado. Demora meses para perceber o problema e finalmente assume, mas por que não fazer a coisa certa? Se um brasileiro comprou o console nos States, isso não significa que ele não deve receber suporte. Principalmente quando lembrarmos que o 360 nacional não é fabricado aqui, nada mais é do que o americano importado oficialmente. A minha opinião é que, uma vez que a besteira está feita (colocar algo podre no mercado), uma empresa deveria fazer o possível para compensar o consumidor prejudicado, não ficar criando regrinhas estúpidas para deixá-lo ainda mais incomodado. Fiz as contas e, entre controles extras, guitarras de brinquedo e meus mais de 20 jogos, investi mais de 2 mil dólares no meu 360, tudo em produtos oficiais e legalizados, absolutamente NADA de contrabando. Provavelmente iria continuar gastando essa quantia até o final dessa geração, o que mostra que não é uma atitude financeiramente inteligente da Microsoft impedir que eu conserte meu videogame. Ah, e além de tudo isso, eu tenho o poder de contar esses problemas para centenas de milhares de brasileiros que acessam o DELFOS mensalmente e que fazem parte EXATAMENTE do nicho que a Microsoft atinge com seus videogames. Desnecessário dizer que muito lerão esse texto e vão acabar indo para a concorrência para evitar sofrer esse tipo de problema. Sinceramente espero que a Microsoft reveja sua atitude e faça a coisa certa com os consumidores brasileiros. Falando por mim, eu nem estou bravo com isso, mas me sinto extremamente desrespeitado, sobretudo depois de falar tanto aqui no DELFOS sobre o console, indicando-o como o melhor da geração atual e pregando contra a pirataria.

Atualizada 2 – 4/12/2007 – 13:50: Acabo de enviar um e-mail para a assessoria de imprensa do Xbox 360 para ver se consigo algo. Eles têm tradição de não responder nossos e-mails (os do Judão também não), provavelmente por achar que quem joga videogame é espectador assíduo do Jornal Nacional, não de sites como o DELFOS. Se tiver uma resposta, colocá-la-ei neste espaço.

Atualizada 3 – 4/12/2007 – 14:50: Recebi uma resposta da assessoria dizendo que vão encaminhar a questão à Microsoft.

Atualizada 4 – 6/12/2007 – 10:15: Recebi um novo e-mail da assessoria questionando o que falo acima sobre a “tradição em não responder nossos e-mails”, dizendo que responderam prontamente quando receberam o anterior. Ok, isso é verdade. Você pode ver pelos horários das últimas atualizadas que menos de uma hora se passou entre o primeiro e-mail e a primeira resposta. A tradição a que me refiro acima são os vários e-mails que mandei para eles entre os lançamentos no Brasil dos jogos Forza e Halo 3. Como nenhum foi respondido nesse período (apenas o primeiro, que respondi de volta e que então não foi respondido), desisti de contatá-los até agora. A pessoa que me respondeu disse que eu posso sempre entrar em contato com ele a partir de agora, então faço votos que nossa relação com a assessoria de imprensa do Xbox 360 seja tão frutífera de agora em diante como a que temos com as outras assessorias. E, é claro, que esse problema do videogame seja resolvido.

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