E cá estamos, com Armored Core VI Fires of Rubicon. Este é o primeiro jogo grande e não soulslike da From Software desde Armored Core Verdict Day de 2013. Depois disso, eles só saíram do extremamente bem sucedido gênero que criaram para fazer um Monster Hunter de 3DS e o Déraciné de PS VR.

Neste tempo, a From Software se consolidou como uma das melhores e mais influentes desenvolvedoras de games, com todos seus jogos sendo muito esperados e cada vez mais bem sucedidosArmored Core VI foi desenvolvido desde o início por uma empresa mais experiente, mais bem sucedida. E finalmente eles sairiam da zona de conforto que começaram a cavar com Demon’s Souls, de 2009. Depois do enorme sucesso de Elden Ring, é fato que Armored Core VI venderia bem. Mas será que a empresa seria bem sucedida ao criar algo de um gênero diferente, mesmo que ainda uma continuação de uma série sua? Vamos descobrir.

ARMORED CORE VI

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Armored Core é um jogo de ação focado em batalhas de mechs. E ele não poderia ser mais diferente de um soulslike. Dividido em fases, Armored Core VI tem mapas relativamente abertos, mas cujos objetivos são marcados na tela. Em geral, você só precisa voar até lá e matar tudo mundo. Em alguns casos, pode ser pegar uma coisinha ou algo assim. Não há muito motivo para exploração. O foco é totalmente na ação, e esta é promissora. Afinal, são mechs, meu.

E de fato o combate é bem legal. Você tem uma liberdade enorme para customizar o seu mech, desde que possa pagar. Cada um dos botões do ombro do controle pode ativar uma arma e você pode colocar equipamentos de vários tipos em cada ataque. Porém, não dá para colocar uma arma planejada para ir no R2 no L1, por exemplo. Cada uma só pode morar no seu quadrado.

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Também dá para customizar o mech em si, com peças que afetam a jogabilidade. As quatro patas, por exemplo, permitem planar por bastante tempo, enquanto as esteiras de tanque deixam mais lento e mais resistente. Tudo que você colocar no seu robô interfere no peso e na energia, e estes também afetam como tudo vai funcionar junto. Então, embora não seja um RPG no sentido de ter uma pá de equipamentos com estatísticas, a profundidade com que você pode tunar sua máquina de matar certamente merece a alcunha. Uma coisa bacana é que você pode vender as peças usadas pelo valor cheio, o que permite reconfigurar totalmente seu mech sempre que desejar – só gostaria que os menus fossem menos trabalhosos para fazer isso.

AÇÃO GOSTOSA, MAS REPETITIVA

Eu gostei de me locomover e dar tirinhos com meu mech. Porém, o fato de cada missão ser um mapa com objetivos pipocados, e não fases propriamente ditas, torna o jogo muito mais cansativo do que um tradicional TPS linear. Lembra muito outro jogo da FromMetal Wolf Chaos.

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A missão do Strider foi sensacional, mas foi a única que me empolgou até onde joguei.

A ação pela ação, neste estilo meio arcade, não me apetece muito. Os soulslikes têm alguns dos melhores level designs da história, mas isso não foi passado para cá. As fases são totalmente cinzas e sem nada interessante para olhar. Em todo o tempo que passei jogando, o único traço de cores do meu jogo era o meu mech, e isso porque resolvi pintá-lo de roxo, verde e vermelho, justamente para dar uma corzinha ao jogo mais cinza que já joguei.

A história também não foi capaz de me atingir, especialmente porque ela é inteira contada através de áudio. Sempre depois de uma missão, uma galera fica falando com você. Você nem vê imagens estáticas dessa galera. É apenas o nome, o áudio e a imagem estática da garagem. Assim fica difícil prestar atenção.

APRENDENDO COM OS ERROS DO PASSADO

E veja só, eu até me surpreendi quando constatei que Armored Core VI permite pausar o jogo. Não em cutscenes, porque aí seria pedir demais, mas pelo menos em gameplay. Quando uma pessoa é babaca apenas para ser babaca, como o caso da From e sua cruzada contra as pessoas fazerem xixi enquanto jogam seus jogos, é muito difícil ela voltar atrás. Ela acaba batendo o pé e dizendo que vai fazer o que sempre fez e quem não quiser que não compre. Mas a From amadureceu. Não muito. Mas pelo menos o suficiente para não exigir que seus jogos sejam a atividade mais importante que o jogador faça naquele momento.

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Infelizmente, a From ainda tem muito o que aprender. Eu até tentei cobrir o Armored Core VI no PC, para poder usar mods feitos pela comunidade. Mas acabou que joguei no PS5, então fiquei preso a jogar do modo ideal exigido pela From. E este modo simplesmente me exclui.

COMO DESISTI DE ARMORED CORE VI

Eu demorei para chegar a Armored Core VI. Só tive acesso ao jogo depois do lançamento, então tive que entregar os reviews embargados antes de poder jogar. Neste tempo, acompanhei notícias sobre o jogo. Sabia que o chefe Balteus era um grande skill check, que chegou a ser até nerfado em um dos patches. Pois meu amigo, meu camarada, meu parceiro de longa data, minha habilidade não passou dessa checagem, nem depois do nerf.

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Balteus e seu maldito escudo ilimitado.

Eu até me surpreendi com a facilidade que estava passando das primeiras missões. Jogo da From é aquela coisa. Você sai do tutorial e já encontra um chefe praticamente invencível. Mas aqui não. Joguei por algumas horas com certa tranquilidade. Eu não sabia quando o Balteus viria, e fui construindo meu mech do jeito que achava melhor. Daí ele veio, e limpou o chão com meu bumbum.

O jogo permite reconfigurar seu mech e restaurar o checkpoint ao morrer, mas para isso você precisa ter as peças. Chequei o melhor loadout para o Balteus e não tinha nada do necessário. Precisei sair da fase e vender tudo que tinha comprado até então para ficar “Balteus-ready“.

BALTEUS-READY: PODE VIR QUENTE QUE EU TO “MECHENDO”

loadout em questão dava as resistências certas e os danos certos para maximizar minhas chances. Achei que venceria com alguma facilidade. Mas não. Depois de jogar a fase inteira de novo para chegar a ele, continuei apanhando. Isso porque o Balteus tem uma tática de gamedesign que eu odeio muito: para você tirar a vida dele, precisa primeiro destruir o escudo. E o escudo só fica desativado por alguns segundos até se ativar de novo.

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Este foi o resultado.

Demorava uns dois ou três minutos para eu conseguir quebrar o escudo, e daí tinha uns 20 a 30 segundos para atacá-lo antes de ter que repetir tudo. Mas ele é um bicho despirocado, que se movimenta de forma rápida e errática, inclusive quebrando facilmente o target lock. Assim, eu nunca conseguia machucá-lo de forma apropriada quando quebrava o escudo. No máximo, tirava metade da sua vida e morria em seguida. Simplesmente não tenho os reflexos que a From exige para ver o restante do seu jogo. E como a From é adepta da filosofia “git gud or git out“, eu precisei sair.

SEM EMPOLGAÇÃO

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Em alguns casos, como no Elden Ring, eu ainda gostava suficientemente do jogo para aguentar esta babaquice e jogar tempo da minha vida fora fazendo grinding ou algo assim. Aqui grinding não existe. No máximo você pode refazer o loadout. Tem uma espécie de skill point, mas estes são dados fazendo sidemissions que ficam disponíveis conforme você avança na história – e eu já tinha todos os possíveis para este ponto do jogo.

Mas a verdade é que Armored Core 6 não me empolgou. Ele me lembra muito os jogos ruins de PS2, que eram simplesmente seguir waypoints em mapas grandes e pouco interessantes. Isso não me agrada nem um pouco. Provavelmente com um modo fácil ou com a possibilidade de usar cheats, me forçaria a ir até o fim para criar uma análise completa. Mas sinceramente acho muito difícil que algo nele me convencesse a dar mais de 2,5 Alfredos de nota.

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Claro, este texto não tem nota, pois não é um review. Até passei várias horas com Armored Core, mas certamente tem muito nele que eu não vi. Ao mesmo tempo, creio que vi o suficiente para ter impressões bem definidas. E para dizer, sem sombra de dúvida, que Armored Core VI não é um jogo que eu faria questão de jogar até o fim, nem se tivesse a habilidade exigida para tal. Jogar Armored Core VI me fez pensar que a From Software atingiu ouro com seus soulslikes. São games que ela consegue fazer muito bem, mesmo sendo uma desenvolvedora medíocre quando tenta fazer diferente. É a definição de one trick pony. E quando sai do seu truque, simplesmente não dá liga.